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JHSF (JHSF3) vai contornar alta de juros com velocidade de vendas menor – veja entrevista

Empresa surfa o bom momento vivido pelo público de alta renda, com a manutenção do poder de compra dos clientes

Foto: JHSF RI

Com a temporada de balanços chegando ao fim, o mercado passa a avaliar os bons e maus resultados das empresas listadas na Bolsa brasileira. A JHSF (JHSF3), certamente, integrará as listas dos destaques positivos do período.

O ano passado foi o melhor da história da companhia, deixando 2019, período imediatamente anterior à pandemia, para trás. Em 2021, o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado da JHSF disparou 77% ante 2020 e de 559,5% em comparação com o ano anterior. 

A empresa conseguiu surfar o bom momento vivido pelo público de alta renda, com a manutenção do poder de compra e fronteiras ainda restritas entre países, dificultando viagens ao exterior.

Os números de todas as frentes de negócio, como shopping centers, hotelaria e gastronomia, melhoraram. 

Segundo a diretora de Relações com Investidores da JHSF, Mara Boaventura Dias, o avanço da vacinação contra a Covid-19 e o afrouxamento das restrições relacionadas à pandemia ajudaram a aumentar o fluxo de pessoas nos negócios tocados pela companhia. “A gente atingiu vários resultados recordes em 2021″, acrescentou.

Ao mesmo tempo, a JHSF conseguiu manter o endividamento sob controle em meio à escalada da taxa de juros no Brasil, o que amenizou a demanda por ativos imobiliários e a economia como um todo.

Juros mais altos podem reduzir velocidade de vendas

Apesar da resiliência demonstrada pela empresa em meio ao cenário econômico atual, o CEO da JHSF, Thiago Alonso, ressaltou que a empresa também deve ser afetada pelo aumento da taxa básica de juros, a Selic, que num período de um ano subiu 9 pontos porcentuais, para 11,75%.

Ele ressaltou que a companhia possui a vantagem de trabalhar com o público de alta renda, que tem poder de compra suficientemente elevado para continuar consumindo quando a economia cresce pouco ou quando os financiamentos ficam mais caros, mas que ainda assim pode haver impactos sobre os resultados.

“Vai gerar talvez diminuição na velocidade de alguma parcela de venda de um ou outro produto, porque no final das contas este é o efeito desejado deste remédio aplicado à economia, que é o aumento da taxa de juros”, disse Alonso.

Este efeito, porém, não deve ter grande impacto sobre os resultados da JHSF, segundo dias. “A gente não tem pressão de lançar, pode segurar o lançamento para preservar o valor do projeto.

“Com isso a gente pode, em momentos de velocidade de venda menor, ou de demanda menos aquecida, preservar o valor do estoque, do nosso banco de terrenos e não lançar, ou não vender muito rápido, não dar desconto”, acrescentou.

Produtos mudaram durante a pandemia

Nos últimos dois anos a JHSF fez ajustes no portfólio para se adaptar ao chamado “novo normal” nas relações de trabalho e no deslocamento das pessoas durante os últimos dois anos, quando o funcionamento da economia ficou contingente aos casos de Covid-19.

Alonso disse que a possibilidade do trabalho remoto fez com que parte do público procurasse opções de viver fora das grande metrópoles em busca de maior qualidade de vida.

Seguindo essa tendência a companhia comprou por exemplo um terreno em Bragança Paulista para desenvolver um residencial de alto padrão.

O projeto está alinhado com o que vem sendo feito no complexo Boa Vista, em Porto Feliz, também interior de São Paulo, disse Alonso.

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“Ao longo destes dois anos, a gente viu que essa proposta de valor que a gente se dispõe a fazer já há vários anos foi encontrando uma série de respostas positivas”, e isso levou a JHSF a buscar oportunidades dentro desta linha de aumento da qualidade de vida – entre elas, por exemplo, um aplicativo de entrega de comida para o público de alta renda que estava migrando para o interior do estado de São Paulo, afirmou o executivo.

Investimentos e novos negócios

A JHSF também segue um processo de internacionalização da marca. “Olhar para o exterior faz parte da nossa rotina do dia a dia”, disse Alonso. A entrada da empresa nesta frente é vista como um negócio que se soma aos já existentes no Brasil.

A ida para Nova York é parte central desse projeto, já que o público apresenta um nível maior de exigência, principalmente no ramo da gastronomia.

Ele aponta que a empresa nesse momento visa ter um equilíbrio entre o crescimento dos negócios, um bom nível de crédito e dinheiro para remunerar os acionistas. “Toda a construção mais recente da estrutura de capital da empresa foi feita pensando em atender esses planos”.

Os Shoppings Catarina e Cidade Jardim, operados pela JHSF, estão em processo de expansão, o que exemplifica os investimentos que a empresa busca fazer – e que só são possíveis, segundo o executivo, por causa dos recursos em caixa para o pagamento das dívidas de curto prazo e dos bons credores.

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