O intervalo entre o anúncio do rombo contábil de R$ 20 bilhões pela Americanas (AMER3), na noite de quarta-feira (11), e o pedido de recuperação judicial (RJ) de uma das maiores e mais antigas varejistas do país, no início da tarde de quinta (19), foi de apenas sete dias e meio.
De lá para cá, a dívida informada pela empresa mais do que dobrou, passando a R$ 43 bilhões, e o império da Americanas desmoronou. A companhia disse, na quarta (18), que detinha apenas R$ 800 mihões em caixa e que parte significativa do valor estava “injustificadamente indisponível”.
O modo injustiçado se referia à batalha jurídica vencida pelo BTG Pactual (BPAC11) para bloquear parte do valor que o banco tem a receber da varejista. A pressão partiu também de outras instituições, como Bradesco (BBDC4), que pretendia segurar cerca de R$ 450 milhões do caixa da companhia.
O movimento dos bancos – e de fornecedores – contribuiu e muito para o rápido desenrolar dos acontecimentos. As instituições financeiras iniciaram conversar para um acordo, mas recuaram diante da aparente falta de disposição dos principais acionistas da Americanas de capitalizarem a companhia. E agora voltam a pressionar a varejista.
A capitalização necessária seria da ordem de R$ 24 bilhões, segundo um banco credor informou à Agência TradeMap. As instituições querem que os principais acionistas da varejista – Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira – entrem com algo entre R$ 12 bilhões e R$ 15 bilhões. O restante seria convertido pelos bancos em participação acionária.
Mas, se por um lado, a recuperação judicial vem a “proteger” a Americanas contra credores, novos efeitos negativos já afetam a companhia. A B3 anunciou na quinta a exclusão das ações da companhia de todos os índices da Bolsa, incluindo o Ibovespa.
Além disso, e o mais importante, a Americanas já é alvo de sete processos instituídos pela CVM. A autarquia criou uma força-tarefa por meio da qual também vai investigar agências de ratings e coordenadoras das análises dos balanços da companhia.
Nesse contexto, a ação da varejista terminou a R$ 1 na quinta e fechou o último pregão da semana valendo alguns centavos.
Veja os destaque da Agência TradeMap na semana.
Inter quer ter lucro de “bancão”
O Inter (INBR32) quer quintuplicar carteira de empréstimos até 2027 e ter lucro de bancão. Para isso, tem que aumentar de modo acelerado o número de clientes e rentabilizá-los com custos baixos. Hoje, são 24,7 milhões de clientes. A ideia é chegar a 60 milhões em 2027, o que exige uma taxa de crescimento anual contínua acima de 20%.
Renner nega novamente compra da C&A
No domingo (15), o colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo, disse que a Renner estaria em negociações preliminares para comprar a C&A. Após ser questionada pela CVM, a companhia afirmou novamente que a informação não procede.
Petrobras poderá pagar menos dividendos neste ano?
A era de ouro dos dividendos da Petrobras (PETR4) pode ter terminado em 2022. A metodologia utilizada hoje pela estatal para pagar proventos deve mudar com a entrada do novo governo e, como consequência, alterar também o valor pago, avalia o mercado.
Banco do Brasil prevê 40% do lucro de 2023 em proventos
O Banco do Brasil (BBAS3) anunciou na quinta-feira (19) que seu conselho de administração aprovou o payout (a porcentagem do lucro que será distribuído aos acionistas via juros sobre o capital próprio ou dividendos) referente a este ano. O banco pagará 40% do que lucrar neste ano para seus investidores.
Haddad põe reforma tributária no calendário
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse na terça-feira (17) que o governo quer votar no segundo semestre a proposta de reforma tributária sobre a renda. Já a parte centrada nos impactos sobre o consumo deve ser votada no primeiro semestre. Haddad deu as informações ao participar do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça.
Na quarta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), por sua vez, afirmou que o governo quer reformar o Imposto de Renda para reduzir os tributos pagos pela população que ganha menos e aumentar os impostos daqueles de maior renda.
No mesmo dia, em entrevista à GloboNews, Lula fez críticas à independência do Banco Central e à atual meta de inflação. A questão feita foi: de que serve um BC independente se a inflação e a taxa de juros estão elevadas? Como efeito, os juros futuros subiram tanto na quinta quanto nesta sexta-feira (20), e o assunto deve seguir nas rodas de mercado.
Agenda da próxima semana
Na terça-feira (24), o mercado terá a primeira sinalização sobre a inflação do ano. O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) publica o IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de janeiro.
Em dezembro, o índice avançou 0,52%, após alta de 0,53% em novembro. Em 2022, a inflação medida pelo IPCA-15 foi de 5,90%.
Na quinta-feira (26), o Banco Central publica a nota do setor externo, que mostra informações das transações do Brasil com outros países, referentes ao mês de dezembro.
De janeiro a novembro, as transações correntes acumulavam déficit de US$ 44,6 bilhões. O número era maior que os US$ 38,6 bilhões registrados no mesmo período do ano anterior.
Ainda assim, estava abaixo do nível acumulado em 2019 no mesmo intervalo, de US$ 62,3 bilhões.
Estados Unidos
Nesta próxima semana, sai o resultado do PIB (Produto Interno Bruto) dos Estados Unidos relativo ao quarto trimestre e, portanto, também ao acumulado do ano. Os dados são apresentados pelo BEA, escritório oficial de estatísticas americano.
A economia do país cresceu mais que o previsto no terceiro trimestre, o que preocupou o mercado devido ao risco maior do aumento da inflação.
Os números revisados, divulgados na penúltima semana de dezembro, mostraram que o PIB dos EUA cresceu 3,2% de julho a setembro, em relação ao segundo trimestre, em dados anualizados.
Outro dado a ser acompanhado pelo mercado é o PCE (Índice de Preços para Despesas com Consumo Pessoal) de dezembro. A divulgação do indicador, acompanhado de perto pelo Fed, o banco central americano, ocorre na sexta-feira (27) e servirá de base para a próxima reunião da autoridade monetária, no dia 1º de fevereiro.
No mesmos dia, é realizado o encontro do Copom (Comitê de Política Monetária), com a divulgação das taxas básicas de juros por ambas instittuições na chamada “Superquarta”.