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Bitcoin e BDRs lideram os ganhos em 2021; Bolsa brasileira fica na lanterna do ranking de investimentos

Alta das ações americanas turbinou ganhos na renda variável em 2021; para 2022, aumento da Selic deve beneficiar renda fixa

Foto: Pixabay

No ano em que o fantasma da inflação voltou a corroer o poder de compra dos brasileiros, alcançando o maior patamar desde 2003, apenas os investimentos em ativos no exterior conseguiram bater o IPCA, que acumula alta de 10,74% em 12 meses até novembro.

O Bitcoin e os recibos de ações de empresas listadas no exterior (Brazilian Depositary Receipts – BDRs) lideraram os ganhos no ano, com altas de 73,7% e 33,65%, respectivamente. Já a bolsa brasileira ficou na laterna dos investimentos, registrando queda de 12% no ano, a terceira pior performance do mundo, só atrás das bolsas da Venezuela e de Hong Kong, segundo dados do country economy.

Para 2022, o esperado aumento da taxa de juros nos Estados Unidos e o fim do programa de compra de ativos pelo Fed, o banco central americano, devem se refletir no apetite dos investidores por ativos de risco, como bolsa e alocação em mercados emergentes. Já no Brasil, a continuidade do ciclo de alta da taxa Selic, que deve atingir dois dígitos e alcançar o maior patamar desde 2017, deve beneficiar a performance dos ativos de renda fixa.

Na renda variável local, apesar de a Bolsa estar negociando com preços bastante descontados, no menor patamar dos últimos 20 anos, o mercado ainda sofre com a perspectiva de crescimento mais fraco do PIB, próximo de zero no ano que vem, e a maior volatilidade causada pela incerteza no cenário eleitoral.

Embora a taxa de câmbio também deva ser afetada pelas incerteza no cenário eleitoral, o patamar já bastante depreciado do real, que amargou o quinto ano consecutivo de queda frente ao dólar, que  fechou a R$ 5,5805, abre um espaço mais limitado para depreciação da moeda brasileira.

A média das projeções dos analistas no Boletim Focus divulgado pelo Banco Central no último dia 27 apontava para um dólar a R$ 5,60 no fim de 2022, uma valorização de 0,35% em relação a 2021.

Confira a seguir os investimentos que lideraram os ganhos em 2021.

Ranking dos investimentos em 2021 1

Bitcoin lidera retorno dos investimentos pelo 3º ano consecutivo

O Bitcoin, a criptomoeda com maior valor de mercado, da ordem de US$ 893 bilhões, liderou os ganhos no ano, encerrando 2021 no maior patamar desde 17 de dezembro, segundo dados do Mercado Bitcoin das 18h17.

Depois de bater o recorde de R$ 69 mil em novembro, o Bitcoin passou por uma correção no fim de 2021 puxada por investidores institucionais, acompanhando a performance de outros ativos de risco em meio à perspectiva de aumento da taxa de juros nos Estados Unidos.

“Acreditamos que 2022 pode ser um ano bom para o Bitcoin, com a ressalva de que, enquanto a incerteza sobre a alta de juros nos EUA permanecer, o preço do ativo tende a ficar pressionado”, diz Theodoro Fleury, gestor da QR Asset Management.

Já se o Bitcoin vai atingir a tão esperada marca de US$ 100 mil, primeiro a criptomoeda precisará escapar da zona de bear market. “Precisamos ver o Bitcoin abaixo de US$ 40 mil para falar de uma zona mais profunda de correção. Já para consolidar o bull market, ele precisa ficar acima de US$ 52 mil, US$ 53 mil”, diz Vinicius Bazan, analista de criptomoedas da Empiricus.

Alta das ações de empresas dos EUA impulsiona ganhos de BDRs

A alta das ações das empresas americanas impulsionou os ganhos dos recibos de ativos estrangeiros, os BDRs, negociados na B3. Esses ativos tiveram a segunda melhor performance no ano entre as classes de investimentos, com o índice BDRX acumulando alta de 33,65% em 2021.

Entre as maiores valorizações do BDRX, destaque para os papéis da General Electric (GEOO34), que subiram 872,48% . O conglomerado americano anunciou neste ano a separação de seus negócios em três empresas que serão listadas e que atuarão no setor de saúde, aviação e energia, a fim de gerar mais valor para seus acionistas.

Outro BDR que teve destaque foi o da empresa de biotecnologia alemã Biontech SE (B1NT34) com ações listadas na Nasdaq, que fechou em alta de 227,68%. A companhia ganhou relevância na pandemia após a parceria com a Pfizer para o desenvolvimento de vacinas contra o coronavírus.

Depois de baterem sucessivos recordes de alta, as bolsas americanas encerraram 2021 com ganhos acima de 20%, com o S&P 500 subindo 28,05% e o Nasdaq, 22,3% no ano, até 30 de dezembro.

Apesar dos múltiplos mais altos das ações listadas nos Estados Unidos, principalmente do setor de tecnologia, analistas e gestores ainda veem oportunidade nesse mercado, principalmente nos papéis de bancos e de setores cíclicos, que ficaram para trás. “As ações do setor financeiro devem se beneficiar do cenário de alta de juros”, diz Roberto Attuch Jr, fundador e CEO da OhmResearch.

