Em um dia negativo para o Ibovespa, que recua acompanhando os mercados externos, as ações da Americanas (AMER3) nadam contra a corrente e disparam mais de 17% por volta das 11h06.
O anúncio feito na sexta-feira (22), após o fechamento do mercado, de que Sergio Rial, ex-presidente do Santander Brasil, assumirá o cargo de CEO da varejista, animou o mercado.
O executivo assumirá o lugar de Miguel Gutierrez, que passou os últimos 20 de seus últimos 30 anos na Americanas na posição mais alta da empresa. O processo de escolha, segundo o comunicado ao mercado, durou meses.
Gutierrez se desligará da varejista após o período de transição. Com ele, a Americanas saiu de 100 lojas para 3,5 mil unidades nas últimas duas décadas. Rial assumirá em janeiro de 2023.
Na visão de Jader Lazarini, analista CNPI da Agência TradeMap, a opção por Rial mostra a diligência do conselho de administração da varejista. “Em sete anos, o executivo tornou o Santander um dos grandes bancos do Brasil, e a mais rentável vertical da instituição espanhola”.
Em relatório, os analistas de varejo da XP, Danniela Eiger, Gustavo Senday e Thiago Suedt, avaliaram a troca no comando como positiva, destacando que Rial pode agregar a companhia em quatro pontos principais. O primeiro, na visão deles, seria uma gestão focada no controle de custos e retorno. O segundo, por sua vez, é o seu perfil de liderança motivacional e inspirador.
“Além disso, destacamos a capacidade em destravar valor em ativos estratégicos e um sólido histórico de execução, o que facilita o benefício da dúvida por parte dos investidores, em termos de entrega de resultados futuros”, avaliaram os analistas da XP.
Já o Itaú BBA destacou que a mudança é um “passo na direção certa”, na tentativa de “trazer novas ideias para uma das histórias de maior sucesso do varejo brasileiro”, comentaram Thiago Macruz, Maria Clara Infantozzi e Gabriela Moraes, analistas da instituição, em relatório.
Para o BBA, é provável que as ações subam daqui para frente. Vale ressaltar que desde agosto de 2020, quando atingiu sua máxima histórica, a Americanas já perdeu 89% de seu valor em Bolsa. Hoje, negocia a 70% do valor patrimonial, no menor patamar dos últimos 10 anos.
“Sentimos que esse ativo foi deixado de lado por investidores e analistas nos últimos trimestres. A volatilidade no impulso operacional, juntamente com problemas de comunicação, fez com que o papel fosse negociado abaixo de todo o seu potencial”, comentaram os analistas do BBA.
Com essa mudança gerencial, Macruz, Infantozzi e Moraes acreditam que mais investidores podem dar à empresa o “benefício da dúvida”.