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Weg (WEGE3) sofre com suprimentos e vê rentabilidade no menor nível em 2 anos; ação cai quase 4%

O principal ponto positivo do resultado da Weg foi a resiliência da operação externa

Foto: Divulgação

Com a divulgação do resultado do segundo trimestre, a Weg (WEGE3) mostrou ao mercado que os próximos trimestres podem ser fortemente desafiadores – para não dizer de vacas magras. 

A queridinha da Bolsa brasileira informou que sua receita operacional líquida (ROL) atingiu a marca de R$ 7,18 bilhões no período entre abril e junho, 25% superior ao reportado um ano atrás. Aqui, a Weg se beneficiou, principalmente, da forte demanda por equipamentos industriais para os setores do agronegócio, papel e celulose e mineração no Brasil.

O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ficou em R$ 1,25 bilhão, queda de 9,8% na mesma base comparativa. O lucro líquido somou R$ 912,96 milhões no segundo trimestre, queda de 19,5% na comparação com o mesmo período de 2021.

Destaques Weg 2t22
Arte: Rachel Santos/TradeMap

Ambas as comparações ficaram manchadas pelo reconhecimento de créditos tributários referentes à exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS e Cofins no segundo trimestre do ano passado. Ajustado por esse episódio, o Ebitda e o lucro líquido cresceram 14,5% e 6,6%, respectivamente.

Mesmo com o ajuste, a margem líquida (que relaciona quando a empresa gera de resultado líquido da receita) caiu 2,2 pontos percentuais — mostrando uma tendência de arrefecimento nos indicadores de rentabilidade e eficiência.

O ROIC (Retorno sobre Capital Investido), importante mensuração de valor frisada pela companhia, fechou o primeiro trimestre em 26,9%.

O indicador está longe de ser ruim, mas atingiu o menor patamar em quase dois anos, conforme mostra o gráfico abaixo, extraído da plataforma do TradeMap

Fonte: TradeMap
Fonte: TradeMap

O segundo trimestre do ano passado também marcou um pico do ROIC – o maior da história da empresa – e a própria companhia reconhece que o indicador deve arrefecer até ao menos o fim do ano. 

Positivo

O principal ponto positivo do resultado da Weg foi a resiliência da operação externa, que no segundo trimestre deste ano representou 49,37% da receita total. 

A fatia está em menor patamar do que um ano atrás (quando era de 55,15%). Porém, surpreende a demanda pelos produtos e serviços da companhia a despeito da crise econômica de que Estados Unidos e a Europa se aproximam. 

O crescimento da Weg neste sentido superou a queda do dólar no período. No segundo trimestre do ano passado, o câmbio estava cotado a R$ 5,29, segundo média utilizada pela empresa. Já entre abril e junho deste ano, o dólar estava em R$ 4,93 – diminuição de 6,80%.

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As atividades da Weg, que consideram majoritariamente Estados Unidos na América do Norte, América do Sul e Central, Europa, África e Pacífico, são negociadas nas moedas locais e, ponderando sobre cada peso de cada localidade, o crescimento da receita líquida do mercado externo subiu 23,7% em 12 meses. 

Nos negócios fora do Brasil, os EEI (Equipamentos Eletroeletrônicos Industriais) cresceram, com a manutenção do investimento industrial.

Já no segundo negócio de maior relevância, o GTD (Geração, Transmissão e Distribuição de Energia), o mercado externo teve recuo de 11,6% em um ano em termos de receita, com o movimento natural dos negócios de ciclo longo.

Negativo

No início do pregão desta quarta-feira, as ações da Weg chegaram a cair quase 5%, enquanto o Ibovespa operava levemente no negativo. A reação negativa do mercado responde aos custos de crescimento da empresa. Por volta das 12h10, o papel recuava 3,97% e estava entre as maiores quedas do índice.

Como um “reloginho”, a empresa tem entregado resultados de forma sistemática – o que geralmente justifica múltiplos elevados no mercado. Ao mesmo tempo, a empresa mostra ser uma tese de investimento defensivo, pela proteção em moeda forte e ampla diversificação geográfica.

Mas o preço da manutenção desse crescimento e a necessidade de proteção ante o cenário incerto no futuro. 

A rentabilidade da Weg (dada pelo ROIC) foi pressionada pelo capital de giro maior no segundo trimestre deste ano, o que influencia no cálculo do indicador. 

Capital de giro: capital necessário para a continuidade das operações da empresa. É resultado da diferença entre capital disponível em caixa e somatório das despesas totais. 

A empresa tem enfrentado desafios na cadeia de suprimentos global e, com o aumento das matérias-primas, elevou-se a necessidade de capital de giro para a continuidade das operações.

Pressionada pela conjuntura global, a estrutura de custos da empresa, que se concentra sobretudo em aço e cobre, mostra que as margens da empresa devem se acomodar em um patamar menor do que o reportado ao longo do ano passado.

O custo dos produtos vendidos entre abril e junho abocanhou 72,61% da receita líquida, 2,99 pontos percentuais do que no segundo trimestre de 2021. Como se não bastasse, as despesas de vendas, gerais e administrativas cresceram 13,2% em 12 meses, acima da inflação apurada no período. 

Este cenário, somado ao aumento dos estoques da companhia – decisão tomada pela empresa em razão da volatilidade de preços – também influenciaram o fluxo de caixa da empresa. 

O montante líquido em disponibilidades (livre do endividamento) caiu 5,30% entre o fim de 2021 e o fim do primeiro semestre de 2022, para R$ 2,57 bilhões.

No fim das contas, o cenário amplamente desafiador chegou para ficar na Weg, que tem procurado amenizar os impactos com medidas parcialmente bem-sucedidas. Os investidores, entretanto, ainda terão de se acostumar com números mais tímidos da companhia catarinense.

Refinitiv Weg - 20/07/22
Arte: Rachel Santos/TradeMap

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