O recado da ata da reunião do Fed (Federal Reserve), divulgada na quarta-feira (8), não apresentou novidades ao mercado. No texto, o banco central americano foi um pouco mais duro no seu discurso e reafirmou que o objetivo da política monetária atual é conter a alta dos preços, mesmo às custas de crescimento.
Mas o documento ficou defasado, considerando o intervalo entre o encontro, ocorrido três semanas antes, e a apresentação dos seus detalhes. Alguns fatores indicam que o cenário mudou, como a queda dos preços das commodities e sinais de que a economia global tem crescido menos.
Eis que, na sexta (8), o chamado payroll surpreendeu. O relatório mostrou que 372 mil vagas de trabalho foram criadas nos Estados Unidos em junho, número muito acima do esperado pelo mercado – que era inferior a 300 mil. Ou seja, a economia americana mostrou que tem fôlego.
Nesse contexto, o que o Fed fará na próxima reunião? O fiel da balança tem nome: se chama CPI (índice de preços ao consumidor) e será divulgado na quarta-feira (13). O dado pode ser decisivo para o banco central americano reforçar o seu tom hawkish, de maior tendência ao aperto monetário.
O CPI vai sinalizar se o consumo continua a puxar a inflação e, com isso, se haverá a necessidade de aumento maior dos juros básicos pela autoridade monetária – algo que o mercado vê como negativo porque eleva as chances de recessão.
Atualmente, a taxa básica americana está entre 1,50% e 1,75%. A expectativa majoritária é de que a taxa termine este ano perto de 4%.
A decisão desta semana pode deixar ainda mais claro a outras economias do mundo que o controle da alta de preços pós-pandemia e em período de guerra tem exigido mesmo muito mais esforço que o previsto.
Veja os destaques da Agência TradeMap na semana.
IPCA sob pressão
A queda nos preços da energia e combustíveis segurou uma alta maior do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de junho, que subiu 0,67%, abaixo do esperado pelo mercado. Apesar disso, o indicador oficial de inflação do Brasil deve continuar sob pressão nos próximos meses com a alta do dólar e aumento do Auxílio Brasil, que deve ser aprovado na semana que vem no Congresso.
Respiro para o bitcoin
O Bitcoin (BTC) deu sinais de alívio durante a madrugada da sexta-feira (8) e chegou a superar a casa dos US$ 22 mil pela primeira vez em quase um mês com a diminuição do temor dos investidores pela escalada dos juros americanos. A principal criptomoeda do mercado perdeu parte da força horas depois, mas ainda se sustentava no campo positivo. O desempenho, até a parte da manhã, fazia o Bitcoin somar valorização de 8,6% nos últimos sete dias.
Itaú compra fatia da Avenue
Na sexta-feira (8), o Itaú (ITUB3) anunciou acordo de compra de 35% da corretora americana Avenue. O banco prevê adquirir outra fatia, de 35,1%, e assim assumir o controle no prazo de dois anos, com 50,1%. O objetivo por trás da aquisição é expandir o acesso ao mercado de investimentos internacionais por meio da integração dos produtos e serviços da Avenue na Íon, plataforma do Itaú no segmento de varejo.
Suzano no lugar de PetroRio
A Suzano (SUZB3) entrou no lugar de PetroRio (PRIO3) no ranking de ações mais indicadas para julho, segundo dados consultados pela Agência TradeMap com 14 corretoras. Por outro lado, quatro dos cinco papéis mais recomendados por analistas em junho seguem escolhidos para o mês atual. E a Vale (VALE3) é o mais indicado para o período, posição que ocupa desde o início do ano.
XP abre conta
A XP procura ganhar participação de mercado de forma orgânica, transformando os clientes efetivamente em correntistas a partir do lançamento da conta digital realizada recentemente. Os desafios, porém, são variados, desde aqueles que fogem dos preceitos fundamentais da fintech, como os sensíveis ao contexto do mercado, que vê uma concorrência cada vez mais feroz no setor.
Ibovespa ao fim de 2022
O principal índice de ações da Bolsa brasileira, o Ibovespa, deve terminar 2022 melhor do que agora. Há divergências, mas a maioria dos especialistas divergem sobre as projeções para o indicador ao final de 2022, mas a maioria vê índice acima de 100 mil pontos.
Commodities: vender ou não?
O aumento do risco de recessão global, principalmente na Europa e nos Estados Unidos, levou a uma forte queda dos preços das commodities desde junho, o que pesou também nas bolsas de países com grande concentração nesse setor, como o Brasil. Diante desse cenário, fundos de investimento têm reduzido ou até zerado a posição em commodities, como é o caso das gestoras Ibiuna e SPX.
Agenda da semana
O Banco Central volta a divulgar, na segunda-feira (11), o Boletim Focus, com as projeções de especialistas para juros, inflação, câmbio e PIB referentes à semana anterior, após o fim da greve dos servidores do órgão, na terça (5).
Na sexta-feira (8), a autoridade monetária apresentou dados atualizados do documento até o dia 1º de julho. De acordo com o publicado, o mercado estima a Selic em 13,75% – atualmente, em 13,25% – ao fim de 2002, o patamar de 7,96% para o IPCA e de 1,51% para o avanço do PIB no período.
No âmbito mundial, outro anúncio importante para ser acompanhado nesta semana é o resultado do PIB (Produto Interno Bruto) chinês. O desempenho da economia do país no segundo trimestre será divulgado na quinta (14). A estimativa é a de que o crescimento fique abaixo dos cerca de 5,5% esperados pelo governo chinês.