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O drama da Americanas e o reflexo sobre o setor de varejo – o que marcou a semana

Foto: Shutterstock/CactusStudio

A perspectiva de que a Americanas (AMER3) pode estar mais endividada e ser menos lucrativa do que aparenta fez as ações da companhia despencarem nesta semana. E não é para menos.

A varejista já estava dando sinais negativos ao mercado em seus resultados.

Os dados mais recentes mostram que, de janeiro a setembro de 2022, a companhia acumulava prejuízo de quase R$ 450 milhões, número quase seis vezes maior que o observado no mesmo período de 2021.

As perdas cresceram a despeito de a receita ter aumentado, inclusive em ritmo mais rápido que a de outras empresas do mesmo ramo, como o Magazine Luiza (MGLU3).

Mas o mercado estava empolgado com as perspectivas para a companhia, em parte por causa da chegada de Sergio Rial, ex-presidente do Santander e executivo experiente, ao comando da Americanas, no início deste ano.

E foi exatamente esse evento que marcou a derrocada no preço das ações da companhia. Rial, com menos de duas semanas no cargo, renunciou após encontrar inconsistências no balanço da empresa.

Resumidamente, números que deveriam ser reportados de uma forma foram apresentados de outra no balanço, o que fez o lucro da Americanas parecer maior, e as despesas, menores, já que o gasto efetivo com as operações financeiras ficou fora do radar.

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Rial reportou o problema e avisou que a Americanas precisaria levantar bilhões de reais para fazer frente às despesas que passariam a ser reconhecidas no balanço.

A ação da Americanas despencou: saiu de R$ 12, na quarta-feira (11) – antes do anúncio -, para R$ 2,72, na quinta, uma queda de impressionantes 77,3%.

Outras ações do setor de varejo também foram abaladas pela notícia. O receio era de que as concorrentes tivessem cometido o mesmo tipo de falha na divulgação dos resultados.

O Magazine Luiza chegou a cair mais de 10% na quinta antes de especialistas apontarem que a empresa é mais transparente em suas contas, o que ajudou a ação a se recuperar e subir mais de 5% no fim do dia.

A Via (VIIA3) foi além e foi a público se explicar, mas nem isso evitou que o preço das ações caísse.

Veja os destaques da Agência TradeMap na semana

Muitas dúvidas

O ano mal começou e a Americanas (AMER3) já está nos livros de história por causa de potenciais dívidas que passaram pelo balanço durante anos sem serem contabilizadas adequadamente.

Algumas explicações sobre o que aconteceu vieram à tona, mas ainda há perguntas que precisam ser respondidas, entre elas o tamanho da dívida que precisa ser efetivamente reconhecida pela empresa.

Ano do boi

Os frigoríficos tiveram um forte desempenho na Bolsa em 2021, quando foram beneficiados pela demanda externa e por margens polpudas. Já em 2022, sucumbiram ao efeito negativo da inflação e, em sua maioria, viram o preço das ações acumularem perdas.

Para o ano de 2023, a expectativa ainda é de desafios para o setor, mas com riscos mais bem mapeados e com a chance de um empurrãozinho vindo da China para a melhora dos resultados.

Litígio Zero

O Ministério da Fazenda anunciou na quinta-feira (12) medidas para as empresas regularizarem a situação fiscal. Chamado de “Litígio Zero”, o programa dará descontos em multas, juros e valor do tributo, com direito a parcelamento em até 12 meses.

O “Refis” do novo governo Lula tem como objetivo reduzir o volume de processos nas instâncias recursais e ajudar o governo a diminuir o tamanho do buraco nas contas públicas.

Fantasmas nos bancos

A inadimplência, que comeu parte do lucro dos bancos em 2022 teima em não largar o posto da maior das preocupações das instituições financeiras do país. Até meados de 2022, acreditava-se que os calotes nos empréstimos estavam perto de parar de subir, mas a piora no cenário para os juros adiou o fim do problema.

A questão da inadimplência não é só os bancos deixarem de ganhar com os empréstimos que concedem, mas serem forçados a elevar as chamadas provisões para devedores duvidosos (PDDs), que nada mais são do que uma reserva que o banco acumula para compensar o dinheiro que pode vir a perder com calotes.

A poupança venceu?

A rentabilidade da poupança superou a variação da inflação em 2022 pela primeira vez desde 2018, entregando um retorno de 7,14%, contra alta de 5,79% do IPCA.

A expectativa é de que, neste ano, a aplicação também supere a alta de preços, mas ela ainda perderia para outros investimentos em renda fixa.

Agenda

Os próximos dias serão marcados pelos preparativos do mercado para a decisão de política monetária do Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, que será anunciada em 1º de fevereiro.

Na quarta-feira (18), o Fed apresentará o Livro Bege, relatório que mostra a situação econômica de diversas regiões americanas e que é usado pelo banco central como um termômetro da atividade nos Estados Unidos.

No mesmo dia, também serão publicados os números sobre as vendas no varejo e a produção industrial do país referentes a dezembro. Para o primeiro indicador, a previsão é queda de 0,8% em relação ao mês anterior, e para o segundo, contração de 0,1%, segundo dados divulgados pelo banco ING.

Dados que sugiram fraqueza acima da esperada na economia podem ser interpretados como algo positivo pelo mercado de ações.

Como o Fed está aumentando os juros para combater a alta de preços – e com isso criando um ambiente negativo para o resultado das empresas e suas ações -, a fraqueza econômica pode ajudar a mitigar a pressão inflacionária e evitar aumentos mais acentuados das taxas.

No Brasil, há expectativa de divulgação de dados sobre o desemprego do país referentes a novembro, na quinta-feira (19). Além disso, com a agenda esvaziada, o foco do mercado deve se voltar a declarações do governo sobre medidas econômicas.

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