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Petrobras (PETR4): acionistas devem encerrar hoje novela sobre comando da empresa

Mercado espera que acionistas aprovem indicações do governo e que Petrobras mantenha política de preços

Foto: André Motta de Souza / Agência Petrobras

Os acionistas da Petrobras (PETR4) decidirão hoje, a partir das 15h (de Brasília), quem serão os novos responsáveis pelo comando da companhia.

O foco dos investidores estará em dois nomes, especificamente: José Mauro Coelho e Márcio Weber. Indicados pelo governo federal, maior acionista da estatal, eles concorrem, respectivamente, aos cargos de executivo-chefe e de presidente do conselho de administração da Petrobras.

Os dois também passaram a concorrer aos postos depois de duas pessoas indicadas anteriormente pelo governo terem declinado da indicação.

A primeira opção do governo federal para a posição de presidente do conselho era Rodolfo Landim, que abriu mão de disputar o cargo para se dedicar à administração do clube de futebol Flamengo.

Para o cargo de executivo-chefe, o governo queria Adriano Pires, que também desistiu de concorrer alegando falta de tempo para resolver problemas de conflitos de interesse relacionados aos serviços prestados por sua consultoria no setor de petróleo e gás.

As mudanças aconteceram a poucos dias da assembleia geral de acionistas e atrapalharam o processo de troca no comando da Petrobras. Foi só ontem à noite, por exemplo, que o comitê de pessoas da companhia apresentou parecer favorável à indicação de José Mauro Coelho para o conselho de administração.

Coelho tem mais de 25 anos de experiência na indústria de petróleo e gás natural, tendo passagens por EPE (Empresa de Pesquisa Energética), secretaria de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do MME, e a PPSA, onde atualmente é presidente do conselho. A PPSA é a companhia responsável pela comercialização da fatia do governo nos contatos do pré-sal.

Weber, por sua vez, já faz parte do conselho da Petrobras e trabalhou na companhia por mais de 15 anos.

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Por que o governo quer trocar o comando da Petrobras

A troca no comando da estatal neste ano, assim como em 2021, foi motivada pelo descontentamento do governo federal com a política de preços da Petrobras para os combustíveis.

Desde 2016, a companhia vende estes produtos no Brasil com valores iguais ou superiores aos praticados no mercado internacional. O argumento usado pela Petrobras é que isso ajuda a manter o mercado doméstico abastecido, visto que importadores também podem vender combustíveis por aqui.

O problema é que, com a desvalorização do real nos últimos anos e o aumento dos preços do petróleo, os combustíveis ficaram cada vez mais caros, contribuindo para fortalecer a inflação.

O presidente Jair Bolsonaro demonstrou em várias ocasiões descontentamento com os reajustes nos preços dos combustíveis e, no ano passado, substituiu o então presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, por Joaquim Silva e Luna, que ainda comanda a empresa, na tentativa de evitar mais aumentos.

Com Luna no comando, a Petrobras continuou elevando os preços usando a política de paridade com o exterior, mas aumentou o tempo entre os reajustes.

No fim de fevereiro, porém, com a invasão da Rússia na Ucrânia, os preços do petróleo dispararam. O receio era que os russos – grandes exportadores da commodity – seriam impedidos de vender ao exterior.

A Petrobras reagiu aumentando os preços no início de março e, algumas semanas depois, o Planalto anunciou que pretendia trocar novamente o presidente da companhia.

O que o mercado espera da nova administração

A maior dúvida dos investidores é se a Petrobras vai manter a política de preços de combustíveis. Somada à valorização do petróleo no mercado internacional, esta política tem contribuído para a estatal apresentar fortes resultados financeiros nos últimos anos.

A expectativa de especialistas é a de que, mesmo com a troca de comando, a companhia mantenha a política de preços atual. O BTG Pactual acredita que, dado o histórico de Coelho e o fato de Weber ser integrante do atual conselho da estatal, os nomes devem ser aprovados sem muita resistência na assembleia de acionistas.

Para o UBS, as indicações reiteram a governança e a independência da Petrobras. Em relatório, o banco destacou ainda que o fato de Weber já ser um membro do conselho significa que ele deve dar continuidade à estratégia que vem sendo adotada na petrolífera. Na presidência, Coelho também não deve trazer interferências na estratégia, considerando seu perfil mais técnico e sua experiência na PPSA.

“Acreditamos que os nomes serão positivamente recepcionados pelo mercado, que não deve ver nas indicações alguma sinalização de ruptura com os principais fundamentos mantidos atualmente pela empresa”, disseram os analistas da Ativa Investimentos, em comentários ao mercado.

Em relação a Coelho, o BTG destaca seu perfil técnico, diferente dos comandantes anteriores – Roberto Castello Branco construiu sua carreira no setor privado e Joaquim Silva e Luna é militar. Para o banco, sua experiência no setor público, pode melhorar a comunicação da Petrobras, principalmente no que diz respeito à política de preços de combustíveis.

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