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Pressionado por Vale, Ibovespa quebra sequência de altas e fecha praticamente estável

Principal índice da Bolsa brasileira subiu 0,04%, aos 98.286 pontos

Gabriel Bosa

Gabriel Bosa

Foto: Shutterstock

Pressionado pela peso pesado Vale (VALE3), o Ibovespa quebrou sua sequência de três dias consecutivos de alta e fechou o pregão desta quarta-feira (20) praticamente estável, aos 98.286 pontos, enquanto as Bolsas do exterior fecharam em alta. Foram R$ 17,71 bilhões em volume negociado.

A performance do índice no mês de julho é, até agora, de queda de 0,26%, enquanto a desvalorização acumulada desde o início do ano é de 6,23%.

As Bolsas do exterior subiram em meio a avaliações de que o pior pode ter ficado para trás. Em Nova York, o S&P 500 teve alta de 0,59%, o Dow Jones avançou 0,15% e o Nasdaq subiu 1,58%. Na Europa, o índice Euro Stoxx 50 fechou com leve perda de 0,06%.

Tendências opostas no exterior

Outro fator que ajudou os mercados americanos foi o balanço da Netflix que, apesar de mostrar queda anual em quase todas as linhas, surpreendeu positivamente o mercado, que projetava números piores. Após o fechamento desta quarta, destaque para os resultados da Tesla (TSLA34).

A temporada atual de balanços é acompanhada com atenção redobrada pelos investidores, que, em meio a temores de recessão, buscam sinalizações do que vem pela frente para a economia dos Estados Unidos.

Apesar do otimismo, o receio de que o aperto monetário ao redor do mundo possa causar uma recessão não saiu do radar. Na Europa, os olhos estão voltados para a reunião do Banco Central Europeu, que ocorre nesta quinta-feira (21), com o mercado antecipando a primeira alta de juros em 11 anos.

Por lá, crescem as expectativas de que a Rússia retomará as exportações de petróleo para a Europa por meio do Nord Stream 1, ainda que com capacidade reduzida. Essa perspectiva positiva, porém, foi parcialmente compensada pela proposta da Comissão Europeia de reduzir o consumo de gás em 15%.

A ideia inicial é que os países da União Europeia diminuam voluntariamente a demanda por gás natural em 15% entre agosto deste ano e março de 2023. Além disso, também será levado ao Parlamento Europeu um projeto de lei para que essa redução possa ser obrigatória se houver consenso entre os membros do bloco.

Vale puxa Ibovespa

A Vale, que negocia cerca de 15% de todos os papéis do Ibovespa, recuou 2,16% após divulgar na noite de terça-feira (19) uma prévia operacional do segundo trimestre mais fraco, no qual teve uma produção de 74,1 milhões de toneladas de minério de ferro no período. Apesar de ter superado as expectativas do Goldman Sachs, por exemplo, que projetava um montante 5% menor, a revisão de projeção para 2022 não agradou.

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A mineradora reduziu a projeção de produção de minério de ferro este ano, de uma faixa entre 320 milhões e 335 milhões de toneladas por ano para 310 a 320 milhões de toneladas. Além disso, cortou a estimativa de produção de cobre para a faixa entre 270 e 285 milhões de toneladas, ante projeção anterior entre 330 e 355 milhões toneladas. “Esperamos uma reação negativa do mercado”, afirmou o Goldman, em relatório, antes da abertura do mercado.

Armstrong Hashimoto, sócio e operador da mesa de renda variável da Venice Investimentos, acredita que, além da redução da projeção, as incertezas quanto à recuperação econômica da China colocam a empresa em cheque, visto que o mercado chinês é o maior comprador da mineradora.

Ruídos em Brasília

Por aqui, além dos balanços e prévias operacionais, o mercado está de olho na tensão pré-eleições, ampliada pelas denúncias do presidente Jair Bolsonaro contra as urnas eletrônicas.

O mercado ainda continua repercutindo as taxas elevadas pedidas pelos investidores nos leilões de títulos públicos do Tesouro, em meio ao receio com o agravamento do cenário fiscal com a aproximação das eleições presidenciais e a possibilidade de o BC ter que manter os juros elevados por mais tempo.

Esse cenário já bate no Tesouro Direto: os papeis negociados pela plataforma fecharam em forte alta ontem, em meio a um aumento da preocupação com o risco fiscal no mercado doméstico e expectativa de alta de juros lá fora.

O movimento reflete o aumento dos prêmios de riscos no mercado local diante do aumento dos gastos do governo fora do teto de gastos (medida que limita o aumento das despesas públicas à variação da inflação do ano anterior) após a aprovação da PEC dos Benefícios e a incerteza sobre a política fiscal após as eleições.

