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Minério de ferro mais barato: veja como MRV (MRVE3) e outras empresas podem se beneficiar

Setores de autopeças e de construção civil podem ter maior rentabilidade por meio da redução de custos da matéria-prima

Foto: Shutterstock

O arrefecimento das atividades industriais na China, causado por lockdowns, levou a uma menor demanda por minério de ferro no país e, consequentemente, a uma pressão sobre os preços da commodity. O medo de novas interrupções na rotina de cidades chinesas é outro fator que tem influenciado o valor do insumo.

Se o movimento é negativo para empresas a exemplo da Vale, produtora de minério de ferro, pode ser benéfico a companhias de setores como autopeças e construção civil. Além disso, empresas com receitas dolarizadas podem ser favorecidas indiretamente.

Tanto autopeças como construção civil têm grande parte dos custos relacionados ao aço, que, por sua vez, tende a ficar mais barato, já que a principal commodity para produção deste item está perdendo valor.

É claro que esse cenário de baixa do preço do aço depende também do tamanho da oferta do produto no mercado. O cenário de escassez de aço, devido à redução de produção pela China, alteraria esse cenário. O país é o maior produtor mundial de aço.

O minério de ferro chegou a ficar abaixo de US$ 100 neste mês, o menor patamar desde novembro. No acumulado do ano, o minério de ferro apresenta queda de 54%, enquanto o aço registra queda de quase 31%.

Com os preços do insumo mais baixos, a tendência é que esses setores sejam beneficiados com menores custos de vendas, podendo assim, obter margens maiores.

Autopeças

Este setor deve ser impactado pelo menor custo da matéria-prima utilizada para produção dos componentes fornecidos para a indústria automotiva. Como efeito, as empresas da área devem ter um alívio nas margens, uma vez que o custo de vendas cairia.

A Mahle Metal Leve (LEVE3), que fabrica e comercializa componentes de motores à combustão e filtros automotivos, e a Iochpe-Maxion (MYPK3), que atua na fabricação de componentes estruturais e rodas para veículos leves, comerciais e agrícolas, seriam beneficiadas.

Além disso, ambas as empresas devem usufruir de um possível aumento na taxa cambial, já que têm grande parte da receita dolarizada.

A Mahle, por exemplo, teve 40,7% da receita líquida advinda de operações em moeda estrangeira neste primeiro trimestre, enquanto a Iochpe teve 72% das receitas geradas no exterior.

No primeiro trimestre deste ano, tanto a Mahle quanto a Iochpe viram as despesas com custos de vendas ampliarem por causa do alto custo de matérias-primas, principalmente do aço. A Mahle teve um aumento de 13% em comparação com mesmo período de 2021, enquanto a Iochpe registrou alta de 34,6%.

Além disso, a valorização do real frente ao dólar impactou negativamente a margem das empresas. A Mahle teve uma perda na margem bruta de 4,2 pontos percentuais (p.p.), para 26,5%, em relação ao mesmo trimestre anterior.

A Iochpe, por outro lado, “segurou as pontas” e registrou uma margem bruta 1,2 p.p. superior à de igual período de 2021, para 14,3%. Isso ocorreu em consequência de aumento da receita e eficiência operacional, informou a empresa na divulgação do balanço referente ao primeiro trimestre.

Construção Civil

A construção civil é outro setor muito dependente do minério de ferro, uma vez que um dos principais custos para a realização de obras vem do aço.

Uma redução no preço da commodity deve impactar positivamente as margens do setor, dando um alívio diante da pressão de custos e vendas reduzidas. Dessa forma, há a possibilidade de as companhias darem continuidade a lançamentos adiados devido ao então alto custo de implementação.

A área enfrenta grandes desafios atualmente, não só pelo ainda alto patamar do preço do minério de ferro, mas pelo elevado nível da taxa básica de juros, de 13,25% ao ano. Este ponto torna o custo de crédito mais caro para a população e, consequentemente, dificulta da aquisição de imóveis.

