Mercado verá volatilidade após euforia com 1º turno das eleições – o que marcou a semana

Gestores avaliam que vitória de Bolsonaro ou guinada de Lula ao centro é favorável para Bolsa no curto prazo

Foto: Shutterstock/xalien

A surpresa geral diante do resultado do primeiro turno da eleição à Presidência da República levou otimismo à Bolsa brasileira. O candidato Jair Bolsonaro (PL) ter ficado mais próximo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) do que as pesquisas mostravam deu fôlego para o Ibovespa, na segunda-feira (3), ter alta de 5,5%, a maior desde abril de 2020.

Mas o motivo da euforia não foi só este. O mercado viu também na ampliação do número de parlamentares de centro e de direita no Congresso mais chances de aprovação de reformas estruturais em caso de vitória de Bolsonaro e a possibilidade de essa base barrar gastos maiores propostos pelo governo, se o vencedor for Lula.

Esse fator foi crucial para a queda do dólar e dos juros futuros. A moeda americana chegou a ser negociada com recuo de mais de 3% na manhã da segunda. Neste caso, a avaliação era a de que as chances de Bolsonaro ser eleito no segundo turno, em 30 de outubro, aumentaram.

Além desses dois pontos, um cenário mais favorável a privatizações também foi reforçado, especialmente no estado de São Paulo, onde o candidato Tarcísio de Freitas (Republicanos), apoiado por Bolsonaro, terminou à frente de Fernando Haddad (PT) na disputa do primeiro turno.

Não à toa, a ação da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) subiu mais de 15% no dia seguinte a essa etapa da eleição. Diante do cenário, o Itaú BBA aumentou o preço-alvo para o papel da companhia ao final de 2023 de R$ 65 para R$ 74,9 por ação, o que representaria uma valorização de 29,81% no período.

Caso semelhante ao da Sabesp, em São Paulo, foi visto com a Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais). Com reeleição de Romeu Zema (Novo) já no primeiro turno, cresceu a possibilidade de a sinalizada privatização da companhia acontecer no segundo mandato do governador mineiro.

É importante destacar que a própria alta da Bolsa no dia seguinte ao primeiro turno foi sustentada com a ajudinha do mercado externo. Na ocasião, dados da indústria americana indicavam uma atividade econômica mais fraca nos Estados Unidos – e o mercado enxergou chance de juros não tão altos no futuro.

Nesta sexta-feira (7), porém, já houve um sinal contrário em relação à situação da economia americana. A taxa de desemprego no país caiu a 3,5% no mês passado, abaixo da projeção de 3,7%. A atividade ainda aquecida põe pressão sobre a inflação e, consequentemente, tende a gerar mais alta de juros.

À frente, um cenário de volatilidade pode ter lugar a partir das definições dos programas econômicos e do ministro da Economia, por exemplo, pelos candidatos até o segundo turno da eleição. De toda forma, gestores avaliam que vitória de Bolsonaro ou guinada de Lula ao centro é favorável para Bolsa no curto prazo.

Veja os destaques da Agência TradeMap na semana.

Itaúsa vende mais uma parte da XP

A Itaúsa (ITSA4) vendeu 5,6 milhões de ações de emissão da XP (XPBR31), correspondentes a 1,17% do capital da corretora por R$ 660 milhões, considerando a taxa de câmbio de segunda-feira (3). Com isso, a holding do Itaú passa a deter cerca de 51 milhões de papéis classe A da XP e 3,27% do seu capital votante.

Bons dividendos em 2023?

Após pagarem dividendos gordos, as companhias exportadoras de commodities como Vale e Petrobras devem reduzir o montante em 2023. O pagamento a ser feito pela petroleira deve ser menor no ano que vem, uma vez que os lucros tendem a diminuir.

B3 reduz limite para aluguel de ações do IRB

A B3 diminuiu o limite de ações do IRB Brasil (IRBR3) que podem ser alugadas por investidores, travando um pouco o espaço para apostas na queda do preço dos papéis. De acordo com ofício da Bolsa, o limite de empréstimo de ações, válido desde a quarta-feira (5), passou de 30% para 25% do total de ações em circulação no mercado.

