Ibovespa segue tendência das Bolsas americanas e sobe 0,43%; Yduqs (YDUQ3) despenca após balanço

Pesos-pesados como Petrobras (PETR4) e Vale (VALE3) também deram impulso ao principal índice da B3

Foto: Shutterstock

Em dia de agenda econômica esvaziada, o Ibovespa seguiu a tendência das Bolsas dos Estados Unidos, impulsionadas pelas varejistas locais, e fechou em alta de 0,43%, aos 113.512 pontos, com R$ 18,86 bilhões em volume negociado.

Com a performance deste pregão, o saldo do principal índice da B3 para o mês de agosto passou para valorização de 10,03%, enquanto os ganhos acumulados desde o início do ano somam 8,29%.

Impulsionadas pelas varejistas, que subiram após o balanço do Walmart, as Bolsas americanas tiveram dia positivo: o S&P 500 fechou em alta de 0,19%, o Dow Jones avançou 0,71% e o Nasdaq teve desvalorização de 0,19%. Na Europa, o índice Euro Stoxx 50 anotou ganhos de 0,41%.

Além do empurrãozinho do exterior, a alta da Bolsa brasileira também refletiu a boa performance das blue chips, como são conhecidas as ações de maior peso no índice. Apesar de o petróleo Brent ter caído 2,9% no pregão, para US$ 92,34 por barril, as ações ordinárias e preferenciais da Petrobras (PETR3; PETR4) subiram 1,15% e 0,91%, respectivamente.

A Vale (VALE3), por sua vez, teve avanço de 2,42%, mesmo com a baixa 0,28% do minério de ferro na Bolsa de Dalian, a US$ 106,10 por tonelada.

Na visão de Eliz Sapucaia, Luis Eduardo Novaes e Régis Chinchila, analistas da Terra Investimentos, o mercado também monitora o início do período oficial de campanha eleitoral de 2022. “Os mais de 28 mil candidatos que se registram no Tribunal Superior Eleitoral terão até o dia 1 de outubro para se promoverem”, destacam os analistas.

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Historicamente, o período de campanha eleitoral traz volatilidade aos mercados, uma vez que a dúvida sobre um novo governo gera desconfiança e insegurança por parte de quem investe. Analistas ouvidos pela Agência TradeMap em maio projetavam que o tema seria importante neste segundo semestre.

Frigoríficos são destaque de alta…

No fechamento, as maiores altas do Ibovespa eram de BRF (BRFS3), Positivo (POSI3) e JBS (JBSS3), com avanços de 6,53%, 4,94% e 4,89%, respectivamente. A alta dos frigoríficos reflete a valorização de 0,96% do dólar, a R$ 5,1405, de acordo com analistas da Ativa Research.

Outra alta forte, de 3,85%, foi do IRB (IRBR3). O movimento parece ignorar os resultados da resseguradora no segundo trimestre, pressionados pelo aumento no acionamento de seguros de vida e relacionados à produção agrícola. A companhia viu seu prejuízo líquido atingir R$ 373,3 milhões no período, crescimento de 80,4% na comparação com o mesmo trimestre de 2021.

Por outro lado, a resseguradora divulgou um comunicado na segunda-feira em que afirmou que estuda realizar uma capitalização de recursos por meio de oferta pública de ações.

Na sexta-feira (12), o site Brazil Journal havia informado que a empresa poderia anunciar a operação por estar operando com um capital mínimo menor que o exigido. De acordo com uma fonte ouvida pelo site, a capitalização deve ficar entre R$ 1 bilhão e R$ 1,5 bilhão, com um valor de R$ 1 por ação, valor que corresponde a menos da metade do preço atual, de R$ 2,08.

O Nubank (NUBR33), que informou seus resultados ontem, viu o volume de compras feitas pelos clientes mais do que dobrar no período, ao mesmo tempo em que sofreu com o aumento da inadimplência e não conseguiu elevar o seu lucro líquido ajustado, que ficou praticamente estável ao atingir US$ 17 milhões. Os BDRs do roxinho tiveram alta de 19,54%.

