Após divulgar seu balanço do terceiro trimestre de 2022 antes da abertura do mercado, o Santander (SANB11) vê suas ações recuarem e liderarem as perdas na abertura dos negócios do Ibovespa. Por volta das 10h15, os papéis do banco desvalorizavam 7,29%, acompanhando o índice.
O Santander frustrou a expectativa de analistas do mercado ao registrar um lucro líquido R$ 3,1 bilhões no período, uma queda de 23,5% em comparação com o trimestre anterior.
Além disso, o número ficou bem abaixo das estimativas de todas as casas do mercado consultadas pela Agência TradeMap (Bank of America, BTG Pactual, UBS-BB, XP, Goldman Sachs e Genial Investimentos), que iam de R$ 3,7 bilhões, na mais pessimista, da XP, até R$ 4 bilhões, na mais otimista, do Bank of America.
Na visão dos analistas Renan Manda e Matheus Guimarães, da XP, o resultado mais fraco pode ser atribuído à menor margem financeira do banco. “Isso pressionou o seu resultado e levou a um lucro líquido 15% abaixo da nossa projeção”, afirmam.
A rentabilidade do banco, medida pelo retorno sobre patrimônio líquido médio (ROAE, na sigla em inglês), caiu para 15,6% no terceiro trimestre, de 20,8% no trimestre anterior, também abaixo das projeções.
A carteira de crédito do Santander somava R$ 484,2 bilhões ao final do terceiro trimestre, alta de 3,4% em relação ao segundo trimestre, variação semelhante à verificada no trimestre anterior, quando o aumento foi de 2,9%.
Em comparação ao final do terceiro trimestre do ano passado por exemplo, o avanço é de 7,5%, um pouco acima da inflação do período. Em setembro, o IPCA de 12 meses ficou em 7,17%.
Em comentário enviado ao mercado, a Genial Investimentos vê o lucro da empresa pressionado por uma receita de operações com o mercado negativa em R$ 1,55 bilhão, pelas despesas de provisões para crédito duvidoso elevadas e pela queda nas receitas com tarifas.
“Acreditamos que o mercado não tenha uma boa leitura do resultado desse trimestre”, previa a corretora antes da abertura de mercado.
Veja o balanço:
Lucro do Santander (SANB11) frustra mercado, com queda na margem e crédito em marcha lenta
Sinal ligado para os outros bancos
Embora os demais grandes bancos ainda não tenham divulgados seus números, os analistas que acompanham o setor financeiro acreditam que o Santander tende a ser a instituição que mais terá pisado no freio em relação à carteira de crédito.
Isso é esperado porque o Santander é o grande com maior exposição ao crédito para pessoa física. Com o aumento dos juros, que está em 13,75% ao ano, no maior nível desde 2017, o risco de calote aumenta e leva a instituição a ser mais cautelosa na hora de conceder novos empréstimos.
O resultado abaixo do esperado de Santander mexeu com as ações do setor. Na abertura, o papel do Banco do Brasil (BBAS3) caía 3,04%, o Itaú (ITUB4) perdia 1,94% e o Bradesco (BBDC4) recuava 3,24%.