Setembro toca a música que o mercado queria ouvir – o que marcou a semana

PIB deflagrou uma onda de revisões para cima nas estimativas sobre o desempenho da economia neste ano

Foto: Shutterstock

Os indicadores econômicos sorriram para os investidores nesta semana e mostraram um cenário bem mais agradável ao paladar do mercado do que se previa até então.

No Brasil, dados mostraram que o PIB (Produto Interno Bruto) do segundo trimestre cresceu mais que o esperado, o que deflagrou uma onda de revisões para cima nas estimativas sobre o desempenho da economia neste ano.

Afinal, o PIB mostrou crescimento disseminado por todas as atividades, ainda que tenha sido puxado pelo setor de serviços, que avançou 1,3% no período. Além disso, o desempenho total, de 1,2%, é o segundo melhor para qualquer trimestre desde o início da série histórica, atrás somente do registrado entre janeiro e março de 2014.

E, nos Estados Unidos, o mercado de trabalho finalmente começou a sentir os efeitos da fraqueza que se observa em outras áreas da economia americana – o que pode parecer ruim à primeira vista, mas nas contas dos investidores é positivo, principalmente para o preço das ações.

Nesta sexta-feira (2), o payroll – relatório mensal sobre o mercado de trabalho no país – mostrou que a taxa de desemprego subiu de 3,5% em julho para 3,7% em agosto.

Este aumento ofuscou a geração de vagas um pouco acima da esperada e reduziu as apostas de altas intensas nos juros dos EUA nos próximos meses.

O raciocínio é que se o mercado de trabalho está menos aquecido, a pressão inflacionária vinda dos salários deve diminuir, afastando a necessidade de juros muito elevados para conter a inflação. Os juros altos, vale lembrar, agem como um freio sobre a atividade econômica.

No Brasil, o dólar e os juros caíram a partir da informação, completando o cenário otimista desenhado pela surpresa do PIB. A ideia é que, se os juros lá fora se mantiverem ao menos estáveis e o risco de recessão global diminuir, tanto melhor será para o país.

É importante lembrar, porém, que o cenário deve mudar no fim do ano, com a inevitável desaceleração da economia mundial, os juros ainda altos no país e a incerteza das eleições e de iniciativas do próximo governo. Para 2023, outra dose de otimismo terá que ser tomada, logo no início do ano, para lidar com as surpresas que virão.

Cadastre-se para receceber nossa Newsletter
Marketing por

Veja os destaques da semana da Agência TradeMap.

Batalha entre comprados e vendidos

A resseguradora IRB Brasil (IRBR3) foi responsável pela maior queda dentre os integrantes do Ibovespa nesta sexta-feira (02), um dia após anunciar que vendeu novos papéis com desconto em relação aos que já circulavam no mercado. A disparada na taxa de aluguel hoje, porém, indica que os investidores veem mais desvalorização à frente.

Ativo mais valioso que companhia

Boa parcela das integrantes da B3 mostra que suas ações estão desvalorizadas no mercado, uma vez que os ativos imobilizados delas valem mais do que a própria companhia. Esse é o caso de Petrobras (PETR4; PETR3), Grupo Pão de Açúcar (PCAR3), Metalúrgica Gerdau (GOAU4; GOAU3) e Marfrig (MRFG3).

Os novos do Ifix

Três fundos entraram na nova carteira teórica do Ifix, índice que acompanha o desempenho dos fundos imobiliários listados na B3. Foram eles: FII Hospital Nossa Senhora de Lourdes (NSLU11), Vinci Imóveis Urbanos (VIUR11) e o Cartesia Recebíveis Imobiliários (CACR11). Ao todo, 108 fundos passarão a compor o índice.

EDP vende hidrelétrica

A EDP Brasil (ENBR3) anunciou a venda da subsidiária Energest, detentora da usina hidrelétrica Mascarenhas, por R$ 1,225 bilhão. O negócio faz parte do plano da companhia de reduzir exposição à geração hídrica. O valor da venda é de R$ 800 milhões, a ser recebido no fechamento da operação, e o restante conforme condicionantes.