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As BDRs do Inter (INBR31) também saltaram 12,2%. O banco apresentou lucro líquido de R$ 15,5 milhões no segundo trimestre, revertendo prejuízo de R$ 30,4 milhões do mesmo período do ano anterior. Parte do impulso no lucro se deu pelo avanço na receita bruta, que cresceu 130%.

Educação e consumo destaques de baixa

Na ponta oposta, as ações que mais caíram foram as de Yduqs (YDUQ3), Méliuz (CASH3) e Prio (PRIO3), com perdas de 11,76%, 9,8% e 3,99%, nesta ordem.

Com uma receita líquida menor e gastos maiores, ambos impactados pelo segmento de ensino presencial, a Yduqs fechou o segundo trimestre com prejuízo de R$ 63,3 milhões, revertendo o lucro de R$ 116,5 milhões anotado no mesmo período do ano passado.

A plataforma de cashback Méliuz registrou aumento da receita no segundo trimestre, mas as despesas saltaram 114%, fazendo com que a companhia terminasse o segundo trimestre com prejuízo líquido de R$ 28,2 milhões – perdas ainda maiores do que os R$ 4,66 milhões anotados no mesmo período do ano passado.

A Prio (PRIO3) foi impactada pelo anúncio de uma interrupção temporária no campo de Frade, devido a uma avaria na linha de gás inerte do FPSO, que pode durar de cinco a sete dias. “Se adicionarmos tal evento à recente performance no preço do petróleo, as ações da empresa devem permanecer voláteis no curto prazo”, afirmaram analistas da Genial Investimentos, em comentários ao mercado.

A Rede D’Or (RDOR3) também teve forte queda, de 3,97%. A rede de hospitais sentiu mais uma vez na pele o quanto o aumento dos juros no Brasil pode ser prejudicial para o seu lucro. No segundo trimestre, a companhia apresentou lucro líquido de R$ 358,4 milhões, queda de 25% em relação a igual período do ano passado.

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Entre os balanços, destaque ainda para a CSN (CSNA3). A queda nas vendas de aço e minério de ferro e o aumento nas despesas fizeram o lucro da siderúrgica desabar 93,3% no segundo trimestre, para R$ 369,3, e a ação subiu 0,44%.

Já a CSN Mineração (CMIN3) apresentou números pressionados, impactados pelo preço do minério de ferro mais baixo no segundo trimestre e pela menor demanda na China. Diante disso, a companhia reportou lucro líquido de R$ 826 milhões no segundo trimestre, valor 67% menor do que o mesmo intervalo do ano anterior. O papel teve baixa de 1,03%.

Vale citar ainda que a B3 divulgou, na manhã de hoje, a segunda prévia da carteira teórica do Ibovespa para o período entre setembro e dezembro deste ano. A prévia mantém Arezzo (ARZZ3), São Martinho (SMTO3) e Raízen (RAIZ4), que já haviam entrado na primeira versão do índice, mas exclui JHSF (JHSF3).

Criptomoedas

O mercado de criptoativos estendeu o cenário misto da véspera e o Bitcoin (BTC) voltou a “andar de lado” sem grandes variações ao longo do dia, com os investidores à espera de fatores que possam desencadear novos movimentos.

Apesar do clima lateralizado, o BTC consegue se manter acima de US$ 24 mil, reflexo da manutenção do viés mais positivo para a cripto observado desde o início do segundo semestre.

“A recente recuperação das criptomoedas atingiu um muro à medida que os investidores de varejo continuam lambendo suas feridas e as instituições respeitam os principais níveis técnicos. O Bitcoin ainda não consegue ultrapassar o nível de US$ 25.000, mas parece estar mantendo uma trajetória de alta”, afirmou Ed Moya, analista sênior de mercados da Oanda, em nota.

Por volta das 16h55, a maior cripto do mercado tinha perda de 0,25%, negociada a US$ 24.044, conforme dados do Mercado Bitcoins disponíveis na plataforma TradeMap.

As altcoins, como são chamados os ativos além do BTC, seguem o clima ameno, apesar de sofrerem mais. O Ethereum (ETH) registrava queda de 0,72%, cotado a US$ 1.885.

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