Repasse de custos mostra ganho de fôlego por empresas brasileiras – o que marcou a semana

Balanços do terceiro trimestre dão exemplos de estratégia adotada em busca da recuperação de rentabilidade

Foto: Shutterstock/RHJPhtotos

O desempenho das companhias neste ano tem dado indicações a respeito do quanto o país caminha de fato para um avanço maior na economia, depois do período crítico da pandemia de Covid-19, entre 2020 e 2021. A retomada de margens vista por representantes de alguns setores sinaliza que o mais difícil pode ter ficado para trás.

A temporada de balanços do terceiro trimestre, iniciada no dia 15 de outubro e que ganhou tração nesta semana, traz exemplos de estratégia adotada em busca da recuperação de rentabilidade. A companhia aérea Gol obteve lucro operacional no período após a receita líquida dobrar na comparação anual.

Ainda que tenha duplicado o faturamento, a alta de custos e o avanço da despesa financeira impediram a empresa de alcançar o lucro, voltando a registrar prejuízo líquido, de R$ 1,54 bilhão. A perda, porém, foi 38% menor que a observada entre julho e setembro de 2021.

Se o custos afetaram bastante a Gol, a produtora de celulose Klabin conseguiu superá-los, com a alta da receita, e chegar ao melhor resultado operacional trimestral da história da companhia. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação) atingiu R$ 2,31 bilhões, 20% acima do registrado em igual período anterior.

Para companhias exportadoras, a manutenção do nível elevado do dólar continua a impulsionar os resultados. No caso da Klabin, a restrição da oferta de commodities, o repasse de preços e, no Brasil, a demanda maior por papel ondulado – usado em embalagens e indicador de melhora econômica – favoreceram o desempenho no período.

O aumento de custos também foi registrado pela Ambev, e a empresa conseguiu repassá-los, embora tenha visto o lucro líquido cair 13,4%, para R$ 3,21 bilhões.

A WEG, atuante no segmento de bens de capital, também fez o seu papel ao obter uma alta de 20% no lucro líquido em relação ao terceiro trimestre do ano passado. A margem Ebitda da companhia foi de 19,8%, alta de 1,3 ponto percentual na comparação anual e 18,2% acima da expectativa do Itaú BBA, por exemplo.

E outra capaz de avançar na margem foi a Suzano, concorrente da Klabin. A companhia repassou preço da celulose em um contexto de demanda sólida e sem aumento da oferta. Com isso, reverteu prejuízo e registrou lucro líquido de R$ 5,448 bilhões, ratificando o ganho de fôlego operacional de alguns setores econômicos nos últimos meses.

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Investimento milionário

A BRF (BRFS3) anunciou na segunda-feira (24) a criação de uma joint venture para o desenvolvimento da indústria Halal na Arábia Saudita. A parceira será Halal Products Development Company (HPDC), subsidiária do fundo soberano da Arábia Saudita. O investimento total será de US$ 500 milhões (R$ 2,62 bilhões).

Justiça determina pagamento de R$ 558 milhões por Eletrobras

A Justiça determinou que a Eletrobras (ELET3) pague R$ 558 milhões a Energia Potiguar Geradora Eólica e outras empresas do segmento no Rio Grande do Norte contra a Chesf (Companhia Hidro Elétrica do São Francisco), subsidiária da companhia. O processo se refere à cobrança de prejuízos relacionados a um atraso na conclusão das obras de uma linha de transmissão localizada em João Câmaran (RN), chamada 230 kV Extremoz II.

Prio bate martelo na compra da Dommo

A incorporação da Dommo (DMMO3) pela Prio (PRIO3), ex-PetroRio, foi aprovada pelos acionistas das duas companhias em assembleias ocorridas na segunda-feira (24). A aquisição será feita por meio da subsidiária OPCO. A transação inclui a troca dos papéis da Dommo por 0,05 ação ordinária da OPCO.

