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Americanas: capitalização necessária seria de R$ 24 bi, diz credor; veja quais são os bancos credores

Bancos querem uma capitalização de pelo menos R$ 12 bilhões, mas a empresa propôs apenas R$ 6 bilhões

Foto: Shutterstock/thiago bacelar

A capitalização necessária pela Americanas (AMER3), que entrou com pedido de recuperação judicial nesta quinta-feira, seria da ordem de R$ 24 bilhões, segundo um banco credor.

O patrimônio da Americanas era de apenas R$ 14 bilhões em setembro. Os bancos querem que os acionistas entrem com uma capitalização de pelo menos R$ 12 bilhões e os bancos converteriam parte da dívida em participação acionária, segundo esse credor informou à Agência TradeMap.

No entanto, os acionistas da varejista, que incluem os sócios do grupo 3G Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, donos de empresas como a ABInbev e a Kraft, só concordaram com uma capitalização de R$ 6 bilhões, segundo a fonte.

De acordo com o BTG, juntos, esses acionistas teriam um patrimônio de R$ 180 bilhões.

Americanas perde mais de 80% em Bolsa

Em uma semana, a Americanas perdeu mais de 80% do valor de mercado e negocia a R$ 1,17.

A companhia informou, em pedido de recuperação judicial, ter uma dívida de R$ 43 bilhões. Na quarta-feira (18), a Americanas reportou que só tinha R$ 800 milhões em caixa após BTG Pactual e Banco BV conseguirem liminares para bloquear parte dos recursos da companhia na conta desses bancos, relativa a dívida que a empresa tem com essas instituições financeiras.

O Bradesco (BBDC4) também reteve mais de R$ 450 milhões do caixa da companhia, segundo informou a Americanas.

A empresa aponta no pedido de tutela cautelar para aprovação de recuperação judicial que tinha um caixa de R$ 8 bilhões, considerando os recursos que foram bloqueados pelos bancos e mais R$ 3 bilhões que a companhia esperava obter com operações de adiantamento de recebíveis de cartão de crédito, o que ficou difícil de realizar após a revelação de inconsistências contábeis da ordem de R$ 20 bilhões.

Veja os bancos com as maiores exposições à empresa:

gráfico bancos credores americanas

O BNDES informou que tem uma exposição indireta à empresa referente a uma proteção de fiança bancária, em que ele é o fiador da operação, no valor de R$ 2,4 bilhões.

Goldman Sachs e Bank of America também entraram na Justiça contra a medida que impede a antecipação de dívidas da empresa, concedida em 13 de janeiro.

Esses bancos pediram a suspensão da medida para poderem promover a liquidação e a compensação de transações de derivativos e as respectivas garantias, referente a contratos de hedge que a Americanas tinha com eles.

Americanas terá conversa com detentores de bonds amanhã

Os detentores de títulos de dívida da Americanas emitidos no exterior (bonds) terão uma conversa com o representante da empresa amanhã, segundo informou uma segunda fonte a par do caso. A Americanas contratou o banco Rothschild como assessor financeiro para conversa com os credores.

A Americanas têm duas emissões de bonds no exterior. Uma é de US$ 500 milhões, emitida pela B2W Digital, que vence em 20230 e estava negociando com 88% de desconto em relação ao valor de face, a US$ 11,25.

Outra emissão é também de US$ 500 milhões, emitida pela JSM Global, que vence em 2030, cujo papel negocia com desconto de 87%, a US$ 12,50. Ambas as emissões não contam com garantia, segundo a fonte.

A empresa ainda tinha, em setembro, R$ 4,3 bilhões em debêntures, sendo R$ 1,29 bilhão com vencimento no curto prazo, em até 12 meses, incluindo duas emissões de R$ 500 milhões cada que vencem em maio e junho deste ano.

Está prevista uma primeira assembleia com debenturistas no início de fevereiro para tratar da quebra dos covenants – cláusulas que protegem os credores caso a companhia descumpra algumas obrigações, como limite de alavancagem, e que podem disparar uma cobrança antecipada de dívidas.

A empresa deixou de pagar os juros remuneratórios da 17ª emissão de debêntures, que estavam previstos para 16 de janeiro.

A Americanas tem 48 horas para apresentar a lista completa de credores.

Se o juiz aceitar a recuperação judicial da empresa haverá a imediata suspensão de todas as ações e execuções de dívida existentes pelo período total de 180 dias.

Em um plano de recuperação judicial, os empregados da companhia têm direito de preferência de pagamento, seguidos pelos credores, que têm garantias nos contratos de dívida, e depois aqueles com dívida sem garantia.

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