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Fundos de criptomoedas e small caps lideram ganhos entre ETFs em março; tendência de alta deve continuar?

QDFI11, primeiro fundo listado em bolsa de finanças descentralizadas (DeFi) na B3, liderou ganhos entre ETFs com alta de 14,07% em março

Foto: Shutterstock

Os fundos  que seguem índices de criptomoedas lideraram os ganhos entre os ETFs (Exchanged-Traded Funds) em março na B3. O fato de não ter tido uma escalada na guerra entre Rússia e Ucrânia que pudesse expandir o conflito para outros países e a redução das incertezas em relação ao aperto monetária nos Estados Unidos, com o banco central americano iniciando a alta da taxa básica de juros e indicando novos aumentos à frente, contribuíram para a recuperação de ativos de risco, movimento que beneficiou também as criptomoedas e as ações small caps.

Apesar da alta volatilidade, a tendência é que as criptomoedas possam mostrar uma recuperação se não houver nenhuma grande surpresa com a política monetária americana ou uma escalada do conflito na Ucrânia, afirma João Marco Braga da Cunha, gestor de portfólio da Hashdex.

O QDFI11, o primeiro ETF de finanças descentralizadas (DeFi) gerido pela QR Capital Gestora de Recursos a ser negociado na B3, liderou os ganhos entre os fundos listados na Bolsa em março, registrando alta de 14,07% no mês passado, segundo levantamento do TradeMap.

O fundo segue o índice  QR Bloomberg DEFI (QDFI11) composto por uma carteira diversificada de criptoativos com exposição a finanças descentralizadas e pode negociar posições compradas no mercado futuro de dólar para proteger a carteira da exposição cambial.

Além do QDFI11, há outro ETF na Bolsa dedicado à tecnologia DeFi, o DEFI11, gerido pela Hashdex, que espelha o índice CF DeFi Modified Composite Index e registrou alta de 8,52% em março.

As finanças descentralizadas são aplicações registradas na rede blockchain e viabilizadas por meio de contratos inteligentes, que permitem a realização de operações entre usuários como empréstimos, seguros e investimentos, sem a exigência de uma instituição financeira por trás.

“A volatilidade das criptomoedas é mais alta, então, esses ativos tendem a cair mais em momentos  de aversão a risco e sobem mais em momentos de recuperação”, diz Pedro Albuquerque, analista de portfólios e advisory do Inter.

Veja abaixo os 10 ETFs que lideraram os ganhos em março.

ETFs  Segmento Variação em %
Fonte: Trademap    
QDFI11  Criptomoedas 14,07%
ETHE11 Criptomoedas 12,63%
QETH11 Criptomoedas 11,86%
TRIG11 Ações Small Caps 10,37%
DIVO11 Ações Dividendos 10,19%
HASH11 Criptomoedas 9,64%
SMAB11 Ações Small Caps 9,61%
XMAL11 Ações Small Caps 8,96%
SMAL11 Ações Small Caps 8,92%
BBSD11 Ações Dividendos 8,62%

ETFs dedicados à rede Ethereum superam Bitcoin

Outro segmento de ETF que foi destaque de alta em março foi o de fundos dedicados à plataforma Ethereum, que tem a criptomoeda Ether, a segunda maior em valor de mercado atrás do Bitcoin, que soma US$ 422 bilhões.

O ETF Hashdex Nasdaq Ethereum Reference Price Fundo de Índice (ETHE11), gerido pela gestora Hashdex, registoru alta de 12,63% em março, enquanto o ETF QETH11 , da QR Capital, subiu 11,86%.

O ETHE11 tem como objetivo buscar retornos de investimentos que correspondam à performance em reais do Nasdaq Ethereum Reference Price, índice referenciado em ativos digitais da rede ethereum e calculado pela Nasdaq.

Já o QETH11 segue o índice  CME CF Ether Reference Rate, elaborado pela CF Benchmarks em conjunto com a Chicago Mercantile Exchange Group.

Em março, a plataforma Ethereum ganhou destaque frente aos pares por causa da expectativa de atualização da rede com a implementação do protocolo 2.0. “No caso da plataforma Ethereum, a critopmoeda tem um beta mais alto, isso faz com que ela caia mais que a média do mercado, mas também suba mais em momentos de recuperação”, diz Cunha.

Além disso, têm crescido os chamados tokens não fungíveis, conhecidos como NFTs, que usam a rede Ethereum para emitir e armazenar o certificado digital que garante que o ativo não pode ser alterado.

Estreou hoje (4 de abril) na B3 o primeiro ETF do mundo que investe em NFTs, o NFTS11, totalizando oito ETFs de criptomoedas na B3.