Tesouro Selic lidera no Tesouro Direto, mas perde da inflação

Com a taxa básica de juros em alta no Brasil, devendo atingir dois dígitos em 2022, os títulos do Tesouro Direto atrelados à taxa Selic tiveram a melhor performance.

O índice IMA-S, que acompanha uma carteira teórica dos papéis atrelados à Selic, subiu 4,63% no ano.

A média das projeções dos analistas no último Boletim Focus apontava para uma Selic em 11,50% no fim de 2022, mas já há analistas esperando os juros num patamar acima de 12% para poder trazer as expectativas de inflação de volta para a meta.

“Devemos voltar a ver as carteiras de renda fixa rendendo 1% ou mais ao mês”, diz Marco Bismarchi, sócio da TAG Investimentos.

A piora do quadro fiscal, com a aprovação da PEC dos Precatórios prevendo o estouro do teto de gastos, e o aumento das expectativas de inflação levaram a uma alta das taxas dos títulos públicos, com o mercado exigindo um prêmio maior para financiar o governo. Quando as taxas das novas emissões dos títulos do Tesouro sobem, os preços dos papéis emitidos com taxas menores caem, o que resultou no retorno negativo de papéis atrelados à inflação e com rrtornos prefixados.

Para 2022, Bismarchi vê os títulos prefixados com horizonte de vencimento de dois a três anos, que estão oferecendo um retorno acima de 10%, como uma opção interessante para o investidor que pretende carregar os papéis até o vencimento. “O investidor trava uma taxa fixa até o vencimento e tem a opção de vender os papéis no meio do caminho e aumentar o retorno, se os preços se valorizarem.”

Em 2021, o índice que acompanha o desempenho dos títulos públicos prefixados, o IRF-M, registrou queda de 2,03%, puxada pelos papéis com prazos acima de 1 ano.

O sócio da TAG também vê valor em títulos do tipo Tesouro IPCA+, interessantes para proteger o patrimônio contra uma alta da inflação. “Gostamos de mesclar uma parcela em títulos mais curtos, com vencimento em 2024, com papéis com prazos mais longos, para 2045 e 2055”, diz Bismarchi.

A estrategista-chefe da Órama, Sandra Blanco, alerta, contudo, que os títulos com vencimento mais longos tendem a ser mais voláteis e podem ser mais vulneráveis as oscilações de mercado por conta da incerteza no cenário eleitoral.

Em 2021, o IMA-B5+, índice que acompanha o desempenho dos títulos do Tesouro atrelados ao IPCA com prazos acima de cinco anos, acumulou queda de 6,6%, enquanto o índice que segue uma carteira teórica dos títulos com vencimentos até cinco anos subiu 4,52% .

“Se olharmos o desempenho dos títulos públicos, todos perderam para a inflação. Como a inflação deve ficar mais baixa no ano que vem, o investidor na renda fixa vai poder recuperar o poder de compra”, afirma Blanco.

Já para quem não pretende levar os papéis até o vencimento, os títulos Tesouro Selic são uma opção mais defensiva, lembra Bismarchi.

Bolsa brasileira fica na lanterna dos investimentos

Com perda de 12% no ano, o Ibovespa fechou 2021 aos 104.822 pontos, a primeira baixa depois de cinco anos seguidos no positivo. Praticamente todos os índices acionários do mercado brasileiro registraram queda. Embora em patamar menor que o Ibovespa, o Índice Dividendos (Idiv) recuou 6,41% em 2021, enquanto o índice Small Caps, que engloba as empresas de menor capitalização de mercado, caiu 16,20% no ano.

Para os gestores, a maior parte do cenário negativo esperado para 2022, de um ano de eleições mais polarizadas e baixo crescimento econômico, já está refletida nos preços dos ativos. Contudo dadas as incertezas nos cenários político e fiscal, os analistas de instituições como BofA, Morgan Stanley, Santander e gestores do Itaú têm preferido papéis de empresas exportadoras e de setores mais defensivos, como serviços públicos e financeiro.

“O risco na Bolsa hoje é o de melhorar”, diz Marcelo Giufrida, sócio e CEO da Garde Asset Management.

Levantamento feito pela Agência TradeMap mostra que o Ibovespa tem potencial para subir até 37,38% em 2022. O consenso de oito bancos e corretoras varia de 116 mil a 144 mil pontos. Leia mais aqui.

Alta da Selic impacta performance dos fundos imobiliários

A alta da taxa Selic e a migração dos investimentos para renda fixa também afetaram a performance dos fundos imobiliários, com o índice Ifix encerrando 2021 com queda de 2,28%, no segundo ano consecutivo de perda.

Para 2022, os fundos de recebíveis, única categoria que teve retorno positivo no ano, devem continuar a distribuir bons dividendos, uma vez que investem em papéis atrelados ao CDI e à inflação.

Já os fundos de tijolos, como lajes corporativas, galpões e shopping centers, que foram mais afetados com a pandemia, são oportunidades mais para médio e longo prazos, diz a estrategista da Órama.

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