As mais caras da Bolsa

Uma análise do TradeMap com base em dados compilados pela Refinitiv mostrou que o preço das ações de 11 companhias negociadas na B3 está acima do nível considerado justo por analistas. No topo da lista, estão empresas como M. Dias Branco (MDIA3), Cielo (CIEL3) e a Sabesp (SBSP3).

Suzano compra negócios de papel da Kimberly-Clark Brasil

A Suzano (SUZB3) informou, na segunda-feira (24), a compra dos negócios de papel da Kimberly-Clark Brasil, dona da marca Neve. Os valores não foram divulgados, mas a companhia já antecipou ao mercado que a operação não deve trazer mudanças significativas para seu endividamento

Santander ver inadimplência estável

Após a divulgação do balanço do terceiro trimestre, o CEO do Santander Brasil, Mario Leão, afirmou, na quarta-feira, (26) que não espera uma “deterioração adicional” da taxa de inadimplência do banco, que ficou em 3% no período, levemente acima dos 2,9% anotados no trimestre anterior.

O que a Amazon fez para assustar o mercado?

O lucro operacional da Amazon caiu 48% em relação ao intervalo de julho a setembro do ano passado e desapontou o mercado. Além disso, a empresa fez uma projeção de resultados fracos para o quarto trimestre – período das vendas de final de ano em que companhias como a Amazon costumam brilhar.

Musk vira dono do Twitter: e agora?

Elon Musk até tentou desistir, mas não resistiu. Na quinta-feira (27), o bilionário publicou um comunicado em que oficializou a compra da rede social Twitter (TWTR34). No dia, as ações da companhia fecharam em alta de 0,66%, a US$ 53,70, e os BDRs em queda de 0,53%, a R$ 142,64.

Por que mercado está pessimista com a Vale?

Apesar de a Vale (VALE3) reportar um lucro trimestral maior que o esperado pelo mercado, os resultados operacionais da companhia deixaram um sabor amargo. Os números mostraram que a empresa foi prejudicada por preços mais baixos para seus produtos e por um menor volume de vendas.

Agenda

Após o Copom (Comitê de Política Monetária), que decidiu pela manutenção da Selic nesta semana, será a vez do Federal Reserve, o banco central americano, apontar a nova taxa básica de juros dos Estados Unidos, na quarta-feira (2). A previsão da maioria dos especialistas é que a alta será de 0,75 ponto porcentual, a exemplo da reunião anterior, para a faixa de 3,75% a 4,00% ao ano. E os mercados já enxergam sinais de que o Fed pode reduzir alta de juros no encontro de dezembro.

O BoE (Banco da Inglaterra) será outra autoridade monetária a tratar da taxa de juros do Reino Unido na quinta-feira (3). A decisão chega no momento político-econômico crítico do Reino Unido, após a queda da primeira-ministra, Liz Truss, na semana passada, após 40 dias no cargo. O plano econômico divulgado por ela dias antes foi questionado pelo mercado, o que levou à crise institucional. Agora, Com Rishi Sunak, que assumiu o posto, a aposta é de passos mais certos na política econômica, neste caso, protegida pela monetária.

Por aqui, o Banco Central divulga, na terça-feira (1º), a ata da última reunião, ocorrida nos dias 25 e 26 de outubro. Na ocasião, o Copom manteve a taxa básica de juros em 13,75% ao ano. Em comunicado, ressaltou que os mercados globais estão mais sensíveis à política fiscal, em uma referência ao Reino Unido, onde o plano de corte de impostos sem contrapartida causou a disparada dos juros futuros e a desvalorização da libra, culminando na queda da premiê, como citado acima.

E no mesmo dia da reunião do BoE, quinta-feira, será divulgado o CPI (índice de preços ao consumidor) da zona do euro de outubro. Mesmo após os esforços do BCE (Banco Central Europeu) para frear o avanço por meio da elevação dos juros, a inflação em 12 meses no bloco de 19 países acelerou de 9,1% em agosto para 10% em setembro.

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