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Guerra na Ucrânia e receio com inflação assombram Ibovespa, que cai mais de 1%

Empresas de tecnologia e companhias aéreas lideram as quedas do dia por aumento no preço do petróleo e risco de inflação, causadas pela guerra na Ucrânia

Foto: Pixabay

O avanço do exército russo em uma usina nuclear ucraniana na madrugada desta sexta-feira (4) causou uma onda de aversão ao risco nos investidores em todo mundo e pesou tanto sobre as bolsas internacionais quanto sobre o Ibovespa, que opera em queda.

Às 13h230 desta sexta-feira (4), o principal índice da B3 caía 1,40%, aos 113.552 pontos, observando quase todos seus papéis recuarem. Para o sócio da HCI Invest, João Paulo Fonseca, a guerra no Leste Europeu cria uma “aversão ao risco”, nos investidores, que começam a diminuir investimentos em ações de renda variável. Além disso, a crise na Ucrânia pode ajudar a piorar um problema já monitorado pelo mundo: a inflação.

A alta contínua nos preços pode levar bancos centrais a aumentarem mais cedo ou mais rapidamente as taxas de juros. No Brasil, este movimento começou no ano passado, mas nos Estados Unidos e na zona do euro ainda está para ocorrer.

Com o aumento nos juros, os investidores tendem a passar longe de ativos “tomadores de recursos” e expostos aos malefícios da inflação. Fonseca acredita que as maiores quedas do dia são explicadas por essa cautela. Quem liderava as baixas do dia era o setor de aviação, com GOL (GOLL4), caindo 6,34% e Azul (AZUL4) apontando em 6,13% para baixo.

O sócio da HCI Invest explica que essas companhias sofrem pois o custo das viagens acaba sendo impactado pela inflação alta e o aumento do preço do petróleo, causados pelo conflito na Ucrânia.

A commodity chegou a bater os US$ 119  na madrugada de quinta-feira (3), e hoje é negociada a US$ 111 por barril. Mesmo com a desaceleração, o preço está em níveis altos, observados pela última vez em 2014.

“O mercado já está precificando a possibilidade de que o Banco Central intensifique o aumento dos juros nos próximos meses. Com isso, entre as maiores quedas do dia podemos observar, além do setor de aviação, empresas de tecnologia, que também são prejudicadas pela alta da inflação”, afirma Fonseca.

Na sequência das quedas podemos ver o Banco Inter (BIDI11), caindo 5,71%, seguido de perto por Locaweb (LWSA3), recuando 4,95%. Ambas as companhias se enquadram na categoria de “tomadoras de recurso” por trabalharem com tecnologia e ainda precisarem amadurecer as operações, o que exige maior volume de investimentos.

Com isso, a alta dos juros prejudica seu crescimento, fazendo com que investidores optem por ações mais consolidadas.

As poucas altas do dia

Quem lidera as poucas altas do dia é Taesa (TAEE11), companhia de transmissão de energia elétrica, subindo 5,08%. Outros destaques positivos são Suzano (SUZB3), crescendo 3,03% e Klabin (KBLN11), que subia 1,34%.

Para João Paulo Fonseca, a maior alta do dia pode ser explicada pelo fato do setor elétrico ser tido como “defensivo” em momentos de cautela na bolsa. Além disso, historicamente é um ramo que paga bons proventos aos investidores.

Já no caso de Suzano e Klabin, Fonseca enxerga que o setor de papel e celulose se beneficia da alta do dólar no dia, que sobe 0,90% no comparativo diário e é negociado em R$ 5,12 por dólar. 

Bolsas internacionais

O movimento de aversão ao risco dos investidores não é exclusividade do Ibovespa. Com o avanço da invasão russa na Ucrânia, as principais bolsas de Wall Street e da Europa também operam em queda.

A usina invadida pelos russos nesta madrugada é a maior da Europa e, apesar do incêndio não ter afetado algum reator, o ataque aumentou as expectativas de novas sanções do ocidente sobre a economia da Rússia.

Na Europa, o movimento das bolsas é de queda acentuada. O índice Euro Stoxx 50, que reúne empresas de toda a zona do euro, caía 3,25%. Enquanto isso, o DAX da Alemanha recuava 4,09% e o FTSE 100 de Londres caía 2,96%.

Nos Estados Unidos, a queda é de menor intensidade do que no Velho Continente. Dow Jones caía 1,34%, enquanto o S&P recuava 1,59%. A maior baixa por lá fica por conta do Nasdaq Composto, que apontava em 2,10% para baixo.

Ainda no continente americano, os investidores acompanharam a divulgação de dados do mercado de trabalho americano, o payroll. Os EUA criaram 678 mil empregos fevereiro, segundo informou o Departamento de Trabalho do país mais cedo.

O resultado veio acima da expectativa do mercado, que tinha uma previsão de criação de 400 mil empregos no período. Em janeiro, haviam sido adicionadas 481 mil novas vagas de trabalho.

Esse é o dado mais acompanhado pelo Fed (Federal Reserve, o banco central americano) para definição da política monetária – o novo ciclo de aumento de juros começa na próxima reunião do Fomc (comitê de política monetária do Fed), nos dias 15 e 16 de março.

Além de controlar a inflação, o Fed também deve perseguir o objetivo do pleno emprego.

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