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Tensão eleitoral continua pesando e Ibovespa cai 1,2%; BRF (BRFS3) derrete mais de 11%

Mercado segue repercutindo caso Roberto Jefferson e a percepção de menor chance de Bolsonaro no pleito eleitoral

Gabriel Bosa

Gabriel Bosa

Foto: Shutterstock

Mais uma vez, o risco político pesou a poucos dias do segundo turno da eleição e o Ibovespa fechou em baixa, apesar do bom desempenho das Bolsas estrangeiras. O principal índice da B3 terminou o pregão desta terça-feira (25) em queda de 1,2%, aos 114.626 pontos, com R$ 23,09 bilhões em volume negociado.

Mesmo com mais esta queda, o saldo do Ibovespa para o mês de outubro segue de alta de 4,17%, enquanto a valorização acumulada desde o início do ano agora soma 9,35%.

Apesar de o caso ter ocorrido no final de semana, o mercado segue repercutindo o ataque a tiros do ex-deputado Roberto Jefferson a policiais federais que iam prendê-lo em sua casa. O caso ganha ainda mais relevância na semana da eleição, pois a percepção é que a proximidade entre Jefferson e o presidente Jair Bolsonaro (PL) pode prejudicar o desempenho do presidente no pleito.

Os investidores também repercutem a pesquisa Ipec (ex-Ibope), que foi divulgada ontem após o fechamento do mercado e que mostrou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com 50% das intenções de voto, contra 43% de Bolsonaro; brancos e nulos representam 5%, e os eleitores indecisos, 2%.

Hoje o dia também foi de divulgação da prévia do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) que, após duas deflações consecutivas, teve alta de 0,16%, desempenho um pouco pior do que a expectativa de 0,08% de crescimento.

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Ainda na frente econômica, o Copom (Comitê de Política Econômica do Banco Central) deu início a sua reunião de dois dias para definir o próximo patamar da taxa Selic. A maior parte do mercado aposta na manutenção da taxa nos níveis atuais, de 13,75% ao ano.

Altas e baixas do pregão

A maior queda do pregão foi de BRF (BRFS3), de 11,24%. Para Nicolas Farto, especialista em renda variável da Renova Invest, a queda está relacionada a um pedido de recall de produtos voltados para pet.

Na sexta-feira (21), o Mapa (Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) determinou o recolhimento, em todo o Brasil, de petiscos caninos da Balance, marca da BRF Pet, subsidiária da companhia.

Segundo um comunicado publicado no site do Ministério, a medida foi tomada após o Mapa receber oficialmente o comunicado de recall voluntário de três lotes de petiscos caninos da marca. Tudo começou quando foram detectados três lotes do aditivo alimentar propilenoglicol contaminados com monoetilenoglicol, composto químico tóxico, nos produtos da empresa.

Além disso, de acordo com reportagem do portal Seu Dinheiro, a ação do frigorífico também é pressionada por relatórios do banco americano JP Morgan, que cortou o preço-alvo do papel, e do Citi, que rebaixou sua recomendação.

Na outra ponta, uma das maiores altas do dia foi da Méliuz (CASH3), de 3,74%, após a companhia anunciar que começou a estudar uma segregação da plataforma de serviços financeiros Bankly por meio de um IPO (oferta pública inicial).

Na avaliação de Sérgio Castro, analista CNPI do TradeMap, “segregar as operações do Bankly pode ser benéfico para a Méliuz no sentido de descomplicar as operações e de dar um passo à frente no caminho da empresa rumo ao setor bancário”.

Em outra frente, mesmo depois de subir no pregão de ontem, em antecipação à operação, a ação da Suzano (SUZB3) teve mais uma alta, de 1,19%, depois de adquirir os negócios de tissue da Kimberly-Clark Brasil.

“Vemos com bons olhos a expansão no mercado de tissue por parte da Suzano, que dispondo da marca Neve, terá mais condições de brigar em uma parte mais premium do mercado de tissue no país”, afirmam analistas da Ativa Research, em comentários ao mercado.

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Além destas, as maiores altas do pregão foram de ações expostas aos juros, com destaque para Magazine Luiza (MGLU3) e Yduqs (YDUQ3), com ganhos de 5,15% e 4,61%, respectivamente. De acordo com o especialista em renda variável da Renova Invest, essas companhias acabam se beneficiando de um arrefecimento na curva de juros futura.

No caso de Yduqs, assim como Cogna (COGN3), que subiu 2,78%, além da questão dos juros, Farto afirma que o mercado acredita que uma possível vitória de Lula pode trazer um momento positivo para o setor.

“O mercado aposta que um plano de governo do Lula pode ser benéfico para o setor. O ‘Kit-Lula’ deve beneficiar empresas de educação e varejistas. Já o ‘Kit-Bolsonaro’ está mais pautado nas estatais, melhorando a governança e pensando em privatizações”, analisa o especialista em renda variável da Renova Invest.

A Prio (PRIO3), por sua vez, subiu 0,9% após informar que seus acionistas aprovaram a incorporação da Dommo (DMMO3).  A compra da Dommo foi anunciada pela empresa em 1º de setembro, após meses de especulação no mercado. A aquisição vai ao encontro do que já era esperado pelos analistas diante do quadro difícil atravessado pela Dommo.

Agora, o mercado estará de olho nos balanços de Telefônica Brasil (VIVT3) e Neoenergia (NEOE3), depois do fechamento. A expectativa é que a Telefônica demonstre melhora em margens e lucros na comparação trimestral, mas ainda apresente contração na base anual.

Exterior na direção contrária

O dia foi mais suave para as Bolsas estrangeiras, diante de expectativas de que o Fed (Federal Reserve, o banco central americano) adote uma política monetária menos agressiva. Em Nova York, o S&P 500 teve alta de 1,63%, o Dow Jones subiu 1,07% e o Nasdaq avançou 2,25%. Na Europa, o índice Euro Stoxx 50 somou ganhos de X%.

Nos Estados Unidos, a diminuição maior do que a prevista na confiança do consumidor, que voltou a recuar em outubro, para 102,5 após dois meses de alta, reforçou as apostas em uma desaceleração no ritmo de aumento das taxas de juros.

Agora, os investidores aguardam balanços de grandes empresas de tecnologia, em especial Google e Microsoft, após o fechamento do mercado.

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Na Europa, enquanto isso, o mercado repercute a eleição de Rishi Sunak, ex-ministro das Finanças do mandato de Boris Johnson, ao cargo de primeiro ministro britânico.

Criptomoedas

O mercado de criptoativos parece ter acordado para a realidade nesta terça-feira (25), após dias no marasmo, seguindo o bom humor do exterior. O Bitcoin (BTC) voltou a superar a marca de US$ 20 mil, enquanto o Ethereum disparou mais de 12%.

O surto de bom humor parece ter sigo deflagrado pelas expectativas de que o Fed (o banco central americano) não vai manter o aperto monetário por muito mais tempo, apesar das principais apostas indicarem nova alta de 0,75 p.p (ponto percentual) no encontro da semana que vem.

Por volta das 16h50, o BTC perdia parte do fôlego, mas ainda subia 4,9%, cotado a US$ 20.114, conforme dados disponíveis na plataforma TradeMap. Já o ETH tinha alta de 11,3%, a US$ 1.481, o maior valor desde a atualização da rede, há mais de um mês.

Além do cenário macro, investidores seguem à espera da divulgação dos resultados no terceiro trimestre das gigantes da Nasdaq, como Microsoft, Meta e Google, entre outras, que serão publicados nesta semana.

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