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Fim dos juros baixos e o nascimento da recessão – o que marcou a semana

Exemplo marcante e mais recente ocorreu na quinta (21), quando o Banco Central Europeu elevou o juro da zona do euro em 0,50 ponto percentual

Foto: Shutterstock

Já sabemos os motivos que desenharam a conjuntura econômica atual em todo o mundo. Guerra entre Rússia e Ucrânia e paralisação das atividades econômicas durante a pandemia da Covid-19, e, por sua vez, o aumento do preço das commodities agrícolas e do petróleo.

A tempestade pode até ser chamada de perfeita, mas o fato é que a alta dos juros como forma de barrar a inflação nas principais economias do mundo tem gerado o maior aperto monetário em mais de 30 anos.

Exemplo marcante e mais recente desse movimento ocorreu na quinta-feira (21), quando o BCE (Banco Central Europeu) elevou a taxa básica de juro da zona do euro em 0,50 ponto percentual – o dobro do esperado.

Com isso, a autoridade monetária não só realizou a primeira alta nas taxas em 11 anos, mas decretou o fim dos juros negativos na região. Até então, a taxa em vigor era de -0,50% ao ano.

A “corrida” pela alta dos juros também tem um motivo operacional. Os bancos centrais funcionam melhor quando as taxas estão mais distantes de zero – nível em que permaneceram durante muitos anos como consequência da crise financeira de 2008. Assim, se for preciso estimular a economia, basta baixar os juros.

Além disso, é mais fácil aumentar os juros agora, que a economia ainda está crescendo, do que com a economia encolhendo – consequência esperada diante de tamanho aperto monetário. Na Europa, inclusive, dados sobre a atividade do setor privado apontaram os primeiros sinais de recessão.

Na semana que vem, será a vez de o Federal Reserve (Fed, o banco central americano), acelerar um pouco mais na corrida pelos juros mais altos. Na quarta-feira (27), o comitê de política monetária da instituição, o Fomc, anunciará a nova taxa da economia do país. A maioria dos investidores acha que os juros vão subir em 0,75 p.p, mas há uma parcela do mercado que espera elevação mais intensa, de 1,00 p.p.

Outro dado americano será indicativo sobre o andar da carruagem da economia mundial. Na quinta (28), o país divulgará o PIB (Produto Interno Bruto) do segundo trimestre.

Nos primeiros três meses do ano, a economia americana recuou 1,6%. E, ainda em março, o governo revisou para baixo a projeção de crescimento do país de 4% para 2,8% em 2022.

No fim das contas, o sinal geral poderá continuar vermelho e, com isso, o alerta das economias em todo o mundo demorar ainda mais para ser desligado.

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Veja os destaques da Agência TradeMap na semana.

Quantos dividendos da Petrobras enchem um tanque?

Levantamento feito pela ANP (Agência Nacional de Petróleo) mostra que, em média, o litro da gasolina comum em julho está em R$ 6,07.  O Onix, um dos carros mais vendidos no Brasil, tem um tanque de combustível de 44 litros. Isso significa que, para abastecê-lo, são necessários R$ 267,08. Um acionista teria que ter ao menos 144 ações para encher o tanque desse veículo com dividendos pagos na quarta (20).

Quais empresas se beneficiam do minério de ferro mais barato?

A queda no preço do minério de ferro pode gerar benefícios para empresas de autopeças e construção civil, além de ser favorável para as que possuem receitas dolarizadas. A Mahle Metal Leve (LEVE3), por exemplo, que utiliza o aço como uma das suas principais matérias-primas, pode ter redução nos custos. Na construção civil, as incorporadoras voltadas para o público de menor renda devem ganhar impulso.

O que esperar de balanços do segundo trimestre

Enquanto a inflação não dá trégua, a capacidade de repassar o aumento de custos aos consumidores é o que vai diferenciar as empresas brasileiras nesta temporada de balanços. “Quem tem poder de reprecificação deve entregar resultados um pouco mais decentes, enquanto quem não repassa 100% dos aumentos deve ter perda de margem e, assim, resultados piores”, diz Ricardo Peretti, estrategista da Santander Corretora.

Weg não se beneficiará de queda do cobre agora

O resultado divulgado pela Weg (WEGE3) na manhã da última quarta-feira (20) acendeu um sinal de alerta para os investidores. Os custos pressionaram o resultado da companhia, levando a rentabilidade a cair ao menor patamar em quase dois anos. E a companhia destacou que não se beneficiará do recuo do preço do cobre, já que possui estoque da commodity, ampliado quando a cotação se elevou entre 2020 e começo deste ano.

Para bancos, os juros compensam a inadimplência?

Os bancos têm sido mais conservadores devido ao aumento da inadimplência. Mas compensar esse ponto com a alta de juros pode ser difícil para uma instituição forte em crédito consignado, já que o risco é baixo, com a garantia do salário do cliente. Por outro lado, o banco que é mais atuante em cartão de crédito conseguirá uma reprecificação mais rapidamente.

Como se proteger no mercado de criptoativos

O debate de segurança de criptoativos depositados em plataformas e exchanges cresce constantemente. Hoje, uma das formas mais indicadas de proteção do investimento são as hard wallets. A ferramenta certifica se realmente é você quem está usando a sua “chave”, e impede que outras pessoas sem acesso consigam realizá-lo. Essa chave é a identificação de cada investidor individual da chamada blockchain.

As debêntures mais compradas por pessoas físicas

Empresas de concessão de rodovias, locadoras de veículos e geração de energia estão entre as debêntures mais negociadas no primeiro semestre no mercado secundário, de acordo com dados da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais). Os papéis mais negociados não coincidem com aqueles que tiveram maior movimentação financeira, o que indica que são operações feitas majoritariamente por pessoas físicas.

Agenda da semana

Além da pauta principal da semana, que continuarão sendo os juros, a próxima semana conta com vários dados de inflação. No Brasil, serão divulgados o IPCA-15, na terça-feira (26), considerada a prévia da inflação oficial. O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) subiu 0,67% em junho, acumulando alta de 11,89% em 12 meses.

Mas a expectativa é que o movimento seja de deflação neste mês, como efeito da redução da alíquota de ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços) de combustíveis, energia elétrica, telecomunicações, transporte coletivo e gás natural, aprovada pelo Congresso em junho e já adotada por vários estados. Se ocorrer, essa será a primeira deflação no Brasil desde maio de 2020, quando os preços recuaram 0,38%, no auge da pandemia.

Na quinta (28), será a vez do IGP-M. Na medição anterior, o índice registrou avanço de 0,59%, também abaixo da expectativa de mercado, indo para 10,70% em 12 meses, o menor patamar desde julho de 2020. Especialistas alertam, porém, que o pior ainda não passou e não estão superadas incertezas em torno de fatores como as eleições no Brasil, alta de juros nos EUA, guerra entre Ucrânia e Rússia e a pandemia de Covid-19.

E, na sexta-feira (29), um indicador também mostrará como anda a inflação na zona do euro, que registrou recorde no mês passado, com elevação de 8,6%. A Comissão Europeia espera que o CPI (índice de preços ao consumidor) alcance 7,6% em 2022 – inicialmente a projeção era de 6,1%.

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