Agora vai? IRB (IRBR3) espera resultado positivo em 2022 após dois anos de prejuízos

Redução gradual de sinistros de contratos descontinuados deve ajudar a companhia

Foto: Shutterstock

Após reportar mais uma leva de perdas, com prejuízo de R$ 370,9 milhões no quarto trimestre de 2021, a administração do IRB Brasil (IRBR3) espera reverter este cenário e reportar resultados positivos em 2022, segundo declarações na teleconferência de resultados do quarto trimestre, na manhã desta sexta-feira (25).

“A recuperação está em curso”, disse Raphael Carvalho, CEO do IRB. “Os resultados mostram que 2022 será um ano de inflexão nos resultados, com um IRB robusto em solvência e ativos”, completa.

O grande fator por trás da expectativa de melhoria nos resultados, de acordo com o vice-presidente técnico e de operações do IRB, Wilson Toneto, é que a maior parte dos sinistros que têm pesado sobre os números vem de contratos que não serão renovados, mas que com os quais a seguradora ainda possui obrigações.

Em 2021, o efeito negativo dos 17 principais contratos descontinuados foi de R$ 687 milhões de reais – ou o equivalente a 50% do resultado bruto da empresa.

Leia mais:
IRB Brasil (IRBR3) tem maior queda do Ibovespa após prejuízo do 4º trimestre

A tendência é de reversão gradual destes efeitos. “A trajetória, se olharmos no gráfico, é que quanto mais se avança, menos sinistros de anos anteriores temos no resultado”, diz Toneto, e o fato de a companhia estar melhor reservada deve não só assegurar a continuidade deste processo como impulsioná-lo.

Hoje, as provisões da companhia equivalem a 110% do prêmio ganho. Com isso, o impacto da variação de provisões sobre o resultado futuro deve ser muito menor.

Vale ressaltar, porém, que mesmo que haja uma diluição gradual ao longo do tempo, os contratos descontinuados devem se estender até 2023, segundo a empresa.

O vice-presidente financeiro e de relações com investidores da companhia, Willy Jordan, cita a busca por concentrar suas operações no mercado brasileiro como uma forma de reduzir a sinistralidade.

Na visão da empresa, suas operações estarão sustentáveis quando no mínimo dois terços dos negócios ocorrerem no Brasil, onde a companhia é capaz de alavancar suas vantagens competitivas. Hoje, os prêmios emitidos no Brasil correspondem a 61% do total, contra 49% no quarto trimestre de 2020.

Tendências positivas para todo o setor também devem ajudar a empresa em 2022, segundo o CEO, como a expectativa de menos impactos da pandemia de Covid-19 sobre a economia e um cenário mais positivo para a taxa de juros.

O que o mercado espera?

Na visão da equipe de analistas da Genial Investimentos, em relatório publicado nesta sexta-feira, o prejuízo do IRB no quarto trimestre foi maior do que o esperado pela corretora, que previa perdas de R$ 68 milhões, e pelo mercado, que projetava prejuízo de R$ 93 milhões.

Com isso, a Genial continua cautelosa em relação à ação, devido principalmente à incerteza em relação ao retorno sobre patrimônio (ROE) de longo prazo; à continuidade de impactos de contratos descontinuados; ao consumo de capital e à necessidade de novos aportes devido aos prejuízos; e à pressão na sinistralidade do resseguro rural.

Apesar de relembrar que a administração da IRB já havia sinalizado um ano positivo em 2021, que na verdade terminou com prejuízo de R$ 681,7 milhões, os analistas da Genial apontam que uma melhora nos resultados em 2022 é possível: “A sinistralidade deve arrefecer com o término de vigência de parte dos contratos descontinuados, melhora da sinistralidade do seguro rural no consolidado anual e das carteiras de vida com menos óbitos decorrentes da pandemia.”

Os analistas da corretora recomendam venda para a ação, com preço-alvo de R$ 2,80, o que representa queda de 11% em relação ao valor do fechamento da última quinta-feira (24), de R$ 3,16.

Além da Genial, o mercado, de uma maneira geral, parece cauteloso com as ações. De acordo com dados da Refinitiv disponíveis na plataforma TradeMap, quatro das sete casas de análise consultadas recomendam a venda do ativo, enquanto as outras três indicam a manutenção do papel na carteira.

A mediana de preços-alvo dos analistas é de R$ 5, o que indica potencial de alta de 58%.

Por volta das 13h45 desta sexta-feira, a ação era negociada em baixa de 2,85%, a R$ 3,07.

Compartilhe:

Leia também:

Destaques econômicos – 02 de abril

Nesta quarta (02), o calendário econômico apresenta importantes atualizações que podem influenciar os mercados. Confira os principais eventos e suas possíveis repercussões:   04:00 –

Mais lidas da semana

Uma newsletter quinzenal e gratuita que te atualiza em 5 minutos sobre as principais notícias do mercado financeiro.