Aquisição da Suzano (SUZB3) pode ser vista como proteção contra recessão – ação sobe mais de 1%

Além da Neve, a Suzano irá licenciar as demais marcas globais controladas pela KC Brasil, como como Intimus e Huggies

Foto: Shutterstock/T. Schneider

A Suzano (SUZB3) comunicou ao mercado, após o fechamento do pregão da última segunda-feira (24), a compra dos negócios de papel da Kimberly-Clark Brasil, dona da marca Neve. 

A Suzano assume as atividades de fabricação, marketing, distribuição e venda no país de produtos de tissue, tais como papel higiênico, toalhas de papel, guardanapos e outros produtos de papel.

Além da Neve, a Suzano irá licenciar as demais marcas globais controladas pela KC Brasil, como como Intimus, Huggies, Scott e Kleenex.

O chamariz do negócio, entretanto, está na fábrica de produção de tissue, localizada em Mogi das Cruzes (SP). A capacidade anual da unidade está na casa das 130 mil toneladas, o que pode fazer com que a empresa tenha maior exposição à região Sudeste do país.

Recentemente, a empresa anunciou um projeto de tissue em Aracruz (ES), que deve ter capacidade para 60 mil toneladas, com início previsto em 2024. Hoje, a capacidade da empresa está na casa das 150 mil toneladas anuais.

O tissue é um tipo de papel com baixa gramatura (termo que indica a densidade do papel em gramas por metro quadrado), que criam produtos altamente demandados mundo afora. Inclusive, têm se mostrado resilientes no mercado global.

No segundo trimestre deste ano, dentro do que se refere à demanda por celulose, os mercados de tissue e papéis de imprimir e escrever se destacaram nos Estados Unidos e na Europa, segundo a Suzano, com patamares sólidos de venda interna e menores volumes e papéis importados. 

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O conflito entre a Rússia e Ucrânia ainda impacta os preços globais de insumos e energia, todavia os produtores de papel têm conseguido repassar os aumentos nos preços de papéis, sobretudo por conta de seu aspecto essencial.

Há a necessidade contínua para produtos tissue, e a exposição a esse mercado pode ser vista como defensiva, em meio à recessão global esperada para 2023, que é a maior ameaça aos volumes e negócios a partir do ano que vem.

Por volta das 12h40, as ações da Suzano (SUZB3) operavam em alta de 1,30%, a R$ 52,09.

O interesse da Suzano em tissue

De acordo com a empresa, a aquisição está “alinhada à estratégia de longo prazo da Suzano de ‘avançar nos elos da cadeia’, como é de amplo conhecimento público, representando complementaridade geográfica e ganhos de sinergia”.

São esperadas sinergias de produção e distribuição entre os ativos da KC Brasil e da Suzano, ampliando, de forma eficiente, a atuação da companhia sobre tissue, que é o seu negócio de bens de consumo. 

De acordo com o Bank of America, a Suzano deve atingir uma participação de 20% a 25% do mercado de tissue no Brasil, também reafirmando sua posição na aceleração rumo ao ESG.

Os valores não foram divulgados pela Suzano, mas a companhia já antecipou ao mercado que o negócio não deve trazer mudanças significativas para seu endividamento e alavancagem financeira – o que é uma notícia positiva e alivia as preocupações do mercado.

A empresa terminou julho deste ano com uma relação entre dívida líquida e Ebitda na casa das 2,3 vezes em reais, ante 2,1 vezes no fim do primeiro trimestre. No endividamento cresceu 9% em três meses, para R$ 75,20 bilhões, em menor velocidade que o montante em caixa, que subiu 6%, para R$ 20,30 bilhões.

A dívida em dólar equivale a 82% dos compromissos da empresa, que contrai endividamento em moeda estrangeira como uma forma de hedge natural frente à sua receita, que é altamente dolarizada.

Por mais que a relação entre geração de caixa e endividamento sejam ascendentes, o mercado enxerga pouco risco nesse sentido, já que apenas 5% da dívida está no curto prazo (a cerca paga dentro dos próximos 12 meses).

A pressão sobre as ações da Suzano dizem respeito à correção de preços da celulose no mercado chinês – que sobe 40% no último ano, mas caem 10% nos últimos 45 dias, segundo preços do mercado futuro na SSEC (Shanghai Stock Exchange).

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