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Sulamérica vê grande demanda para fundos que investem em papéis prefixados e inflação em 2023

Gestora estima volta dos investimentos para fundos de ações a partir do segundo semestre do próximo ano, quando a taxa Selic começar a cair

Foto: Shutterstock/rafapress

Após grande demanda verificada para os fundos que investem em papéis de crédito privado neste ano, as carteiras que alocam em títulos prefixados e indexados à inflação devem ter performance positiva e liderar a captação de recursos em 2023, diz Marcelo Mello, vice-presidente de investimentos da SulAmérica.

Segundo o executivo, com a expectativa de queda da taxa Selic em 2023, os fundos IMA-B, que investem em título do governo indexados à inflação, e IRF-M, direcionados a papéis do Tesouro prefixados, devem ter boa performance, o que pode levar a uma alta da captação dessas carteiras.

“Esses fundos ficaram um pouco de lado em 2022 e devem apresentar performance mais positiva em 2023”, afirma Mello.

Em um primeiro momento, ele vê mais oportunidade nos títulos prefixados e atrelados à inflação com vencimentos mais longos, além de 2035, uma vez que as taxas de juros com prazos mais curtos já refletem a queda esperada da Selic para o ano que vem.

Para o segundo semestre, Mello vê os investimentos em títulos do Tesouro prefixados e indexados à inflação em geral como boa oportunidade.

No caso dos fundos de crédito privado, Mello vê uma desaceleração da captação em 2023, com alguns gestores como a SulAmérica devendo fechar suas carteiras para captação após um ano de fortes entradas.

“Não estamos dispostos a tomar mais risco de crédito em função de fechamento [queda] das taxas”, destaca.

O total sob gestão na SulAmérica atingiu R$ 55,3 bilhões no fim de outubro, crescimento de 15,2% em relação a 2021.

Parte relevante desse crescimento foi impulsionada pela captação dos fundos de crédito, que dobraram o volume sob gestão de R$ 7 bilhões para R$ 14 bilhões em outubro, de acordo com o executivo.

Depois de lançar neste ano um fundo imobiliário de papel, que investe em CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários), e um portfólio que investe em outros FIIs, a SulAmérica planeja ofertar um fundo de tijolo no ano que vem.

Volta do investidor de varejo para ações deve ocorrer mais forte no 2º semestre de 2023

A volta do investidor de varejo para os fundos de ações deve acontecer mais para o fim do primeiro semestre de 2023, quando a taxa Selic pode começar a cair, afirma Mello.

Os fundos de ações somam resgate líquido de R$ 62,3 bilhões em 2022, até outubro. No caso da SulAmércia, segundo o executivo, o fluxo ficou estável neste ano.

Após sofrerem em 2023, Mello acredita que as ações small caps, de menor capitalização de mercado, devem ter recuperação com a queda da taxa básica de juros.

A SulAmérica projeta a taxa Selic em 12,25% no fim de 2023, começando a cair em setembro.

Ganho de atratividade

Nesse cenário, as ações do setor de tecnologia, como a Méliuz (CASH3), varejo e construtoras voltam a ganhar atratividade, segundo ele, e devem se beneficiar da recuperação da economia local.

As ações de commodities, como dos setores de petróleo e gás, a exemplo de PetroRio (PRIO3), e de mineração também são vistas como oportunidades pelo executivo da SulAmércia, podendo se beneficiar da flexibilização da política “Covid Zero” na China.

A gestora não tem ações da Petrobras (PETR3) nos fundos de renda variável com gestão ativa. “Poderíamos voltar a ter dependendo do valuation e da governança corportativa da empresa”, diz Mello.

O vice-presidente da SulAmérica também vê como atrativas as ações dos bancos, com a taxa Selic ainda devendo permanecer em patamar elevado por um bom tempo. Esses papéis, segundo ele, por serem de maior liquidez, podem se beneficiar do fluxo potencial de investimentos para o Brasil.

Com a Bolsa negociando com múltiplos de preço sobre o lucro abaixo da média histórica e a perspectiva de queda da taxa Selic, Mello acredita que pode haver um aumento do fluxo estrangeiro para a Bolsa no ano que vem.

“Se não tiver nenhuma disruptura, devemos ter crescimento do fluxo de investimento para o Brasil.”

Política fiscal é risco para 2023

Uns dos principais riscos para 2023 são a nova âncora fiscal que será adotada pelo novo governo e a sinalização para a trajetória da dívida pública, diz Natalie Victal, economista-chefe da SulAmércia Investimentos.

A equipe da transição de governo do PT discute com o Congresso umwaiver para a alocação de gastos extras fora do Orçamento para 2023, de forma a fazer frente à manutenção do pagamento de R$ 600 do Auxílio Brasil e outros gastos.

Segundo Victal, a SulAmérica estima que essa despesa adicional com Auxílio Brasil e outros gastos para atender promessas de campanha, como o reajuste real do salário mínimo, estaria na ordem de R$ 100 bilhões a R$ 120 bilhões.

“Um número ao redor de R$ 100 bilhões já está precificado pelo mercado, mas, se for muito acima disso ou se tirar o Auxílio Brasil do teto de gastos, seria negativo.”

Para não ter um aumento da aversão a risco no mercado, a economista destaca que será importante o governo dar um sinal de credibilidade, seja anunciando nomes mais pró-mercado para a equipe econômica ou apontando o avanço em reformas como a Tributária.

“Em 2002, as pessoas da equipe de transição eram muito ligadas ao PT. Hoje vejo um esforço para dar sinais de que vai ser um governo com múltiplas forças, nomeando dois economistas ortodoxos para equipe de transição [Persio Arida e André Lara Resende]”, ressalta.

Esse aumento de gastos é preocupante principalmente em um cenário de expectativa de desaceleração do crescimento da economia. A SulAmérica prevê uma queda do crescimento do PIB do Brasil de 2,5% em 2022 para 0,3% em 2023, com a inflação devendo encerrar o próximo ano em 4,8%.

Contexto internacional

O cenário externo, segundo Victal , não será favorável com risco de recessão e expectativa de alta da taxa de juros nos Estados Unidos para 5,5% .

“Achamos que o banco central americano vai desacelerar o ritmo de alta de juros para 0,50 ponto percentual na próxima reunião, em dezembro, mas terá que revisar para cima a taxa terminal no fim do ciclo.”

Outro risco para as economias emergentes é a desaceleração da China. O Brasil, destaca a economista, tem reservas internacionais e um déficit em conta corrente pequeno e estaria em melhor situação que seus pares para enfrentar esse cenário.

Com isso, a Victal vê o real negociando próximo ao patamar atual, entre R$ 5,20 e R$ 5,30.

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