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Briga da Oi (OIBR3) com outras teles aumenta risco de insolvência e ameaça recuperação judicial

Oi pode precisar se endividar para devolver dinheiro a concorrentes, o que pioraria ainda mais a situação financeira da companhia

Foto: Shutterstock

A empresa de telecomunicações Oi (OIBR3) avisou nesta segunda-feira (19) ao mercado que pode receber menos do que previa pelos ativos móveis vendidos para TIM (TIMS3), Telefônica (VIVT3) e Claro. A notícia é negativa para a empresa, que ainda luta para se desvencilhar de um longo processo de recuperação judicial.

Por volta das 12h15, as ações ordinárias da Oi caíam 11,32%, a R$ 0,47.

Segundo a Oi, as três empresas fizeram contas sobre o valor final da transação – o chamado “ajuste pós-fechamento” – e chegaram à conclusão de que deveriam pagar R$ 3,2 bilhões a menos pela Oi Móvel.

As companhias argumentam que a Oi fez menos investimentos do que deveria na divisão de telefonia móvel e que teve uma participação inferior à combinada no crescimento da base de clientes da operação de telefonia móvel.

Na prática, as três teles querem um desconto de R$ 634 milhões para a TIM, R$ 488 milhões para a Telefônica, dona da Vivo, e R$ 324 milhões para a Claro.

Esse ajuste no valor final de venda da operação móvel era algo que estava mapeado pela Oi, mas numa magnitude menor. A empresa havia reservado R$ 1,4 bilhão para lidar com estas despesas.

Em comunicado, a Oi disse discordar da posição das compradoras e tem até 30 dias úteis para formalizar os argumentos contrários.

A empresa alega que o cálculo usado pelas companhias para pedir o desconto contém erros procedimentais e técnicos, podendo haver equívocos na metodologia da abordagem feita pelas empresas e seu assessor econômico, a consultoria KPMG.

Qual o impacto para a Oi?

O descontão pedido pelas compradoras é uma pedra no sapato na recuperação judicial da Oi. Se a empresa precisar  pagar mais do que previa, a dívida vai crescer.

Os R$ 3,2 bilhões que TIM, Vivo e Claro querem de volta equivale a 68% do Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) acumulado pela Oi nos últimos 12 meses.

Ou seja: mais da metade da geração de caixa da empresa em um ano seria direcionada a ressarcir as compradoras dos ativos de telefonia móvel.

O pagamento também pioraria ainda mais a capacidade da Oi para arcar com dívidas e obrigações de curto prazo.

No final de junho, a empresa tinha dinheiro em caixa para pagar 57% do chamado passivo circulante – pagamentos previstos para os próximos 12 meses.

Se entrassem nesta conta os R$ 1,7 bilhão a mais que a Oi precisaria desembolsar para chegar aos R$ 3,2 bilhões pedidos pelos compradores, este índice cairia para 47%.

Portanto, a capacidade de pagamento de dívidas de curto prazo, que já não era alta pode ficar ainda menor, aumentando o risco de insolvência da empresa.

O desembolso inesperado aumentaria também a necessidade de capital de giro – o valor mínimo que a empresa deve ter em caixa para funcionar. Isso poderia forçar a Oi a captar recursos via emissão de dívida (debêntures, por exemplo) ou com uma oferta de novas ações.

Todos estes fatores agiriam como obstáculos ao esforço da Oi para diminuir a própria dívida, que atualmente está em R$ 16,1 bilhões – bem menos que os R$ 65 bilhões atingidos há cinco anos.

No nível atual, a dívida representa 3,4 vezes o Ebitda gerado ao longo de 12 meses. Se a Oi precisar se endividar para ressarcir os compradores da Oi Móvel, este índice de alavancagem deve subir para 4,1 vezes.

Isso significa que se a Oi demoraria ainda mais tempo para pagar as próprias dívidas se mantivesse o mesmo nível de geração de caixa, o que torna o investimento na companhia mais arriscado e afasta para mais longe no tempo a perspectiva de distribuição de resultados aos acionistas.

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