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“Alaska is back”: fundo da gestora lidera ganhos do 1º tri; veja as carteiras de ações que mais renderam

Aposta em ações de commodities e de setores defensivos, como do setor financeiro, garantiu bom desempenho

Foto: Shutterstock

Depois de amargarem dois anos de perda e registrarem a maior queda da história em 2020, da ordem de 45%, durante a pandemia, os fundos de ações Alaska Black FIC FIA II Bdr Nível I e Alaska Black FIC FIA Bdr Nível I, da gestora Alaska, mostraram uma recuperação no primeiro trimestre. Mais do que isso, as carteiras voltaram ao topo do ranking dos portfólios de ações, registrando ganhos de 35% cada.

Levantamento realizado pelo TradeMap coloca os fundos da gestora, que tem entre os sócios Henrique Bredda e Luiz Alves Paes de Barros, um dos maiores investidores da Bolsa brasileira, no primeiro lugar entre os rendimentos do trimestre. Os dados consideram fundos de ações com mais de 50 cotistas, patrimônio superior a R$ 100 milhões e com a exclusão de carteiras mono ações (com apenas um papel em carteira).

A concentração em papéis de empresas de commodities e de setores defensivos, como o financeiro, permitiu aos fundos que tiveram a melhor performance no período superar o Ibovespa, que subiu 14,5% de janeiro a março.

Com a aproximação do fim do ciclo de alta de juros, gestores já começam a olhar oportunidades para aumentar as posições em papéis de empresas voltadas para o mercado doméstico, mas inflação e desemprego altos exigem seletividade.

Veja a seguir quais fundos tiveram a melhor performance no trimestre e seu desempenho num período maior, de 12 meses, e confira a visão dos gestores para as alocações em Bolsa ao longo deste ano.

Fundo Gestora Retorno no 1T22 Retorno em 12 meses
 Alaska Black FIC FIA II Bdr Nível I Alaska Asset Management 35,43% 24,06%
 BB Ações Setor Financeiro FIC FI BBDTVM 23,46% -1,19%
Forpus Ações FIC FIA Forpus Capital 19,81% -4,03%
 Sicredi Schroders Ibovespa FIA Schroders 19,28% 3,29%
 Claritas Valor Feeder FIC FIA Claritas 16,93% 8,32%

Mais commodities e menos Magalu

A alta dos preços de commodities, que foi intensificada pela guerra na Ucrânia, e a maior demanda dos investidores por papéis de empresas de valor (mais maduras e pagadoras de dividendos) levaram os gestores a aumentar a posição nesse ativos, o que garantiu uma boa performance de seus fundos no primeiro trimestre.

Os fundos de ações da Alaska, por exemplo, começaram a aumentar a posição em commodities desde o fim de 2020 e a reduzir em papéis de mercado doméstico.

A gestora tinha grande posição em ações da Magalu (MGLU3), que chegaram a representar 15% da carteira em janeiro de 2020. Com a redução, contudo, a posição correspondia a apenas 0,375% da carteira do fundo Alaska Black FIC FIA II em dezembro, último dado disponível na CVM (Comissão de Valores Mobiliários).

Entre as maiores posições do fundo no fim de 2021 (CVM), estavam Log-In (LOGN3), Suzano (SUZB3), Cogna (COGN3), Vale (VALE3), Braskem (BRKM5), Gerdau (GGBR4), Petro (PETR4) e Klabin (KLBL11).

“Nossas posições em commodities continuam na carteira e enxergamos nelas uma ótima margem de segurança para nossas previsões de geração de caixa no longo prazo”, disse a Alaska à Agência TradeMap, por e-mail.

A gestora faz uma análise mais papel a papel e busca empresas com geração de caixa elevada, múltiplos historicamente descontados e posições competitivas vantajosas. A posição vendida (com aposta na queda) em dólar contra o real também contribui para o bom desempenho dos fundos em 2022.

Após sofrer com a volatilidade nos mercados em 2020, os fundos da Alaska atualizaram os parâmetros de risco e reduziram o tamanho máximo possível de exposição bruta em relação ao nível de antes de 2020, afirma a gestora.

Commodities x recessão nos EUA

Com uma visão de que as empresas de commodities oferecem melhor proteção em um cenário de juros e inflação altos, a gestora Forpus Capital aumentou a posição em ações desse segmento desde o segundo semestre de 2021.

Entre as maiores posições da carteira estão empresas de commodities metálicas como Vale, CBA (CBAV3) e Aura (AURA33); agrícolas como SLC (SLCE3), Kepler (KEPL3, que constrói silos) e Vittia Fertilizantes (VITT3); e de petróleo como Petrobras, PetroRio (PRIO3) e 3R Petroleum (RRRP3). A cesta de commodities representa hoje de 40% a 45% da carteira hoje, diz Rafael Cintra, analista de ações da gestora.

Cintra espera que os preços das commodities ainda continuem elevados no curto e médio prazos, o que torna a posição ainda interessante. “O risco para as commodities é uma eventual recessão econômica se o Fed [Federal Reserve, o banco central americano] aumentar a taxa de juros para 3%”, afirma.

O analista acredita, contudo, que o Fed não deve adotar uma postura muito mais hawkish (mais dura no aperto monetário), diante do impacto no mercado de ações dos EUA, o que afetaria diretamente a poupança dos americanos.

A carteira da Forpus tem posições vendidas nos índices de bolsas americanas Nasdaq e S&P 500 como proteção contra o cenário de alta de juros e também teve ganhos de 3,56% com opções de venda de dólar no primeiro trimestre.

