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De guerra a juros altos (e cena fiscal no Brasil): mundo se prepara para 2023 – o que marcou o ano

Foto: Shutterstock/xalien

Passada a pandemia da Covid-19, que marcou o cotidiano mundial principalmente em 2020 e 2021, já era de se esperar que o ano seguinte, 2022, seria um tanto difícil. O olhar ainda mais especial para a condução das economias foi mais do que necessário nesse período – o que não quer dizer que os problemas foram solucionados.

Como se não bastasse, a Rússia invadiu a Ucrânia ainda no começo do ano, iniciando uma guerra – sem perspectiva para o fim – que afetou ainda mais toda a economia mundial. Em função de barreiras impostas ao mercado russo, a cadeia logística mundial foi afetada, restringindo a oferta de commodities relevantes, como o petróleo.

Assim, a inflação surgiu forte, com recorde de alta em vários países europeus e nos Estados Unidos, e também voltou a assustar o Brasil depois de algumas décadas. O aumento de preços foi reforçado pela reabertura econômica e pela retomada do consumo de produtos e serviços represado durante a pandemia.

No Brasil, o Copom (Comitê de Política Monetária), do Banco Central, avançou no aperto dos juros, até a marca de 13,75% em agosto, o maior patamar desde 2016, como forma de barrar o consumo. A trajetória iniciada em março de 2021, quando a taxa era de 2% ao ano, foi a mais intensa desde 1999, e há chances de novos aumentos em 2023.

O mesmo está previsto para os Estados Unidos, cuja taxa está entre 4,25% e 4,5% ao ano, o maior patamar em 15 anos. As elevações, porém, serão menores em relação às deste ano. O BCE (Banco Central Europeu) também vê necessidade de nova altas. A zona do euro termina 2022 com juros de 2,50% ao ano.

O cenário alcançado hoje, com certo controle do movimento de preços nas principais economias do mundo, pode estar ameaçado pelo andar da China – e não se descarta uma recessão global. A principal tarefa do país agora é o reforço da abertura da atividade econômica após a Covid-19 iniciada somente neste fim de ano.

No contexto local, a montagem do novo governo, anunciada na manhã desta quinta-feira (29), arruma a cena política para o início do próximo ano, quando o debate fiscal será retomado com toda a força.

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Veja matérias publicadas no TradeMap sobre os principais fatos macroeconômicos de 2022.

Aprovação da PEC da Transição no Senado

A PEC da Transição foi promulgada pelo Congresso na quarta-feira (21) da semana passada. A proposta permite ao novo governo deixar o valor de R$ 145 bilhões do Orçamento de 2023 de fora do teto de gastos. Esses recursos são para bancar despesas como o Bolsa Família, mas a regra só vale por um ano.

Três meses de deflação no Brasil

Em outubro, após três meses de deflação, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) mostrou avanço de 0,59%. Com o resultado, o índice acumulou alta de 4,70% no ano. Até novembro, a elevação é de 5,13% e, nos últimos 12 meses, soma 5,90%.

Alta e topo da Selic

O Copom decidiu manter os juros em 13,75% ao ano na última reunião do colegiado em 2022, realizada no início de dezembro. Foi a terceira vez consecutiva em que a taxa básica da economia foi mantida. O próximo encontro será nos dias 31 de janeiro e 1º de fevereiro de 2023.

Disparada de serviços e PIB surpreendente

Os serviços registraram alta por seis meses consecutivos neste ano, segundo o IBGE, favorecido pela demanda reprimida pós-Covid-19. O recuo veio apenas em outubro, de 0,6% na comparação com setembro. O segmento puxou o desempenho do PIB (Produto Interno Bruto), que deve terminar o ano com alta em torno de 3%.

Desaceleração e reabertura da China

A China dá sinais de que pretende adotar políticas menos rigorosas de contenção da Covid-19, mas dificilmente fará isso com rapidez e provavelmente ainda vai se apoiar na restrição à circulação de pessoas em 2023 para evitar a disparada de casos da doença no país. A avaliação é do banco americano Wells Fargo.

