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Inter (INBR32) quer quintuplicar carteira e ter lucro de bancão: quais os caminhos para isso?

Crescimento da lucratividade do banco passa pelo aumento acelerado e rentabilização dos clientes ativos

Foto: Shutterstock/rafastockbr

O Inter (INBR32) realizou, na manhã desta quarta-feira (18), seu dia do investidor de 2023, como sempre faz no mês de janeiro. O banco digital apresentou alguns de seus projetos e estimativas para os próximos anos.

Antes, em entrevista à agência Reuters, o CEO do Inter, João Vitor Menin, disse que a companhia tem a expectativa de atingir um lucro líquido de R$ 5 bilhões até o final de 2027. 

Nos primeiros nove meses de 2022, o banco digital teve receitas líquidas de R$ 2,56 bilhões, considerando todas as suas operações, mas registrou um prejuízo contábil na ordem de R$ 42,89 milhões.  

O crescimento da lucratividade do Inter passa pelo aumento acelerado do número de clientes, junto à tentativa de rentabilizá-los com custos baixos. 

Hoje, são 24,7 milhões de clientes. A ideia é chegar a 60 milhões em 2027, o que exige uma taxa de crescimento anual contínua acima de 20% ao ano. 

O CAC (custo de aquisição de clientes) do Inter atualmente é de R$ 28, um dos menores patamares dos últimos dois anos para a instituição. A perspectiva do mercado, porém, é que esse processo de crescimento do número de clientes seja encarecido pela tendência digital da indústria.

Para compensar esse futuro aumento no custo de aquisição e de servir os usuários, o Inter terá de acelerar a receita média mensal por cliente ativo (ARPAC, na sigla em inglês). 

Entre julho e setembro do ano passado, o ARPAC líquido do Inter foi de R$ 29, após atingir a máxima de R$ 35 no fim de 2021. O banco tem demonstrado dificuldade em ultrapassar esse patamar de receita mensal por usuário, sobretudo por conta da deflação, que impacta determinados produtos.

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A estratégia do banco nas entrelinhas, entretanto, é se assemelhar cada vez mais com um “bancão” do ponto de vista de rentabilização do negócio.

O Inter tem o objetivo de atingir uma carteira de crédito de R$ 100 bilhões em 2027, quase multiplicando por cinco o atual portfólio de empréstimos, que é de R$ 22 bilhões. 

Considerando que a instituição é majoritariamente exposta pessoas físicas, o índice de inadimplência acima de 90 dias na casa dos 3,8%, reportado no terceiro trimestre do ano passado, está dentro do padrão – menor, inclusive que o NPL do Nubank e do Pan.

A estratégia da companhia de realizar empréstimos com garantias colaterizadas (como o uso de bens diversos) pode contribuir para a manutenção da qualidade de crédito. Cabe ao banco a criação de produtos que façam sentido com a taxa de juros no maior patamar dos últimos anos. 

Inter mira passaportes para maior rentabilidade

A meta de 60 milhões de clientes no Inter, segundo Menin, não considera a entrada em novas geografias. Hoje, o banco mineiro está concentrado no Brasil e nos Estados Unidos. 

Entretanto, no material do Investor Day de 2023, a companhia menciona a possibilidade de ampliação das atividades para um ou dois países na Europa. 

O mercado europeu carece de inovação tecnológica, mas há demanda para a digitalização dos serviços financeiros. As fintechs Revolut e Wise, da Inglaterra, e N26, da Alemanha, têm agressivas taxas de crescimento.

A ampliação do mercado endereçável é positiva para o Inter do ponto de vista de novas linhas de receita, com vieses e contextos econômicos distintos. 

Num ambiente com taxa de juros menor, a rentabilidade pode ser impactada, mas o risco-retorno pode ser favorável. O guidance pressupõe a expansão da lucratividade em mercados ainda não explorados. 

O Inter tem o objetivo de atingir um ROE (Retorno sobre Patrimônio Líquido) de 30% em 2027. Para se ter uma ideia, nenhum dos grandes bancos no Brasil possui tal rentabilidade sobre patrimônio. 

Os mais próximos, Banco do Brasil (BBAS3) e BTG Pactual (BPAC11), têm taxas de 21,5% e 22%, respectivamente. 

A despeito das agressivas projeções, os investidores têm de considerar os múltiplos esticados do banco na atualidade. O Inter negocia a 266 vezes o lucro dos últimos 12 meses. 

Normalmente, a expansão de múltiplo reflete a criação de valor aos investidores por meio do equity. Agora, todavia, esses acionistas já embutem certa expectativa pelo crescimento da fintech brasileira.

Por volta das 12h45, os papéis do Inter subiam 2,7% na Nasdaq, para US$ 2,67. No Brasil, os BDRs tinham alta de 3,7%, para R$ 13,50. O banco vale US$ 1,06 bilhão na Bolsa americana. 

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