Diante desse cenário, as incorporadoras direcionadas à população de baixa renda podem dar um passo à frente, pois já são protegidas da alta de juros por serem enquadradas no Casa Verde e Amarela. O programa fornece uma linha própria de financiamento com juros mais atrativos para os consumidores que se enquadram no regulamento.

Além disso, uma redução nos preços dos imóveis, possivelmente, traria um maior volume de vendas para empresas que atua com este público-alvo, mais sensível à redução de preços.

Empresas como Tenda (TEND3), Direcional (DIRR3), MRV (MRVE3), Plano&Plano (PLPL3) e Cury (CURY3) são algumas que podem ser mais favorecidas pela queda do minério de ferro – ainda que o efeito positivo seja amplo, para todo o setor.

Outras setores surfariam a onda

Outra empresa que pode ser favorecida com a queda do preço do minério de ferro é a Weg (WEGE3). A companhia utiliza o aço e o cobre como principais matérias-primas para a produção, por exemplo, de equipamentos eletroeletrônicos industriais, para geração e transmissão de energia e motores para eletrodomésticos.

Em 2021 a Weg sofreu com aumento dos preços do aço e teve R$ 16,6 bilhões em custos de vendas, aumento de 38% em comparação com 2020. Como consequência, viu a margem bruta cair para 29,5% frente à de 31,1% registrada em 2020.

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Outro ponto que pode beneficiar a empresa é a possível valorização do dólar frente ao real diante do cenário de arrefecimento da exportação de minério de ferro no Brasil.

A companhia tem 49% da receita advinda de exportações, ou seja, pagas em dólar. Assim, o aumento das vendas aliado a um menor custo de produção pode gerar maior margem bruta para a Weg nos próximos trimestres.

Com os preços de motores de equipamentos domésticos mais em conta, a tendência é que os eletrodomésticos, também fiquem mais baratos para produzir.

Dessa forma, empresas como Lojas Americanas (AMER3), Magazine Luiza (MGLU3) e Via (VIIA3), que vendem esse tipo de produto no varejo, podem também ser favorecidas pelo menor custo dos itens.

Além disso, outras empresas exportadoras, com receita dolarizada, a exemplo de JBS (JBSS3), Klabin (KLBN11), Suzano (SUZB3) podem sentir efeitos positivos indiretamente.

A queda na exportação de minério de ferro introduz uma quantidade menor da divisa no Brasil, afetando assim a cotação do dólar. Ou seja, a divisa fica mais valorizada diante da moeda brasileira.

Essas empresas podem registrar receitas maiores para o mesmo volume de produto vendido, o que deve gerar maior rentabilidade nos próximos trimestres.

Tudo isso, porém, considerando o contexto de queda do preço do aço, sem o impacto de redução da oferta do produto no mercado. Caso contrário, haveria a elevação do preço do aço, mesmo que ocorrendo uma queda no valor do minério de ferro.

Em um outro cenário…

Por outro lado, caso a China reduza a produção de aço, pode haver uma escassez do produto no mercado, o que levaria o preço do material para cima. Ou seja, mesmo com a queda no preço do minério, existe um cenário em que o aço pode continuar a subir.

Este cenário cria um potencial benefício para outro setor, o de siderugia. A Gerdau (GGBR4) pode ser a maior beneficiada, uma vez que a atividade principal da empresa é a produção de aço.

No momento em que o preço do minério de ferro está em queda, empresas do setor pagam menos pela matéria-prima de seu produto, o que gera uma redução nos custos de vendas. Ao aliar a redução de custos com a alta no preço do aço, podem gerar maior receita e obter uma maior rentabilidade no período.

Além disso, mais de 35% da receita é advinda de operações americanas, que podem ser beneficiadas caso haja valorização da moeda estrangeira.

Por outro lado, companhias como Usiminas (USIM5) e CSN Siderúgica (CSNA3) podem ser parcialmente beneficiadas. Isso porque parte da receita delas é formada por operações de mineração, que devem sofrer com a queda do preço do minério de ferro.

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