Conhecidos como “cripto-colecionável”, esse mercado totalizou  US$ 17,6 bilhões em 2021 em vendas, de acordo com dados do NFT Market report, e abrange desde a famosa criptomoeda com a figura de macacos, Bored Ape Yacht Club, que têm celebridades como o jogador Neymar entre os investidores, até a venda do NFT do artista conhecido como Beeple, por US$ 69 milhões.

NFT macacos
Foto: Shutterstock. NFT Bored Ape Yacht Club tem Neymar entre investidores

Investidores atentos à regulação do mercado

Algumas notícias específicas no mercado de criptomoedas contribuíram para a valorização desses criptoativos em março.

A expectativa de que a Rússia poderia aceitar Bitcoin como forma de pagamento para os países que quiserem petróleo e outros recursos russos diante das sanções impostas pelo Ocidente contribuiu para a alta das criptomoedas.

Segundo Cunha, a ordem executiva assinada pelo presidente dos EUA, Joe Biden, no início de março, também ajudou a pavimentar o movimento de recuperação das criptomoedas e foi bem recebida pelo mercado, pois mostrou que o governo americano não quer adotar medidas restritivas que poderiam prejudicar o setor de criptoativos, como aconteceu na China, que proibiu a mineração e a negociação com criptomoedas.

O mercado, no entanto, vê com cautela o projeto de lei aprovado pela União Europeia em 31 de março, que proíbe transações anônimas de criptomoedas  acima de 1.000 euros até mesmo em caso de uso de carteiras de custódia própria. “A gente considera a regulação como uma coisa saudável para o mercado, mas o caminho até atingir uma regulação que seja boa é tortuoso”, diz Cunha.

ETF de Small Caps é destaque entre ações

Entre os ETFs de ações, o fundo Trígono Teva Ações Micro CAP/Small CAP (TRIG11) , gerido pela Trígono Capital, foi destaque de alta em março, registrando ganho de 10,37%, acima dos 8,81% do índice Small Caps da B3 e da alta de 6,06% do Ibovespa.

O fundo segue o índice Teva Ações Micro Cap/Small Cap, composto por 91 papéis , que tem como foco ações de empresas com capitalização acima de R$ 300 milhões, com liquidez mensal acima de R$ 50 milhões, que não estão em recuperação judicial e tenham free float maior que 20%.

“O índice Small Caps da Bolsa considera empresas com valor de mercado menor que R$ 10 bilhões, então acaba entrando muitas ações que não são de fato small caps“, diz Frederico Mesnik sócio da Trígono. “Selecionamos as menores companhias até atingir 5% da capitalização de mercado da bolsa, de acordo com esses filtros”, explica.

Em março, contribuíram para a alta do índice o desempenho dos papéis da empresa de análise de crédito Boa Vista Serviços (BOAS3), do grupo de educação Cogna (COGN3), da agência de viagem CVC (CVCB3), da operadora de plano de saúde Qualicorp (QUAL3), da companhia de resseguros IRB (IRBR3), da incorporadora JHSF (JHSF3) e das empresas do setor de petróleo Petrorecôncavo (RECV3) e Enauta (ENT3).

O índice tem maior peso de empresas com maior exposição à economia doméstica como o setor de consumo (33%), bens industriais (15%), TI (12%), com o restante pulverizado.

Albuquerque destaca que no caso das empresas small caps, além do risco de liquidez, elas podem ter mais dificuldade de conseguir financiamento em momentos de taxa de juros e inflação altas em relação às large caps. “É mais fácil as empresas grandes sobreviverem a períodos de crise e guerra.”

Nesse cenário, o analista prefere os ETF de empresas boas pagadoras de dividendos. O DIVO11, que segue o  índice Dividendos – IDIV, calculado pela B3, teve a quinta melhor performance em março, subindo 10,19%. “Empresas boas pagadoras de dividendos oferecem melhor custo/benefício”, diz Albuquerque.

ETF de ações internacionais são alternativa de hedge

Apesar de perderam um pouco de atratividade com a queda de 17,5% do dólar frente ao real neste ano, e da realização de lucro vista na bolsa americana, com os investidores migrando de empresas de crescimento para companhias de valor, como commodities, o analista do Inter ainda vê os ETFs de ações internacionais como alternativa interessante de hedge para a carteira do investidor brasileiro.

“As bolsas americanas são mais perenes pela diversificação da operação. Se olharmos o ETF IVVB11, que segue o S&P 500, ele é composto por empresas como Amazon, Apple, Microsoft, que são muitos mais globalizadas que as do Brasil, diz. “Por isso o mais interessante é compor um mix na carteira com ETF locais e internacionais”, diz.

Para Albuquerque, do Inter, a grande vantagem dos ETFs é a possibilidade de alcançar uma diversificação com uma taxa de administração, em geral, mais baixa e maior liquidez.

A B3 conta com 66 ETFs, que somavam R$ 45 bilhões em valor de mercado em fevereiro e reunia 524.414 investidores pessoas físicas.

 

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