Altas e baixas do pregão

No fechamento, as maiores altas do Ibovespa eram de Locaweb (LWSA3), Via (VIIA3) e Magazine Luiza (MGLU3), com ganhos de 15,54%, 12,99% e 10,04%, respectivamente.

A ação da Locaweb disparou em meio a uma expectativa positiva de analistas do mercado para o balanço da companhia para o segundo trimestre.

Pela manhã, os analistas do BTG Pactual que acompanham a ação da empresa distribuíram um relatório a clientes no qual afirma que a companhia terá um crescimento “impressionante” para a receita no segundo trimestre, de 52% em comparação em relação a igual período do ano passado, para R$ 280 milhões.

Já em relação às varejistas, Hashimoto avalia que essas ações se beneficiam de alguns fatores macroeconômicos. Primeiro, a elevação do Auxílio Brasil, programa de transferência de renda do governo federal, de R$ 400 para R$ 600 mensais acaba ajudando essas empresas, já que o poder de compra da população aumenta.

O sócio e operador da mesa de renda variável da Venice Investimentos explica também que vê uma perspectiva de arrefecimento na inflação brasileira, que é impulsionada pela medida da Petrobras de reduzir o preço do litro da gasolina em R$ 0,20 para as distribuidoras, passando de R$ 4,06 para R$ 3,86, a partir desta quarta-feira.

A CVC (CVCB3) teve alta de 7,18%, depois de comunicar que deu continuidade ao crescimento mensal de reservas que vem apresentando desde o início do ano e registrou expansão de 19% em maio, na comparação com o mês anterior, para R$ 2,5 bilhões. O valor representa o maior volume mensal de reservas desde janeiro de 2020, período anterior à pandemia de Covid-19.

Outra alta importante foi da Vibra (VBBR3), de 5,52%, que informou na manhã de hoje que o atual diretor presidente da empresa, Wilson Ferreira Júnior, informou ao conselho de administração que deseja deixar a companhia para “buscar novos desafios em sua trajetória profissional”.

Em relatório, o Bank of America disse que a saída do executivo da Vibra vinha sendo cogitada pelo mercado há alguns meses. Com isso, o anúncio de hoje finalmente remove especulações sobre as ações.

“As ações não estavam tendo um bom desempenho com as especulações, pois ele foi o principal responsável pelas recentes aquisições, principalmente da Comerc”, diz o banco.

Na direção oposta, as principais quedas do índice foram de Weg (WEGE3), Hypera (HYPE3) e Raia Drogasil (RADL3), com perdas de 3,6%, 3,19% e 2,87%, nesta ordem.

A Weg, empresa do setor de bens de capital com soluções em máquinas elétricas, automação e tintas, apresentou forte crescimento na receita no segundo trimestre, mas enfrentou um aumento ainda maior nas despesas no período, o que fez os resultados da companhia ficarem mais fracos do que o mercado previa.

O lucro líquido da companhia somou R$ 912 milhões no segundo trimestre, caindo 19,5% em relação ao mesmo período do ano passado, quando atingiu R$ 1,13 bilhão.

Na visão de Flávio Conde, analista da Levante Investimentos, os resultados da Weg foram “mistos”. “Vejo de forma positiva a alta de 25% na receita operacional bruta com mercado interno aumentando em 44% e o externo em 17%. Contudo, o recuo da margem bruta prejudicou os números”. Segundo ele, essa queda acentuada no papel da empresa é “exagerada”.

Criptos

Por volta de 17h, o BTC registrava avanço de 1,4%, cotado a US$ 23.889, segundo dados do Mercado Bitcoin disponíveis na plataforma TradeMap.

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O movimento positivo, que também reflete no avanço das Bolsas americanas, representa a queda do temor dos investidores para altas mais agressivas do Fed (banco central dos Estados Unidos) e de que a política monetária jogue a maior economia do mundo em recessão. 

Apesar do bom humor, analistas ressaltam que o clima macroeconômico ainda está bastante incerto e ressaltam cautela para possíveis novas pressões para quedas. 

“Não se deve descartar que novos episódios que possam causar uma piora da situação surjam no meio do caminho”, destaca Thais Almeida, analista da Titanium Asset Management.

Por outro lado, o Ethereum (ETH) perdeu parte da força nesta quarta após valorizar quase 50% em uma semana com o entusiasmo dos investidores pelas sinalizações de que a aguardada atualização da blockchain será feita em setembro.

A segunda cripto mais negociada do mercado registrava queda de 0,9%, a US$ 1.602, segundo informações da Coinext.

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