Lula diz que “rico vai entrar no IR” e cria grupo para discutir salário mínimo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou há pouco que o governo quer reformar o Imposto de Renda para reduzir os tributos pagos pela população que ganha menos e aumentar os impostos daqueles de maior renda.

Em evento com sindicalistas nesta quarta-feira (8), ele declarou que quer a reforma tributária aprovada no primeiro semestre deste ano e que o governo “vai mudar a lógica” do Imposto de Renda. “O rico vai entrar no Imposto de Renda”, declarou.

O presidente disse que concorda com a criação de um mecanismo para reajustar o salário mínimo levando-se em conta também o crescimento do PIB. Ao mesmo tempo, ressaltou no início da fala que herdou um país “destruído” e que mudanças exigem muita negociação.

“Não tem canetaço, tem construção”, declarou. “Vamos construir um entendimento. A partir daqui vamos construir isso na mesa de negociação.”

A fórmula de reajuste do mínimo que leva em conta a inflação e a expansão da economia era usada durante os governos Lula, Dilma e Temer.

“A gente já provou que é possível aumentar o mínimo acima da inflação. Não adianta o PIB subir sem distribuir. Então, o salário mínimo tem de subir de acordo com o crescimento da economia”, discursou o presidente, muito aplaudido pelos sindicalistas.

Na prática, houve a criação de um grupo de trabalho para estudar uma fórmula que leve em conta o crescimento da economia no reajuste do salário mínimo, sem data anunciada para a adoção de um novo valor.

O mínimo previsto no Orçamento de 2023 é de R$ 1.302, mas as centrais defendem um aumento do valor para R$ 1.320. A PEC da Transição, aprovada no final do ano passado, reservou R$ 6,8 bilhões para o reajuste, mas o montante não é suficiente para esse aumento.

A equipe econômica é contra um reajuste maior, já que a meta do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, é reduzir o déficit primário deste ano a menos de 1% do PIB.

Motoristas de aplicativo

Lula declarou ainda que o governo quer criar regras para o trabalho de entregadores de aplicativos, como o Uber e o 99.

“Queremos resolver essa situação de uma vez por todas. Os trabalhadores ganham R$ 2,5 mil, em alguma outra empresa, R$ 1,5 mil. Estão transformando o trabalhador em quase escravo na atual legislação.”

O presidente também disse que as mudanças serão feitas “respeitando a previsibilidade da nossa economia”.

“Vamos aumentar o poder de compra, mantendo a inflação controlada, para que a gente possa fazer como fizemos no primeiro governo, aumentar o poder de compra mantendo a inflação controlada.”