Retomada do preço do petróleo

A despeito das análises que apontam a desaceleração da economia no próximo ano, o preço do barril de petróleo deve voltar a subir acima dos três dígitos ao longo de 2023. Esta é a visão do BTG Pactual em relatório divulgado aos investidores na segunda-feira (26).

Alta e desaceleração de juros pelo Fed

O Federal Reserve (Fed), o banco central americano, diminuiu o ritmo de alta de juros do país neste mês, mas passou a prever que a taxa atingirá níveis maiores e permanecerá elevada por mais tempo do que se esperava. A autoridade monetária prevê que os juros dos Estados Unidos devem terminar o ano que vem em 5,1%.

Maior nível da taxa da zona do euro

O BCE afirmou que precisará continuar elevando os juros para conter a alta de preços na zona do euro. Além disso, anunciou que vai começar a drenar parte do dinheiro injetado no sistema financeiro. Em dezembro, a taxa foi para 2,5% ao ano. Em outubro, ao 1,5% ao ano, tinha alcançado o maior nível desde 2009.

Guerra da Ucrânia e barreiras à Rússia

O FMI (Fundo Monetário Internacional) afirmou em outubro que o pior está por vir para a economia global. O motivo são as sequelas deixadas na economia mundial pela guerra entre a Rússia e a Ucrânia, iniciada em fevereiro deste ano, além do aumento no custo de vida em vários países e da desaceleração no ritmo de crescimento chinês.

Agenda da primeira semana de 2023

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) toma posse no domingo (1º). Este será o terceiro mandado do político, que também governo o país entre 2003 e 2010.

Lula começará governo com equipe ministerial toda anunciada. As últimas indicações foram feitas na manhã desta quinta. Uma das novidades mais importantes foi o anúncio de uma parlamentar evangélica para assumir o Ministério do Turismo, a deputada federal Daniela do Waguinho (União Brasil-RJ).

O futuro presidente também confirmou o nome do governador do Amapá, Waldez Góes (PDT), para o Ministério da Integração Nacional e Desenvolvimento Regional. O ministério da Agricultura e Pecuária ficará com o senador Carlos Fávaro (PSD-MT), e o do Desenvolvimento Agrário, com o deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP). A pasta de Minas e Energia será do senador Alexandre Silveira (PSD-MG).

Jader Filho (MDB), filho de Jader Barbalho, será o ministro das Cidades, enquanto Renan Filho (MDB-AL), filho de Renan Calheiros, assumirá o titular dos Transportes.

O deputado federal Juscelino Filho (União Brasil-MA) será o ministro das Comunicações. O ministro da Comunicação Social, por sua vez, será o deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS).

Economia

No âmbito econômico, a semana conta com a divulgação da ata da última reunião do Fomc, comitê de política monetária do Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos.

No encontro realizado em meados deste mês, o Fed desacelerou a alta dos juros para 0,50 ponto percentual, depois da sequência de quatro aumentos de 0,75 p.p.. Com isso, a taxa básica americana subiu para o patamar de 4,25% a 4,5% ao ano, conforme citado acima.

No Brasil, o IBGE (Instituto de Geografia e Estatística) divulga, na quinta-feira (5), a PIM (Pesquisa Industrial Mensal) de novembro. O setor registrou aumento de 0,3% em outubro na comparação com setembro e interrompeu dois meses seguidos de queda. Em 2022, porém, o acumulado é de queda de 0,8%, e em 12 meses o tombo é de 1,4%.

Ainda na quinta, a Fenabrave, federação dos distribuidores de veículos, divulga as vendas de veículos de dezembro e de 2022. E na sexta-feira (6), será a vez da Anfavea (associação das montadoras) informar a produção, licenciamentos e exportações também de dezembro e do fechamento do ano.

A produção de carros no país vai perder 250 mil unidades neste ano devido à falta de semicondutores nas montadoras, segundo a entidade. Apesar disso, a expectativa da Anfavea em outubro era que o Brasil superasse na primeira semana de dezembro a meta de 2,14 milhões de unidades previstas para 2022 e, ao fim, batesse a marca de 2,24 milhões de automóveis registrada em 2021.

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