Vitória de Bolsonaro ou guinada de Lula ao centro é favorável para Bolsa no curto prazo, dizem gestores

Para gestores da 3R investimentos e do banco suíço Julius Baer, tendência do mercado acionário brasileiro pode ser favorável no curto prazo

Foto: Shutterstock/19 STUDIO

A chance de vitória do presidente Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno da eleição ou de uma mudança do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao centro para conquistar votos devem manter a performance positiva da Bolsa brasileira no curto prazo, na visão dos gestores da 3R investimentos e do banco suíço Julius Baer.

A gestora 3R Investimentos disse ter ampliado a exposição em Bolsa doméstica na semana passada, como em ações de estatais a exemplo de Petrobras (PETR3), vislumbrando a possibilidade de reação positiva dos mercados com um resultado mais apertado que o esperado entre os principais candidatos a presidente no primeiro turno, como ocorreu no último domingo (2).

“Aumentamos um pouco a posição em Bolsa achando que, daqui até o segundo turno, o mercado vai querer sonhar com uma vitória de Bolsonaro. Mas é uma posição tática [de curto prazo]”, diz Tomás Awad, sócio-fundador da 3R.

O gestor vê um potencial de alta para as ações da Petrobras em um cenário de vitória do presidente Bolsonaro.

Por volta das 12h50, o Ibovespa subia 4,59%, aos 115.088 pontos, enquanto as ações preferenciais da Petrobras (PETR4) avançavam 8,09%, para R$ 32,21.

Para a gestora de fortunas do banco suíço Julius Baer, os ativos brasileiros podem reagir positivamente no curto prazo em meio às apostas na vitória de Bolsonaro no segundo turno e da possibilidade de mudança para o centro por parte de Lula a fim de angariar votos de apoiadores dos candidatos Simone Tebet (4,2% dos votos) e Ciro Gomes (3,1% dos votos).

Essa indicação, segundo Julius Baer, poderia vir do anúncio de um ministro da Economia favorável ao mercado, que indicasse uma política fiscal responsável. Até isso acontecer, o banco segue com posição neutra em relação à recomendação de investimentos em Brasil.

“Mantemos uma visão neutra em Brasil até reunirmos mais sinais de moderação do candidato favorito Lula antes do segundo turno, em 30 de outubro”, aponta o banco, em relatório.

Para Awad, da 3R, o resultado mais apertado no primeiro turno aumenta a chance de o ex-presidente Lula querer alguém de mercado para o Ministério da Economia, mas o gestor não descarta a possibilidade de ser um nome da ala política ligada ao PT. “Não tenho convicção de que ele vai anunciar, por exemplo, o Meirelles [Henrique Meirelles, ex-presidente do BC no governo Lula] como ministro da Fazenda”, diz.

Cenário para as empresas estatais na Bolsa

Apesar de ver maior chance de uma vitória de Lula no segundo turno, o gestor da 3R destaca que o crescimento dos partidos de direita e centro-direita no Congresso deve limitar a margem de manobra do governo do PT com uma política mais à esquerda, principalmente na área fiscal.

Nesse cenário, se Lula ganhar, Awad vê maior risco do uso de estatais como Petrobras e Banco do Brasil (BSAS3) para políticas públicas, já que um eventual governo do PT teria mais dificuldade para aprovar medidas no Congresso.

Por isso, em caso de vitória de Lula, o gestor espera que o mercado devolva parte da euforia recente. “Se o investidor já tem uma posição em ações, não aumentaria agora, porque o cenário de quem será o Lula no novo governo ainda está incerto e o mundo no ano que vem vai ser difícil, com um crescimento mais baixo do Brasil e juros ainda em patamar elevado”, afirma Awad.

Em relação às estatais, o gestor da 3R ainda vê potencial de alta para as ações da Sabesp (BSSP3) com uma eventual vitória de Tarcísio de Freitas (Republicanos) no Estado de São Paulo no segundo turno, o que aumentaria as chances de privatização da empresa. Por isso, ele mantém esses papéis em carteira.

“A base na Câmara para aprovar uma privatização da Sabesp é maior em São Paulo do que no caso da Copasa (CSMG3) em Minas Gerais”, diz Awad.

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