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BCE tempera alta de juros na Europa com ingrediente novo para conter inflação

Além de aumentar a taxa de juros, a instituição indicou que vai drenar o estímulo injetado na economia desde 2014

Foto: Shutterstock/cactii

O BCE (Banco Central Europeu) aumentou a taxa de juros da zona do euro em 0,50 ponto porcentual, para 2,50% ao ano. A decisão veio em linha com a maior parte das expectativas do mercado.

A instituição, porém, disse que precisará continuar elevando os juros para conter a alta de preços. Além disso, anunciou que vai começar a drenar parte do dinheiro injetado no sistema financeiro.

“O conselho julga que os juros precisarão subir significativamente em um ritmo estável que seja suficientemente restritivo para garantir o retorno da inflação a 2%”, disse o BCE em um comunicado.

Os dados mais recentes sobre a inflação na zona do euro, referentes a novembro, sugerem que a inflação começou a desacelerar, mas está em nível alto, em 10% ao ano.

“Manter os juros em níveis restritivos, com o tempo, vai reduzir a inflação ao diminuir a demanda e evitar o risco de uma mudança persistente para cima nas expectativas de inflação”, disse o BCE.

Além de aumentar os juros, o BCE disse que começará a retirar do mercado parte do grande volume de dinheiro que injetou na economia desde 2014.

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Foram 3,3 trilhões de euros distribuídos desde aquele ano por meio da compra de títulos de dívida, e que vinham sendo mantidos no sistema financeiro, mas que começarão a ser recolhidos a partir de março do ano que vem.

A expectativa é que sejam drenados 15 bilhões de euros por mês até o início do segundo trimestre de 2023, quando o enxugamento pode aumentar.

Impacto no custos das empresas

Este tipo de medida ajuda a controlar a inflação porque mexe diretamente no custo do dinheiro para as empresas. Na prática, o BCE está sinalizando que deixará de atuar como comprador no mercado de dívida corporativa, o que encarece o financiamento das companhias, o que fará os executivos pensarem duas vezes antes de gastar.

O mercado reagiu ao anúncio com pessimismo. O índice europeu Stoxx 600, que operava em baixa antes de a decisão do BCE ser publicada, acentuou as perdas e caía 1,56% por volta das 10h45.

Isso porque os investidores temem que a cruzada do BCE contra a inflação culmine numa recessão na zona do euro.

Quanto mais os juros sobem, maior o freio imposto pelo banco central à economia. O BCE, porém, ainda acha que a zona do euro vai crescer em 2023 – a um ritmo de 0,5%.

“Isso é muito mais otimista do que a nossa previsão”, disse o banco holandês ING. “Isso aumenta o risco de que o BCE empurre a zona do euro para uma recessão a cada novo aumento de juros”, acrescentou.

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