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Cenário fiscal exige mais rigor que o necessário na Selic, diz ata do Copom

Documento indicou que Selic pode subir ainda mais do que o previsto

O Banco Central (BC) indicou que será mais rigoroso que o necessário na elevação dos juros para evitar um estouro das expectativas de inflação. O motivo para isso são as dúvidas em torno do compromisso do governo com a redução das despesas públicas.

Na última quarta-feira, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou a taxa básica de juros (Selic) a 9,25% e sinalizou que ela atingirá 10,75% em fevereiro. Também disse que a taxa ficará em níveis altos por um bom tempo e até o mercado prever inflação alinhada às metas da instituição.

O mercado entendeu que a instituição optou por combater a inflação a despeito de potenciais efeitos negativos dos juros altos na atividade econômica. Não à toa, na quinta-feira que sucedeu o anúncio, os mercados de ações fecharam em baixa. Hoje, o BC divulgou a ata da reunião do Copom e deu mais detalhes sobre o que aconteceu.

O colegiado apontou que, em seu cenário básico, enxerga inflação acima da meta em 2022 – de 4,7%, ante objetivo de 3,50% – e praticamente em linha com a meta de 3,25% em 2023. Isso partindo da premissa de que a Selic atingirá um pico de 11,75% no ano que vem e terminará 2022 em 11,25%.

O problema, segundo a ata, é que há muitas dúvidas em torno da preservação de mecanismos que ajudam no ajuste das contas públicas. O mercado não sabe se o governo vai continuar se esforçando para fazer as despesas caberem no orçamento. A PEC dos Precatórios, que em sua versão integral abre espaço para mais de R$ 100 bilhões em despesas adicionais em 2022, é um dos motivos.

Mais rigor

O efeito prático disso é que os investidores passam a esperar inflação maior que a ideal – e é isso que o BC quer combater. Este fator fez o Copom deixar o cenário básico de lado e, em vez disso, trabalhar com outro, em que a inflação supera a meta tanto em 2022 quanto em 2023.

“Diante desse resultado, o Copom concluiu que o ciclo de aperto monetário deverá ser mais contracionista do que o utilizado no cenário básico por todo o horizonte relevante”, disse a ata. Ou seja: a Selic pode superar 11,75% em 2022 e terminar o ano que vem acima de 11,25%.

O grupo inclusive chegou a discutir a possibilidade de a Selic aumentar em mais do que 1,50 ponto porcentual na semana passada, “com cenários em que a taxa de juros permanece elevada por período mais longo do que a implícita no cenário básico”.

A conclusão foi de que manter este ritmo, no entanto, será suficiente para “não somente garantir a convergência da inflação ao longo do horizonte relevante, mas também consolidar a ancoragem das expectativas de prazos mais longos”.

Como isso afeta seus investimentos

O Copom reforçou o sinal de austeridade enviado ao mercado na semana passada e sugeriu que os juros podem subir ainda mais do que o esperado. A postura mais rigorosa é negativa para o mercado de ações, porque implica aumento de custos para as empresas, mais pressão negativa sobre a economia e retornos potencialmente maiores na renda fixa.

No entanto, o mercado parece já ter absorvido este choque na semana passada – o contrato futuro do Ibovespa com vencimento em fevereiro subia 0,32% por volta das 9h10 (de Brasília).

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