Oi promete assembleia para analisar proposta de grupamento

A Oi (OIBR3) se comprometeu a enviar uma proposta de grupamento de ações para ser votada em assembleia até o final deste ano. A B3 solicitou que a companhia divulgasse os procedimentos que serão adotados para que as ações retornem a patamar superior a R$ 1 até 17 de fevereiro de 2023 ou até a data da primeira assembleia geral.

BRF anuncia novo CEO

A BRF (BRFS3) anunciou terça-feira (30) a renúncia de Lorival Nogueira Luz Jr. ao cargo de CEO. O novo executivo-chefe será Miguel de Souza Gularte, que deixou a presidência da Marfrig (MRFG3) na segunda-feira (29). A transição deve ser concluída no dia 30 de setembro.

Maior aporte de gringos na Bolsa

Os investidores estrangeiros aumentaram os investimentos na Bolsa brasileira em agosto, a cerca de um mês do primeiro turno da eleição. A entrada líquida desses recursos foi de R$ 17 bilhões no mês passado, até o dia 30 de agosto, maior aporte desde março.

O que esperar de empresas voltadas para alta renda no 2º semestre

No início do ano, a Agência TradeMap elencou seis empresas que poderiam ser umas das mais resilientes durante uma crise econômica. Entre as listadas, estava a Gafisa (GFSA3). Neste caso, o desempenho financeiro da companhia ficou aquém do esperado devido à desaceleração das vendas brutas e a queda de 18% no VGV (valor geral de vendas) até junho

Portabilidade de crédito em queda

A escalada dos juros tornou menos vantajosa a portabilidade de crédito, modalidade que permite a transferência de débitos entre diferentes instituições financeiras. As solicitações efetivadas caíram 51% em junho na comparação com o mesmo período do ano passado, de 439 mil para 215 mil, segundo o Banco Central (BC).

Agenda da semana

Se o PIB foi notícia no Brasil, é a vez também de a zona do euro publicar, na quarta-feira (7), nova revisão do desempenho da economia referente ao segundo trimestre. No mês passado, a agência de estatísticas europeia informou que a geração de riquezas na região subiu 0,6% – e não 0,7%, como antes estimado – entre abril e junho.

E na Europa, na quinta (8), será anunciada a decisão do banco central da zona do euro sobre a taxa de juros na região. Em julho, a autoridade monetária elevou a taxa em 0,50 ponto percentual e abandonou a política de juros negativos. A expectativa é de novo aumento, porque a inflação segue acelerando no bloco monetário.

A alta de preços na zona do euro atingiu 8,6% na zona do euro nos 12 meses até junho. Foi a maior taxa desde a criação da moeda europeia, em 1999. A Alemanha divulgou na terça-feira (30) inflação de 8,8% em 12 meses, a maior em quase 50 anos.

Nos Estados Unidos, o presidente do banco central americano, Jerome Powell, discursa mais uma vez, na sexta-feira (9). Antes, na quarta, a instituição divulga o Livro Bege. Mas a semana começa com o feriado do Dia do Trabalho, na segunda.

Por aqui, além do feriado na quarta-feira, da Independência do Brasil, quando a Bolsa brasileira permanecerá fechada, a FGV (Fundação Getulio Vargas) apresenta dois dados. Na terça (6), é a vez do indicador antecedente de emprego de agosto, E, na quinta (7), a do IPC-S (Índice de Preços ao Consumidor) da primeira semana de setembro.

Compartilhe:

Mais sobre:

Leia também:

Destaques econômicos – 02 de abril

Nesta quarta (02), o calendário econômico apresenta importantes atualizações que podem influenciar os mercados. Confira os principais eventos e suas possíveis repercussões:   04:00 –

Mais lidas da semana

Uma newsletter quinzenal e gratuita que te atualiza em 5 minutos sobre as principais notícias do mercado financeiro.