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Petrobras (PETR4) mostra por que está barata com fábrica de dinheiro a todo vapor

A receita líquida por produtos teve como destaque os derivados de petróleo

Foto: Shutterstock

Em um dia agitado – tanto no mercado futuro do petróleo como em Brasília – a Petrobras (PETR4) apresentou seu resultado do terceiro trimestre deste ano. Após o fechamento do pregão na última quinta-feira (3), a petroleira anunciou um lucro líquido de R$ 46,29 bilhões entre julho e setembro deste ano.

Sob o ponto de vista recorrente, que exclui itens especiais, o resultado da Petrobras representa um avanço de 166,4% sobre o lucro do terceiro trimestre de 2021 e alta de 3,1% sobre o do segundo trimestre deste ano, mesmo com o Brent caindo nesta última comparação,

O preço médio do barril de petróleo no terceiro trimestre foi de US$ 100,85, enquanto no segundo trimestre havia sido de US$ 113,78. Com o arrefecimento da commodity, foi o dólar que contribuiu com o resultado da empresa, com alta de 6,7% em três meses, para R$ 5,25. Com isso, a receita de vendas ficou estável na comparação trimestral.

A Petrobras permanece com seu alto nível de eficiência nas operações, mostrando uma margem Ebitda de 72% na operação de exploração e produção, carro-chefe da empresa. 

O lifting cost (custo de extração) ficou em US$ 5,85 por barril, sendo um dos menores do mundo, o que explica a alta otimização dos custos ante a produção. 

A Petrobras informou que o pré-sal deve representar quase 90% da produção total da petroleira em 2026, caso o viés permaneça voltado para o core business, que gira em torno das águas profundas e ultraprofundas. 

Petrobras eleva faturamento com derivados de petróleo

A receita líquida por produtos teve como destaque os derivados de petróleo. As vendas de diesel representaram 55,17% do total, ao crescerem 71,7% em um ano, para R$ 61,34 bilhões.

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Nas vendas do mercado interno, destaca-se negativamente a queda de 21,7% das vendas de petróleo na comparação trimestral, para R$ 10,37 bilhões, por conta da redução das vendas para a Acelen e arrefecimento do preço do Brent no período.

O CPV (custo dos produtos vendidos) avançou 10,8% na comparação trimestral e 34,1% em 12 meses, resultado da maior necessidade por compras e importações de petróleo, derivados e GNL. 

Esse movimento foi atenuado com a redução dos custos de produção, na ordem de 6,5%, que mitigar os efeitos negativos das importações. 

Contas em dia

A estrutura de capital da Petrobras está em um dos seus melhores momentos na história recente. Da maior dívida corporativa do planeta em meados da década passada, hoje a empresa tem uma dívida bruta de US$ 54,3 bilhões, número 1,3% superior ao registrado no fim de junho.

A alavancagem financeira da empresa fechou o trimestre em 0,75 vez, leve aumento em comparação ao fim do trimestre anterior. Ou seja, em menos de um ano, a empresa consegue quitar seu endividamento apenas com a geração de caixa.

A taxa média dos financiamentos pagos pela empresa é de 6,4% ao ano, um aumento de apenas 0,4 ponto percentual ante o registrado no fim de setembro do ano passado, quando a contração monetária no Brasil e no mundo ainda estava em curso.

O prazo da dívida está em 12,4 anos, o que dá a flexibilidade para investimentos em projetos que sejam adequados ao modelo de negócio. Essa alocação de capital bem feita colocou a Petrobras numa rota de crescimento da geração de caixa, tornando-se sustentável. 

Entre julho e setembro, a Petrobras teve uma geração de caixa livre de R$ 52,9 bilhões, o equivalente a 12% do atual valor de mercado da empresa, sendo mais um indicador do quanto a empresa está barata.

O múltiplo EV/Ebitda, que relaciona o valor total da empresa sobre o quanto ela gera de resultado operacional, está abaixo de 2, sendo que os pares como Chevron (5,6), Exxon Mobil (4,9) e Shell (2,6) estão bem acima. 

Enchendo o bolso dos acionistas, inclusive o governo

A companhia anunciou o pagamento de R$ 43,7 bilhões em dividendos, sendo R$ 3,35 por ação, em duas parcelas iguais. 

Vale ressaltar que a União Federal receberá 37% desses recursos, o equivalente a R$ 16,16 bilhões, além dos pagamentos de impostos. Nos primeiros nove meses de 2022, a Petrobras pagou R$ 222 bilhões em tributos, mais do que todo 2021. 

Com a mudança no Poder Executivo, os investidores temem que o PPI (Preço de Paridade Internacional) seja revogado, e que a companhia retome a estratégia de diversificação de portfólio, investindo, por exemplo, em refinarias. 

O PPI nada mais é do que a busca pela otimização da rentabilidade das empresas que operam na venda de combustíveis no país. 

Com isso, permite a manutenção de um mercado competitivo e que atenda a demanda dos clientes. O que faz sentido, já que a Petrobras produz e vende uma matéria-prima que negocia a preços globais – e tem custos relacionados a essa cotação. 

A petroleira tem um acordo com o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) para a manutenção do PPI, que tem trazido ótimos resultados. 

A má precificação das ações da Petrobras em relação a outras empresas do setor gira em torno da influência política inerente à empresa estatal. Apenas durante o governo Bolsonaro, a estatal teve quatro presidentes; já no próximo governo Lula, o receio é de que a estratégia (e rentabilidade) mude drasticamente.

Segundo especialistas ouvidos pela Refinitiv, ainda há um espaço de cerca de 30% para a Petrobras se valorizar e chegar ao preço-alvo, mas o momento é de cautela, com mais visões de manutenção das ações do que aumento da exposição. 

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