WEG (WEGE3) se preparou para o pior (que já passou) e colheu o melhor; veja análise

Por volta das 12h50, os papéis da empresa subiam 7,76%, para R$ 37,77

Foto: Shutterstock/Alf Ribeiro

Nos últimos meses, a WEG (WEGE3) adotou um tom cauteloso para seu desempenho operacional. A visão de que o ano de 2021 havia sido impulsionado por eventos não recorrentes e que 2022 teria custos de produção desafiadores ditava o tom da gestão da companhia.

Aparentemente, o pior já passou. A WEG apresentou ao mercado, na manhã desta quarta-feira (26), o seu balanço do terceiro trimestre deste ano, animando os investidores após a abertura do pregão.

Por volta das 12h50, os papéis da empresa subiam 7,76%, para R$ 37,77, a maior alta do Ibovespa. No início da sessão, chegaram a disparar quase 10%, enquanto o o principal indicador da Bolsa já abria em queda.

Nos últimos 12 meses, o mercado precificou o esperado recuo da rentabilidade da WEG e colocou os múltiplos da empresa abaixo de sua média histórica, sobretudo no passado recente. 

Com mais um forte trimestre, os investidores recalculam as possibilidades de crescimento, visto que a companhia fez sua lição de casa em esperar pelo melhor, absorvendo o alto custo de commodities com estoques em busca da manutenção da rentabilidade, enquanto preparava-se para o pior.

No terceiro trimestre deste ano, a WEG lucrou R$ 1,15 bilhão, alta de expressivos 42,5% em 12 meses e de 26,8% em três meses. 

A expectativa de analistas ouvidos pela Refinitiv era de que o lucro ficasse em R$ 977,6 milhões. A empresa, portanto, superou a projeção em 18%. 

O ROIC (Retorno sobre Capital Investido) atingiu 27,9%, queda de 3,4 pontos percentuais frente ao terceiro trimestre do ano passado, quando a empresa disse que a alta rentabilidade sobre capital iria se arrefecer. Chama a atenção, entretanto, o aumento de 1 pp ante o segundo trimestre deste ano. 

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Entre julho e setembro deste ano, a WEG teve uma receita líquida de R$ 7,91 bilhões, avanço de 27,6% em um ano e de 10,1% em comparação ao segundo trimestre. 

O intervalo de julho a setembro deste ano mostrou, principalmente, a recomposição de margens. A recuperação operacional, em meio ao ainda desafiador cenário global, é de extrema importância para que investimentos em capacidade produtiva e novos negócios sejam possibilitados no curto e no médio prazos.

A margem Ebitda, que mostra a eficiência da operação, subiu 2,3 pp em três meses e 1,3 pp em um ano, beirando os 20%. Já a margem líquida, relativa ao que sobrou de lucro da receita líquida, cresceu 1,9 pp e 1,5 pp respectivamente, na comparação trimestra e anual, para 14,6%. 

A ROL (Receita Operacional Líquida) registrou a aceleração das atividades no exterior, que teve faturamento 12% superior, em reais. 

A América do Norte passou a representar 47,9% de todo o montante obtido no mercado externo, após ver a participação da Europa cair 1,9 ponto percentual em relação ao segundo trimestre, para 22,3%. 

A América do Sul e Central contribuem com 12,9%; Ásia-Pacífico, com 10,5%; e África, com 6,4%. Enquanto os Estados Unidos avançaram, todas as outras regiões perderam representatividade na receita em comparação ao segundo trimestre.

Mercado externo puxa WEG

O destaque dos negócios para além do Brasil foi o EEI (Equipamentos Eletroeletrônicos). A vertical representa 49,2% de toda a ROL e o mercado externo registrou quase o dobro de receita do mercado interno, a R$ 2,58 bilhões.

A carteira de pedidos, principalmente de ciclo curto, como motores elétricos de baixa tensão, segue sólida, a despeito da volatilidade de pedidos no continente europeu, que já vislumbra uma forte crise econômica no ano que vem.

Uma das razões para a melhora dos resultados e maior eficiência operacional foi a redução dos custos dos produtos vendidos, linha do balanço que chamou a atenção ao longo de todo o ano. 

O CPV da WEG subiu apenas 5,2% em três meses. Na comparação anual, avançaram 24,5%, abaixo do crescimento da receita, de 27,6%. 

A maior parte dos custos que oneram o resultado da WEG vem das matérias-primas, a exemplo de aço e cobre. O minério de ferro teve forte desaceleração ao longo dos últimos meses, em razão das perspectivas negativas para a economia chinesa. 

A WEG também encheu seus estoques ao longo dos últimos trimestres, como forma de contenção dos custos na hipótese de aceleração dos preços. A medida, inclusive, demandou alto capital de giro e gerou gastos maiores relacionados às commodities, mas mostra a iniciativa defensiva e coerente da gestão. 

Mais dívida, mais caixa. Preocupa?

O balanço da WEG também mostrou redução do caixa e aplicações e aumento no endividamento total. Ao fim do terceiro trimestre, o montante correspondente a esta linha (disponibilidade de aplicações) era de R$ 4,14 bilhões, ante R$ 2,94 bilhões no mesmo período do ano passado, uma alta de 40,8%.

Por outro lado, os financiamentos saltaram de R$ 1,63 bilhão para R$ 3,83 bilhões no mesmo intervalo, avanço de 134%. Com isso, o caixa líquido saiu de R$ 1,8 bilhão para R$ 360,62 mil.

Para amenizar as disponibilidades apenas em reais, no terceiro trimestre a companhia efetuou exportações de US$ 888,6 milhões (ante US$ 585,7 milhões em 30 de setembro de 2021), representando um hedge natural para parte de das dívidas e outros custos ligados a outras moedas, sobretudo em dólares.

As notas explicativas da WEG apontam para captações para capital de giro, com custo de 12,15% ao ano a 13,62% ao ano, ou 116% e 119% do CDI, mostrando que a empresa tem necessitado de recursos para manter o giro da atividade.

Vale ressaltar que 68,8% da companhia dívida é de curto prazo, ou seja, R$ 2,63 bilhões estão com vencimento para os próximos 12 meses. 

O sólido avanço das operações, por outro lado, com investimentos visando o longo prazo e que trazem mais resultado, tende a mitigar o aumento dos compromissos financeiros, como mostra o histórico da WEG. 

*Até o segundo trimestre de 2022

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