Economia frágil em 2023

O próximo presidente da República herdará em 2023 uma economia frágil em termos fiscais, com o risco de os juros terem que ficar elevados por muito tempo para pagar a conta de emendas parlamentares cada vez mais polpudas e da manutenção de benefícios sociais que foram ampliados durante a pandemia.

Vale retoma posto de ação mais recomendada

A ação da Vale voltou a ser a mais indicada para investimento em outubro, segundo as carteiras recomendadas de 14 corretoras consultadas pela Agência TradeMap. Desta vez, porém, ficou empatada com o Itaú Unibanco (ITUB4), que havia liderado o ranking em setembro, junto com o Assaí (ASAI3), que agora caiu para a terceira posição.

Ação da Tesla recua com vendas aquém do esperado

O BDR (recibo de ações) da montadora de veículos elétricos Tesla (TSLA34) registrou forte queda na segunda-feira (3) após a empresa de Elon Musk reportar a entrega de 343.830 carros em todo o mundo no terceiro trimestre. Apesar de recorde, o número veio abaixo das expectativas de 358 mil unidades.

Credit Suisse enfrenta crise de credibilidade

O Credit Suisse enfrentou uma crise de credibilidade. O principal motivo: a fama de negligente que o banco ganhou após ter prejuízos bilionários com o colapso das empresas Archegos e da Greensil em 2021. No balanço do segundo trimestre, o Credit reportou queda de quase 30% na receita, sob a justificativa de “baixo fluxo de clientes”.

Fundos imobiliários recomendados para outubro

A carteira de fundos imobiliários mais indicados pelas corretoras — compilada pela Agência TradeMap com base nas recomendações de 11 instituições do mercado — tem dois novos líderes para o mês de outubro: o Bresco Logística (BRCO11) e a Kinea Rendimentos Imobiliários (KNCR11).

Gestora americana revela preferências do mercado brasileiro

A gestora americana Franklin Templeton, que tem US$ 1,4 trilhão sob gestão, vê oportunidades na Bolsa brasileira principalmente nos segmentos de commodities e energia renovável. Apesar disso, espera um cenário de volatilidade para o mercado de ações durante o período eleitoral.

Musk desiste de desistir do Twitter

As ações do Twitter tiveram forte alta na terça-feira (4) após a notícia de que o empresário Elon Musk voltou atrás e refez a oferta para comprar a companhia. A decisão do empresário pegou o mercado de surpresa, visto que ele estava lutando nos tribunais para poder desistir de comprar a rede social.

Agenda

Os investidores estarão de olho, na terça-feira (11), no índice de preços relativo a setembro. A expectativa é se haverá a terceira deflação seguida no país. Em julho, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) registrou queda de 0,68%, e em agosto, de 0,36%. A tendência de recuo em setembro foi ratificada pelo IPCA-15, prévia da inflação do mês, que registrou queda de 0,37% em setembro.

Na ocasião, o resultado surpreendeu, acalmou os ânimos dos mercados e ajudou a reforçar a decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central – tomada na penúltima semana de setembro, de encerrar o aumento da taxa básica de juros, a Selic, nos atuais 13,75% ao ano.

Nos Estados Unidos, os destaques ficam por conta dos discursos dos membros do Federal Reserve (Fed), o banco central americano já na segunda-feira, que devem sinalizar caminhos da política monetária considerando dados que mostram a economia ainda aquecida.

Na quarta (12) – feriado no Brasil e sem funcionamento da Bolsa -, o Fed divulga a ata da reunião do Fomc (colegiado de política monetária) realizada em setembro. No dia seguinte, a secretaria de estatísticas trabalhistas (BLS) informa o CPI (índice de preços ao consumidor) dos Estados Unidos referente ao mês passado, mais um indicador de inflação.

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