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Juros sobem no mundo e aceleram viagem rumo à recessão – o que marcou a semana

Jerome Powell, presidente do Fed, lamentou não ter como reduzir a inflação em curso a não ser por meio de juros maiores e sinalizou ciclo de alta mais longo que o esperado

Foto: Shutterstock

A semana foi marcada por mais ações de bancos centrais pelo mundo em sua cruzada para controlar a inflação. As autoridades responsáveis por ajustes dos juros básicos nos Estados Unidos, Inglaterra e Suíça foram firmes diante cenário de alta disseminada dos preços, aumentando as taxas.

Por aqui, o Copom (Comitê de Política Monetária) finalmente interrompeu o maior e mais longo ciclo de alta da Selic desde 1999, ao manter a taxa básica em 13,75% ao ano. Em nota, porém, subiu o tom e avisou que pode retomar a qualquer momento a elevação da taxa se isso for necessário.

Discurso ainda mais agressivo foi o do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, que lamentou não ter como reduzir a inflação em curso a não ser por meio de juros maiores e sinalizou um ciclo de alta mais longo que o esperado. Na quarta-feira (21), o Fed elevou a taxa em 0,75 ponto percentual (p.p.) pela terceira vez consecutiva, para a faixa de 3,00% a 3,25% ao ano.

Esse foi o caminho também do banco central inglês, na quinta (23), ao anunciar alta de 0,50 ponto percentual nos juros do país, levando a taxa para 2,25% ao ano. Em comunicado, a instituição reiterou a missão de controlar os preços. No entanto, o mercado queria mais, assim como os próprios membros do Banco da Inglaterra – três dos nove integrantes do comitê recomendaram elevação de 0,75 p.p.

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No mesmo dia, o banco central suíço não passou despercebido. A instituição deixou para trás os juros negativos, elevando a taxa em 1 ponto percentual, para 0,50% ao ano.

Generalizado, o movimento de alta de juros tem apontado para o inevitável: a recessão mundial cada vez mais perto. Mas, ao mesmo tempo, um crescimento na atividade econômica neste momento é visto negativamente, porque esse terreno é fértil para a inflação.

Nos Estados Unidos, país no qual a recessão já é mais do que levada em conta, o desempenho da atividade do setor privado se mostrou mais resistente do que o mercado previa, o que significa, de fato, que mais aperto monetário terá que vir pela frente.

Já na Alemanha o PMI (índice de gerente de compras) composto, que inclui indústria e serviços, recuou a 45,9 pontos, o menor nível em mais de dois anos. Em ambos os setores o índice ficou abaixo dos 50 pontos, o que indica retração das atividades. E em toda a zona do euro, o indicador caiu para 48,2, abaixo dos 48,9 de agosto.

O que parece é que, logo, logo, as demais economias começarão a apresentar sinais mais fortes da retração em curso, enquanto a inflação permanecerá bem ativa. Será apenas o primeiro passo no longo processo de alta de juros para o alcance da estabilidade e, futuramente, a retomada do desempenho econômico.

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Veja os destaques da semana da Agência TradeMap.

Oi poderá receber menos do que previa de Telefônica, TIM e Claro

A empresa de telecomunicações Oi (OIBR3) informou, na segunda-feira (19), que pode receber menos do que previa pelos ativos móveis vendidos para TIM (TIMS3), Telefônica (VIVT3) e Claro. Se a expectativa se confirmar, a operadora pode precisar se endividar para devolver dinheiro às concorrentes, criando uma ameaça ao encerramento de seu processo de recuperação judicial.

Decisão do STF tem impacto limitado sobre Taurus

O STF (Supremo Tribunal Federal) manteve, na última terça-feira (20), as restrições em decretos do presidente Jair Bolsonaro (PL) que facilitavam compras de armas de fogo. A decisão da Casa, porém, tem impacto limitado para a Taurus, já que 65% da receita operacional líquida da maior fabricante de armas leves do mundo é oriunda do mercado externo.

CVC faz proposta em busca de recuperação

A CVC (CVCB3) fez uma proposta de aquisição da Oner Travel, startup de turismo com operações no Brasil e Portugal. A compra está alinhada com a estratégia de crescimento inorgânico da companhia, que já está na terceira aquisição em dois anos e tenta se reerguer após o período da pandemia da Covid-19. Com isso, o objetivo da CVC com a aquisição é aumentar a receita e a rentabilidade.

Quais as opções de carteira que batem o Tesouro Selic?

Os investimentos em produtos de renda fixa com remuneração pós-fixada ganharam atratividade com a taxa básica de juros em 13,25%. Surge a dúvida dos investidores: onde é melhor deixar o dinheiro destinado ao colchão de liquidez da carteira: em fundos DI ou no papel do Tesouro atrelado à Selic? Esses fundos possuem portfólios que buscam acompanhar o CDI (Certificado de Depósitos Interbancários).

Qual a saída para Yduqs, IRB e Qualicorp após atingirem a mínima?

Empresas como Yduqs (YDUQ3), IRB Brasil (IRBR3) e Qualicorp (QUAL3), que estão em processo de turnaround, atingiram a mínima dos últimos cinco anos na sexta-feira (16) após o fechamento do mercado, e agora em estão em busca de luz no fim do túnel.  O cenário de inflação e juros altos é outra pedra no caminho dessas empresas, uma vez que reduz o consumo dos produtos e os juros mais altos.

Agenda da semana

Na terça-feira (27), às 8h, o Banco Central do Brasil divulga a ata do último encontro do Copom, que decidiu por manutenção da Selic em 13,75% ao ano. A expectativa é que o documento apresente mais detalhes da reunião, principalmente sobre os sinais do colegiado de que vai manter os juros elevados por mais tempo.

Um pouco mais tarde, às 9h, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apresenta os dados preliminares da inflação de setembro. Após dois meses seguidos de deflação, a expectativa dos analistas é que o IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) aponte para nova queda dos preços neste mês.

No exterior, um dos destaques é a divulgação da versão revisada do PIB (Produto Interno Bruto) americano do segundo trimestre. Os dados serão apresentados na quinta (29), às 9h30, e devem indicar se o aumento dos juros na maior economia do mundo já está pressionando as atividades.

E na sexta-feira (30) será a vez da divulgação do PCE (índice de preços de gastos com consumo, na sigla em inglês) de agosto, um dos indicadores de inflação favoritos do Federal Reserve.

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