Em dia morno, Ibovespa sobe 0,81% no pré-feriado; IRB (IRBR3) salta mais de 14%

Em um pregão calmo, às vésperas do feriado da Proclamação da República, o Ibovespa encerrou a sessão desta segunda-feira (14) em alta de 0,81%, aos 113.161 pontos, após passar a maior parte do dia no positivo. Foram R$ 23,36 bilhões em volume negociado.

Com o desempenho de hoje, a queda do índice no mês de novembro diminuiu para 2,48%, enquanto a valorização acumulada desde o início do ano soma 7,96%.

IRB e varejistas em destaque de alta

Entre as ações do Ibovespa, o maior destaque do dia foram as do IRB (IRBR3), que dispararam 14,63% após caírem 4,65% no pregão da última sexta-feira (11), um dia depois da divulgação do balanço do terceiro trimestre. O movimento pareceu ser de correção.

“O último resultado veio fraco, ainda pior do que o esperado, e as ações tiveram uma queda forte. Hoje, as cotações estão em alta retornando aos níveis que estavam no início da semana passada”, assinala Luan Alves, analista chefe da VG Research.

Alves aponta ainda outro fator que pode estar por trás da valorização da ação no pregão de hoje: “Essas flutuações são provavelmente decorrentes de movimentações realizadas por grandes players no mercado”, afirma o analista.

Também apareceram na ponta positiva do Ibovespa empresas mais sensíveis às variações dos juros, como varejistas e construtoras, que recuperaram parte das perdas da semana anterior, refletindo também uma estabilização na curva de juros futuros no Brasil. Destaque para Méliuz (CASH3), Pão de Açúcar (PCAR3) e Magazine Luiza (MGLU3), com ganhos de 10,91%, 5,16% e 4,62%, respectivamente.

Essas empresas apresentaram quedas sucessivas na última semana, pressionadas por uma percepção de que o governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) poderá ter menos responsabilidade fiscal, elevando o risco e elevando as taxas de juros futuros.

Além do movimento de juros, Rodrigo Cohen, analista e co-fundador da Escola de Investimentos, acredita que as varejistas sobem na bolsa em virtude da proximidade das datas festivas de fim de ano, que, historicamente, são momentos de alta nas vendas das empresas.

Ponta negativa do Ibovespa

Na ponta negativa, destaque para a Embraer (EMBR3), com baixa de 6,1%. No terceiro trimestre, a companhia teve prejuízo líquido de R$ 93,8 milhões, 47,8% menor do que o reportado no mesmo intervalo de 2021.

O resultado, porém, ficou abaixo das estimativas da XP Investimentos e do Santander, que esperavam que a fabricante de jatos apresentasse um lucro líquido de US$ 7 milhões e US$ 6 milhões, respectivamente, um valor próximo a R$ 30 milhões.

Além da Embraer, os frigoríficos recuaram em bloco e figuraram entre as principais perdas nesta segunda-feira, com Marfrig (MRFG3) perdendo 7,40% e JBS (JBSS3) recuando 3,09%. Ainda no setor, BRF (BRFS3) subiu 0,79% e a Minerva (BEEF3) fechou perdeu 1,85%

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Na visão do analista João Abdouni, da INV, as empresas exportadoras, em especial os frigoríficos, vivem no dia a chamada “realização de lucros”, ou seja, quando investidores entram no mercado para vender papéis que se valorizaram nos pregões mais recentes.

A ação da Cosan (CSAN3), por sua vez, caiu 2,04% após a empresa apresentar o balanço do terceiro trimestre. A empresa reverteu o lucro contábil de R$ 3,26 bilhões do mesmo período de 2021 e teve um prejuízo de R$ 201,9 milhões de julho a setembro deste ano.

E passado o fechamento do pregão inicial desta semana, investidores estarão atentos aos últimos balanços da temporada, com empresas como Nubank e Localiza (RENT3) divulgando seus resultados.

Fiscal em foco

Após o feriado, o foco do mercadot ambém estará na apresentação da PEC (Proposta de Emenda Constitucional) da Transição. Ontem, em nota, o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira defendeu que a proposta seja restrita a 2023 e que inclua somente o Bolsa Família de R$ 600 e o reajuste real do salário mínimo.

O PT (Partido dos Trabalhadores) defende que benefícios sociais sejam excluídos de forma permanente do teto de gastos, mas, diante da oposição de partidos do Centrão, já considera que essa autorização seja válida somente por quatro anos.

Na agenda de dados econômicos, o IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central), apelidado de “prévia do PIB”, subiu 0,05% em setembro, bem abaixo do esperado pelo mercado, que projetava avanço de 0,3%. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira pelo BC.

Na avaliação de economistas ouvidos pela Agência TradeMap, os ventos contrários à atividade devem continuar segurando voos maiores da economia brasileira nos próximos meses. Mesmo assim, a tendência é que o PIB (Produto Interno Bruto) avance quase 3% em 2022, impulsionado pela injeção de recursos de programas sociais e pela reabertura pós-pandemia.

Para 2023, porém, a expectativa é que a atividade perca fôlego e cresça 0,7%, segundo analistas ouvidos pelo Banco Central na edição mais recente do Boletim Focus, também publicada nesta segunda.

Queda no exterior

Nos Estados Unidos, após a senadora democrata Catherine Masto assumir a liderança das eleições de meio de mandato em Nevada, definiu-se que o Senado americano continuará comandado pelo Partido Democrata.

Ainda não há definição sobre a Câmara dos Deputados, mas o cenário mais provável aponta para uma vitória republicana, ainda que com uma vantagem menor do que a prevista anteriormente.

Porém, o que realmente pesou sobre as Bolsas dos EUA, que fecharam no vermelho, foram temores em torno dos rumos da política monetária no país. Christopher Waller, diretor do Fed (Federal Reserve, o banco central americano), afirmou que a instituição ainda tem um caminho a seguir antes de pensar em interromper a alta de juros.

“O pronunciamento mais duro sugeriu que o Fed seguirá priorizando o controle da inflação ante o crescimento econômico do país”, avaliou a XP, em relatório.

Neste contexto, o S&P 500 fechou em baixa de 0,89%, o Dow Jones caiu 0,63% e o Nasdaq recuou 1,12%.

Já na Europa, os mercados começaram a semana em alta, embalados por dados econômicos melhores do que o esperado. A produção industrial da Zona do Euro em setembro apresentou alta de 0,9% na comparação com o mês anterior, contra expectativas de avanço de 0,3%. O índice Euro Stoxx 50 teve ganhos de 0,49%.

Criptomoedas

Após uma semana de perdas bilionárias, o mercado de criptoativos operou perto da estabilidade nesta segunda-feira, mas com a cotação das principais moedas ainda bastante descontadas em relação ao início do mês.

Por volta das 18h30, o Bitcoin (BTC) subia 1,2%, negociado a R$ 86.992, conforme dados do Mercado Bitcoin disponíveis na plataforma TradeMap. Na mesma hora, o Ethereum (ETH) registrava alta de 1,98%, a R$ 6.512.

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Os investidores passaram o fim de semana receosos que a quebra da FTX se expandisse para outras corretoras, como a Crypto.com. Nesta segunda, o CEO Kris Marszalek afirmou que a saúde financeira da empresa é sólida e que os números estão passando por uma auditoria.

O temor foi acentuado após clientes afirmarem dificuldades em fazer saques na exchange. Segundo Marszalek, os problemas são pontuais e tiveram impacto apenas sobre criptos específicas.