Obstáculos dentro e fora do Brasil prejudicam resultados de empresas da Bolsa – o que marcou a semana

Ainda tem chão para o fim da temporada de balanços do quarto trimestre, a ser encerrada em 31 de março, mas os números já divulgados por empresas como Vale, XP e Lojas Renner mostram o desafio das companhias para driblar o cenário de preços do mercado mundial e o ambiente macroeconômico ainda restritivo no Brasil.

A Vale (VALE3)  teve lucro líquido de US$ 3,72 bilhões no período, uma queda tanto na base anual como trimestral, de 30,4% e 16,4%, respectivamente. O minério de ferro atingiu o menor preço do ano passado no quarto trimestre, o que acabou impactando o resultado da companhia

Para Jader Lazarini, analista CNPI da Agência TradeMap, o primeiro trimestre de 2023 deve ser um pouco mais favorável para a Vale, principalmente devido à expectativa de estímulos à economia chinesa. No entanto, cabe destacar a queda de 71,5% no fluxo de caixa livre das operações, o que sobra do negócio em si, para US$ 5,7 bilhões em 2022.

No caso da Renner (LREN3), o desafio pode parecer maior. Apesar da alta de 15,9% no lucro do quarto trimestre, a varejista sofreu o que se chama de “tempestade perfeita”, ao ver um cenário econômico já desfavorável ao consumo ser agravado. O clima mais frio que o normal, a Copa do Mundo e as eleições prejudicaram o resultado.

Na área financeira, a XP (XPBR31) apresentou queda de 21% no lucro líquido do quarto trimestre, para R$ 783 milhões. No ano, a corretora mal caminhou, praticamente empatando com o lucro de 2021, aos R$ 3,6 bilhões.

Mas há algumas exceções no mercado com desempenho positivo. A Auren (AURE3), por exemplo, mais que dobrou o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) no trimestre, para R$ 760,8 milhões, e viu o lucro decolar por causa de uma indenização recebida pela companhia.

Por conta do resultado final, a Auren anunciou o pagamento de dividendos de 1,5 bilhão, para a felicidade dos investidores. Assim como fez a Vale, que mesmo com recuo no lucro, pagará proventos de R$ 9,42 bilhões, sendo R$ 8,1 bilhões em dividendos e R$ 1,32 bilhão, JCP (juros sobre capital próprio).

Além disso, o Banco do Brasil (BBAS3) brilhou ao reportar um lucro maior que o esperado pelo mercado e uma rentabilidade maior que a de bancões privados, mesmo sendo prejudicado pela crise da Americanas (AMER3).  

Na semana que vem, pós-Carnaval, a temporada de balanços continua. Os destaques são Minerva (BEEF3), JSL (JSLG3), Transmissão Paulista - CTEEP (TRPL4) e Irani (RANI3).

Agenda da semana

A semana abre, na Quarta-feira de Cinzas (22), com a divulgação da ata pelo Federal Reserve, banco central americano, da última reunião do Fomc (comitê de política monetária).

No encontro, realizado no dia 1º de fevereiro, o colegiado aumentou a taxa de juros básica do país, em 0,25 ponto percentual (p.p.), para o intervalo entre 4,50% e 4,75% ao ano.

Na ocasião, o presidente do Fed, Jerome Powell, reconheceu que a inflação está desacelerando nos Estados Unidos, mas não o suficiente para garantir a convergência para a meta de 2%, o que justifica o aumento de juros em curso.

Na quinta-feira (23), é a vez de a zona do euro apresentar o CPI (índice de preços ao consumidor) do bloco comercial referente a janeiro. Dados preliminares mostraram recuou de 0,4% ante dezembro e, com isso, uma desaceleração da taxa anual do indicador a 8,5% no mês, ante 9,2% em dezembro, de acordo com a agência de estatísticas da União Europeia, a Eurostat.

E na sexta-feira, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) informa o IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15) de fevereiro. 

O IPCA de janeiro subiu 0,53%, quarto mês seguido de alta. Nos últimos 12 meses, a inflação acumulada é de 5,77%.

Vale lembrar que a B3 não funciona nos dias 20 e 21 de fevereiro, próximas segunda e terça. Na Quarta-feira de Cinzas, o pregão terá início às 13h (horário de Brasília).

E nos Estados Unidos, os mercados estão fechados na segunda-feira (20), devido ao feriado do Dia do Presidente. 

Veja os destaques da semana da Agência TradeMap.