A inflação acelerou tanto em março que deixou até o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, surpreso. Segundo ele, o número veio tão acima do esperado que pode ser necessário revisar o cenário desenhado pela instituição – ou seja, os juros podem subir mais do que o previsto.
E não é só aqui que a situação está complicada. Nos Estados Unidos, os preços subiram 8,5% nos 12 meses até março, a maior alta nestes termos desde dezembro de 1981, também reforçando a necessidade de um aperto monetário mais intenso – como já havia sido sinalizado pelo Federal Reserve, o banco central americano.
Um grande fator de risco para a alta da inflação, a elevação do petróleo, continua atuante. O cenário da oferta de commodity no mercado mundial puxou o preço em quase 7% na terça-feira. O aumento ainda se deve aos desdobramentos da guerra na Ucrânia e à possível restrição do produto em meio a sinais de aumento da demanda.
E foi esse contexto de pressão sobre a inflação que segurou a Bolsa no terreno negativo por três pregões seguidos. O respiro veio na quarta-feira, com a expectativa da aprovação dos nomes de José Mauro Coelho e Márcio Weber, executivo-chefe e presidente do conselho de administração da companhia, respectivamente.
O desempenho do varejo em fevereiro também acalentou o mercado. Mas a força vista no período, cuja alta foi de 1,1%, será difícil de repetir nos próximos meses, segundo analistas. Já a retomada do setor de serviços, que estava prevista para o começo deste ano, deve demorar um pouco mais para chegar.
No exterior, a notícia que mais chamou a atenção no mercado de ações foi a oferta de Elon Musk, homem mais rico do mundo e CEO da montadora de carros Tesla, pelo Twitter. O empresário quer fechar o capital da rede social e fez a proposta poucos dias depois de recusar um assento no conselho da companhia.
Veja os destaques do noticiário da Agência TradeMap na semana.
Dexco se achando!
A Dexco (DXCO3) vale no mínimo 20% a mais que seu valor atual, segundo o BTG Pactual. Para o banco, os investidores estão descartando os potenciais ganhos de resultado trazidos pela LD Celulose – fábrica resultante da parceria firmada em junho de 2018 com a austríaca Lenzing e que começou a operação comercial nesta semana.
Inter desacelera…
O Banco Inter (BIDI11) reduziu o ritmo de abertura de novas contas em 2022. O número de novos correntistas passou de 2,5 milhões no quarto trimestre do ano passado para 2,3 milhões nos primeiros três meses deste ano.
Os dados pressionaram as ações da instituição, que lideraram as quedas na Bolsa no pregão de terça-feira.
Quer dividendos?
A XP Investimentos elaborou uma lista de três companhias com melhores perspectivas de retorno em termos de dividendos nos setores de energia e saneamento.
Para a seleção, foram considerados os critérios de política e a regularidade na distribuição de proventos, a saúde financeira e as perspectivas de distribuição futuras.
Otimismo com a Bolsa
Um pesquisa realizada pelo BofA (Bank of America) mostrou que 40% dos entrevistados veem o Ibovespa acima de 130 mil pontos neste ano.
Na edição anterior, referente a fevereiro, este percentual era de 19%. A instituição ouviu 31 gestores, responsáveis por administrar US$ 60 bilhões em ativos na América Latina.
Na Justiça
O fundo imobiliário Hospital da Criança (HCRI11) informou, na segunda-feira, que não fará a distribuição de dividendos aos cotistas relativa a março. A decisão foi tomada em função de uma determinação judicial de pagamento de R$ 9,7 milhões devido ao Hospital da Criança, da Rede D’Or, locatário do imóvel, referente a um acerto de contas sobre o valor do aluguel, em um processo judicial em curso desde 2011.
Melhor momento
O fundo multimercado SPX Nimitz ganhou 7,34% em março, o que significou o seu melhor desempenho da história. Aposta na alta de juros ajudou no desempenho recorde.
O mesmo caminho foi trilhado pelo fundo Verde no período. O ganho foi de 4,19%, o melhor desempenho desde novembro de 2020.
Vale a pena
A ação da Petrobras pode até dobrar de preço se o próximo governo adotar uma postura mais pró-mercado, dizem gestores. A percepção é que o papel está descontado, com os riscos de intervenção política já embutidos. O cenário faz valer o risco de compra diante da estimativa de alta para o ativo.
Agenda da semana
Na segunda-feira, a FGV (Fundação Getúlio Vargas) informa o IGP-10 (Índice Geral de Preços) de abril. A CNI (Confederação Nacional da Indústria) divulga, na terça, a Sondagem Industrial de fevereiro. A quarta traz a produção industrial de fevereiro, desta vez a da zona do euro, divulgada pela Eurostat.
Também na quarta a FGV informa a segunda prévia do IGP-M (Índice Geral de Preços ao Mercado) de abril. No mesmo dia, saem os estoques de petróleo bruto atualizados pelo DOE (Departamento de Energia dos EUA).
E à tarde, o Federal Reserve (banco central dos EUA) divulga o Livro Bege.
Na quinta, sai o CPI (índice de preços ao consumidor) da zona do euro em março, informado pela Eurosat. Além disso, o Fed faz outra divulgação, a da Sondagem Industrial de abril.
É dia também para o número atualizado de pedidos de auxílio desemprego nos EUA. E, à tarde, os presidentes do Fed, Jerome Powell, e do BCE (Banco Central Europeu), Christine Lagarde, participam de painel do FMI (Fundo Monetário Internacional).
A sexta-feira, conta com Indicador de Expectativa de Inflação dos Consumidores da FGV em abril.