Dando continuidade à tendência observada desde o início da semana, o Ibovespa engatou mais uma queda nesta quarta-feira (26), pressionado pela tensão pré-eleitoral a quatro dias do segundo turno. O principal índice da Bolsa brasileira fechou o pregão em baixa de 1,62%, aos 112.764 pontos, com R$ 28,41 bilhões em volume negociado.
Mesmo com mais este recuo, o saldo do Ibovespa para o mês de outubro segue de alta de 2,48%, enquanto a valorização acumulada desde o início do ano é de 7,58%.
Mais uma vez, o Ibovespa foi pressionado pelo cenário político incerto a cada dia mais perto do segundo turno das eleições, e com oscilações nas pesquisas de intenção de voto.
O ruído político abafou, inclusive, as expectativas com a decisão do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central), que será divulgada na noite de hoje. A maior parte do mercado não espera grandes novidades, com o BC devendo manter a taxa Selic no patamar atual, de 13,75% ao ano.
Ainda na frente econômica, a criação de empregos no Brasil continuou em setembro com a geração de 278 mil postos com carteira assinada, segundo dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) divulgados nesta quarta. O número veio melhor do que o esperado pelo mercado, que apostava na criação de 260 mil vagas formais.
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Balanços mexem com as ações
Após a divulgação do balanço, a ação do Santander (SANB11) derreteu 5,26%. O banco frustrou a expectativa de analistas do mercado ao registrar um lucro líquido de R$ 3,1 bilhões, queda de 23,5% em comparação com o trimestre anterior.
Na visão dos analistas Renan Manda e Matheus Guimarães, da XP Investimentos, o resultado mais fraco pode ser atribuído à menor margem financeira do banco. “Isso pressionou o seu resultado e levou a um lucro líquido 15% abaixo da nossa projeção”, afirmam.
Na outra ponta, quem liderou os ganhos do Ibovespa nesta quarta foi a WEG (WEGE3), que subiu 8,36% após reportar lucro líquido de R$ 1,15 bilhão no terceiro trimestre, aumento de 42,5% na comparação com o mesmo período do ano passado. O resultado foi consequência de uma demanda aquecida e um bom desempenho dos segmentos de geração, transmissão e distribuição de energia.
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O lucro líquido anotado de julho a setembro surpreendeu a XP, o BTG Pactual e o Santander. Em prévias, as casas projetavam, respectivamente, a obtenção de R$ 1,02 bilhão, R$ 975 milhões e R$ 949 milhões, respectivamente.
A Telefônica Brasil (VIVT3), dona da Vivo, subiu 0,78%, também impulsionada pelo balanço. A companhia registrou um lucro líquido de R$ 1,44 bilhão no terceiro trimestre, 9,3% superior a igual período de 2021, impulsionado por reajustes de preços e aumento na base de clientes.
O resultado veio bem acima das expectativas dos analistas, que projetavam recuo anual no lucro da companhia. A XP, casa mais otimista entre as consultadas pela Agência TradeMap, esperava lucro de R$ 998 milhões – 44% abaixo do reportado.
Agora, o mercado estará de olho nos balanços de EDP Brasil (ENBR3), Klabin (KLBN11) e Dexco (DXCO3), que serão divulgados depois do fechamento.
Exterior também cai
O dia também foi negativo no exterior, onde as Bolsas foram pressionadas por balanços piores do que o esperado. Em Nova York, o S&P 500 fechou em baixa de 0,74%, o Dow Jones subiu 0,01% e o Nasdaq recuou 2,04%. Na Europa, o índice EuroStoxx 50 fechou com ganhos de 0,55%.
Duas das grandes empresas de tecnologia dos Estados Unidos, a Microsoft (MSFT34) e a Alphabet (GOGL34), divulgaram resultados nesta terça-feira (25), e nos dois casos os números ficaram aquém das expectativas do mercado.
A Alphabet, dona do Google, reportou uma receita com anúncios de US$ 54,5 bilhões no terceiro trimestre. O número veio acima do observado no terceiro trimestre de 2021, mas ficou levemente abaixo do previsto por especialistas, de US$ 57,0 bilhões, segundo a CMC Markets.
No caso da Microsoft, tanto a receita quanto o lucro para o primeiro trimestre fiscal superaram as previsões do mercado, mas a empresa apresentou previsões pessimistas para o faturamento no trimestre seguinte.
A companhia espera faturar de US$ 52,3 bilhões a US$ 53,3 bilhões no segundo trimestre fiscal, mas o mercado esperava que a projeção ficasse em torno de US$ 56 bilhões. Um dos motivos para o pessimismo da Microsoft é a perspectiva de vendas menores de computadores, que pode reduzir a receita vinda da venda do sistema operacional Windows em 30%.
Diante disso, as ações da Microsoft caíram 7,72% em Nova York, enquanto as da Alphabet tiveram queda de 9,14%.
Criptomoedas
O mercado cripto reduziu parte da euforia visto na véspera, mas ainda está firme no campo positivo, oposto ao das principais Bolsas dos EUA.
Por volta das 16h50, o Bitcoin (BTC) subia 4,1%, negociado a US$ 20.857, segundo dados disponíveis na plataforma TradeMap. Na mesma hora, o Ethereum (ETH) valorizava 6,5%, a US$ 1.571.
O surto de valorização indica a queda do temor dos investidores para o futuro da economia global e o retorno de parte do mercado aos ativos de risco. O sentimento positivo é fruto da expectativa de o Fed (o banco central americano) ser menos agressivo na escalada dos juros nos próximos meses.
Apesar de a maioria das apostas indicarem novo aumento de 0,75 (p.p) ponto percentual na semana que vem, percepções de arrefecimento da maior economia do mundo induzem a especular um aumento mais leve no último encontro, em dezembro.
Investidores também acompanham a divulgação dos números das big techs no terceiro trimestre. Hoje as atenções estão voltadas para os números da Meta (ex-Facebook), que serão divulgados após o fechamento do mercado.