O CPI (índice de preços ao consumidor) dos Estados Unidos acelerou para 1,2% em março, acima do aumento de 0,8% em fevereiro. Em 12 meses, o indicador já sobe 8,5%, maior valor desde dezembro de 1981.
O indicador veio em linha com o esperado pelo mercado –analistas apostavam em alta de 1,1%–, cenário que reforça a chance de o Federal Reserve (banco central americano) elevar o ritmo de alta dos juros no país.
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“Altas nos índices de gasolina, habitação e alimentação foram as maiores contribuições para o aumento com ajuste sazonal de todos os itens”, apontou comunicado da Secretaria de Estatísticas Trabalhistas dos EUA. “O índice de gasolina cresceu 18,3% em março e representou pouco mais da metade da alta mensal de todos os itens”.
O núcleo de inflação de março fechou em alta de 0,3%, contra uma projeção de 0,5%.
Na última reunião, o Fed iniciou o ciclo de aperto monetário ao aumentar a taxa em 0,25 ponto percentual, mas a tendência é que, a partir da próxima reunião, em maio, o aperto passe a ser maior, de 0,50 ponto.
“A leitura preliminar dos dados é muito ruim”, afirmou o economista-chefe da Necton, André Perfeito. “A perspectiva é que o Fed de fato eleve para 50 pontos-base de alta sua taxa básica na próxima reunião. Hoje a curva de juros precifica que a taxa básica americana chegue entre 2,5% e 2,75% ao final de 2022, mas não nos surpreenderia se o movimento total seja ainda maior este ano, em 3%”.
Por que isso importa para o mercado brasileiro?
Quanto maior e mais rápido o aumento de juros promovido pelo Fed, menor a atratividade de ativos de maior risco, que é o caso de países emergentes como o Brasil. Nesse cenário, a tendência é de uma menor entrada de recursos de estrangeiros no país.
Esse movimento vem sendo contrabalanceado pela alta na cotação das commodities, que vem elevando o interesse internacional por ativos brasileiros.