A Forpus tem uma abordagem top-down na seleção de ações, em que busca analisar o cenário macro para identificar oportunidades nos setores que acredita que devem ir melhor. O fundo pode ter uma posição comprada em bolsa de até 130% do patrimônio, via operações que permitem alavancar as posições, e vendida em ações até 30% da carteira.

Com a visão de que o aperto monetário nos EUA seria maior que o refletido no mercado, a Claritas, cujo fundo também figura no levantamento, reduziu a posição em papéis mais sensíveis à alta de juros e focou em ações de commodities, como São Martinho (SMTO3), e do setor financeiro, como BTG Pactual (BPAC11) e SulAmérica (SULA11).

A gestora tem monitorado o cenário na China, com o aumento de casos de Covid-19 levantando a preocupação sobre o impacto no crescimento da economia do país e no aumento dos gargalos nas cadeias de produção.

“O cenário para commodities permanece muito forte, o governo chinês continua estimulando a economia e do lado das empresas não vemos investimentos em grandes projetos de mineração, petróleo e nem em novas plantas de açúcar e álcool, como no caso da São Martinho”, diz Eduardo Morais, gestor de portfólios da Claritas.

Esse cenário deve fazer com que os investidores estrangeiros continuem investindo na Bolsa brasileira, que tem grande concentração de empresas de commodities no índice, assinala Morais.

Bolsa brasileira continua atrativa

A gestora global Schroders, que tinha US$ 991 bilhões sob gestão em dezembro, continua com posição overweight (acima da média do mercado) para Brasil, vendo a Bolsa negociando com múltiplo P/L (preço/lucro projetado) ainda baixo, de 7 a 8 vezes, abaixo da média histórica de 11,5 a 12,5 vezes e da média dos mercados emergentes, diz João Noronha, analista de renda variável da Schroders Brasil.

A gestora está com posição overweight nos setores de telecom, shopping, tecnologia (concentrada em Totvs) e mineração. Recentemente, a gestora reduziu a posição em commodities e aumentou em telecom buscando uma composição de carteira mais defensiva diante do cenário de maior pressão inflacionária no mercado doméstico.

“Temos buscado aumentar a posição em setores mais defensivos como empresas de energia elétrica, concessões rodoviárias e shopping centers, que conseguem repassar os aumentos em inflação”, diz Noronha.

O Sicredi Schroders Ibovespa tem o índice como referência o Ibovespa, mas como uma gestão ativa. “Nossa carteira é mais concentrada que a do Ibovespa e investimos hoje em cerca de 20 a 25 papéis do índice”, afirma Noronha.

Já o fundo BB Ações Setor Financeiro FIC FI, gerido pela BB DTVM, é uma carteira que segue o Índice Financeiro (IFNC) da B3, que tem concentração em grandes bancos.

“No primeiro trimestre, a performance da Bolsa foi beneficiada pelo fluxo de investidores estrangeiros, que têm preferência pelas empresas de valor mais líquidas, que estão com preços descontados, o que acabou beneficiando os papéis dos bancos, que têm grande participação no Ibovespa também”, diz Verana Regattieri, head de gestão de fundos de ações da BB DTVM.

A gestora afirma que, apesar da perspectiva de aumento da inadimplência, os bancos brasileiros são extremamente resilientes, pagam dividendos expressivos, e têm buscado um mix de portfólio composto por produtos mais rentáveis. Além disso, mesmo com o fim do ciclo de alta de juros esperado no primeiro semestre, a Selic deve continuar em patamar elevado.

Foco em papéis defensivos no mercado doméstico

Em um cenário de juros altos, a Claritas tem evitado papéis com múltiplos altos. “Gostamos de empresas como o Grupo Simpar (SIMH3) e Vamos (VAMO3), que têm múltiplos baixos, alto crescimento e vantagens competitivas”, diz Morais.

Com a perspectiva de queda da taxa básica à frente, a gestora já mira uma mudança de portfólio, com aumento do peso dos papéis de empresas voltadas para o mercado doméstico. “A taxa básica de juros deve começar a cair em algum momento de 2023, e devemos ter uma rotação de carteira, mas precisamos estar mais confiantes de que a inflação vai estar sob controle”, explica Morais.

Com a renda familiar mais baixa das famílias e o desemprego alto, a Claritas vê mais oportunidade em empresas voltadas para o consumo básico no mercado doméstico, como a atacadista Assaí (ASAI3).

Empresas que têm buscado se posicionar em um público com uma faixa de renda mais alta, como a JHSF (JHSF3), ou que estão com preços muito descontados, como da construtora Cury (CURY3), são vistos como atrativos pela gestora.

“A Cury está negociando a um múltiplo descontado P/L de 5 vezes, e conseguiu manter as margens e reposicionar o produto, que tinha foco em baixa renda, para uma faixa um pouco acima”, diz Morais.

No mercado doméstico, a Forpus tem focado mais em empresas com perfil defensivo como de serviços públicos, que são fortes geradoras de caixa.

Cintra ainda vê oportunidades em companhias de consumo básico como Assaí, Carrefour (CRFB3) e Hypera (HYPE3), de medicamentos.

Ao contrário de anos anteriores, o gestor da Claritas não vê a eleição neste ano como um catalisador importante para o mercado. “O Brasil é governado pelo Congresso que é de centro. Nenhuma aventura para a extrema direita ou extrema esquerda vai funcionar, e o controle fiscal tende a prevalecer”, diz Morais.

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