Recompra de ações dispara e atinge recorde em 2024

Foto: Shutterstock/rafastockbr

Em 2024, o mercado financeiro brasileiro enfrentou uma pressão intensa, reflexo de um cenário econômico desafiador que levou muitas empresas a verem suas ações desvalorizadas de forma significativa. Esse ambiente, marcado pelo aumento das taxas de juros e pela incerteza em relação ao déficit orçamentário do Brasil, gerou uma busca crescente por alternativas mais seguras. Diante disso, os programas de recompra de ações seguiram em plena atividade, sendo adotados por diversas companhias como uma estratégia para reforçar o valor de seus papéis e transmitir confiança aos investidores.

A instabilidade econômica e as altas taxas de juros criaram condições para que muitas empresas optassem pela recompra de ações, em vez de buscar expansões, que envolvem riscos mais elevados. Além disso, a falta de clareza nas políticas econômicas, especialmente nas mudanças no sistema tributário, desincentivou novos investimentos, o que impulsionou ainda mais a adoção dessa estratégia. A recompra de ações, assim, se tornou uma alternativa viável para proteger o valor de mercado das companhias e alinhar os interesses de acionistas e gestores.

De acordo com dados disponibilizados pela B3, o grande destaque de 2024 foi o recorde do programas de recompra de ações, com 114 programas no total. Esse número superou o ano de 2021, quando a pandemia impulsionou a adoção dessa estratégia, somando 102 programas. A marca alcançada em 2024 reflete uma ação decisiva das empresas para proteger seu valor no mercado e demonstrar resiliência em tempos de incerteza econômica.

O movimento das empresas em direção aos programas de recompra de ações não é novidade em 2024, mas a continuidade de uma tendência crescente. A percepção de que muitas ações estão subvalorizadas, somada ao desequilíbrio entre o valor de mercado e a avaliação interna das companhias, torna a recompra uma estratégia atrativa para reforçar o valor dos papéis e alinhar os interesses de acionistas e gestores.

Atualmente, há 115 programas de recompra de ações em andamento no Brasil, conforme dados da B3, até 14 de janeiro. Desses, 96 foram iniciados em 2024, com duração predominante entre 12 e 18 meses. O valor estimado total desses programas ativos é de aproximadamente R$ 68,689 bilhões. A estimativa foi calculada com base na média das cotações da data inicial de cada programa até o fechamento do dia 14 de janeiro, multiplicada pela quantidade máxima que pode ser adquirida de cada tipo de ação, conforme estipulado no programa de recompra.

Esse movimento expressivo reflete a estratégia das empresas ao identificarem que suas ações estão sendo negociadas abaixo do valor justo. A recompra sinaliza ao mercado que os papéis podem estar em um momento atrativo para compra, além de reduzir a quantidade de ações em circulação, o que aumenta o lucro por ação (LPA) e potencializa o pagamento de dividendos. Além disso, as ações recompradas podem ser mantidas em tesouraria para serem revendidas futuramente a preços mais altos, gerando lucro não recorrente, ou utilizadas em programas de stock options e em processos de fusões e aquisições.

Algumas empresas se destacam pela frequência e volumes significativos de programas de recompra de ações desde 2004, tornando-se líderes nesse tipo de estratégia. Esse movimento reflete a busca contínua por proteger o valor de mercado, aumentar a valorização das ações e fortalecer a confiança dos investidores. No entanto, é importante ressaltar que a recompra nem sempre é positiva. Em alguns casos, pode ser vista como uma tentativa de mascarar problemas financeiros ou como uma opção quando não há melhores oportunidades de crescimento, comprometendo o futuro da empresa. A seguir, temos um ranking com as empresas que mais adotaram essa estratégia:

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