Petróleo volta a subir e requenta preocupação com inflação – o que marcou a semana

União Europeia (UE) fechou acordo para banir importação da commodity produzida pela Rússia realizada por meio de navios

Lorena Vieira

Lorena Vieira

Foto: Shutterstock

O início do processo de reserva para a oferta de ações da Eletrobras e o crescimento da economia brasileira no primeiro trimestre foram notícias relevantes nesta semana (e você pode conferir mais sobre isso mais abaixo, na nossa seção de destaques). No entanto, o assunto mais importante do ponto de vista global foi o aumento nos preços do petróleo.

A commodity voltou a se valorizar e terminou a sexta-feira perto dos US$ 120 por barril, após quase dois meses de relativa estabilidade. O preço reagiu à expectativa de que a demanda continuará crescendo mais rapidamente que a oferta.

Parte da escassez prevista para os próximos meses é artificial, fruto do acordo anunciado no início desta semana pela União Europeia. O bloco vai parar de importar petróleo da Rússia transportado em navios. A medida só vigorará com força total daqui a alguns meses e tem o objetivo de forçar o governo russo a encerrar a guerra com a Ucrânia.

Mesmo que a Rússia continue produzindo e exportando para outros países, os europeus precisarão agir como se tivessem perdido o fornecedor de quase 30% do petróleo que importam. Em efeitos práticos, a demanda pela commodity vinda de outros países vai subir, e a concorrência pelo produto vai aumentar.

Esses efeitos já começam a ser percebidos. Nos Estados Unidos, mesmo com o governo liberando reservas estratégicas de petróleo para o mercado, os estoques comerciais caíram mais que o esperado na semana passada.

A Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) reagiu a este cenário anunciando que elevará mais rapidamente a produção nos próximos meses, mas não convenceu os investidores de que a situação vai melhorar.

Isso porque o cartel considerou que parte deste aumento virá da Rússia. Ou seja: não poderá ser absorvido por parte dos grandes consumidores.

A alta nos preços do petróleo é um assunto global, mas é particularmente sensível para a economia brasileira. Embora seja positiva para a Petrobras (PETR4) e outras empresas que vendem a matéria-prima, a valorização da commodity tende a aumentar o preço dos combustíveis por aqui, o que fortalece a inflação e pode culminar em juros altos por mais tempo.

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Veja os destaques que marcaram a Agência TradeMap na semana:

Ibovespa no 5º no lugar em maio

O Ibovespa se descolou do clima negativo que afundou os mercados em maio e registrou o quinto melhor desempenho em uma lista com 79 bolsas globais, conforme levantamento da agência de classificação de risco Austin Rating. O índice brasileiro, em dólar, teve alta de 8,48%, ficando atrás somente dos mercados do Chile (15,75%), Colômbia (12,59%), Rússia (11,16%) e Montenegro (10,05%).

Oferta da Eletrobras começou

A reserva para participar da oferta de ações da Eletrobras (ELET3; ELET6) começou nesta sexta-feira (3). Os investidores pessoas físicas poderão usar até R$ 6 bilhões nas contas do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) para comprar os papéis da companhia de energia. Mas há outra forma de participar da capitalização. Quem não tem FGTS ou quer garantir uma fatia ainda maior também pode aportar recursos, e o prazo para a reserva é o mesmo, com término no dia 8 de junho, próxima quarta-feira.

PIB abaixo do esperado

Impulsionado pela reabertura da economia e pelo desempenho de serviços, o PIB (Produto Interno Bruto) avançou 1% no primeiro trimestre, mas apresentou duas surpresas negativas para o mercado: o desempenho do agronegócio, prejudicado pela quebra de safra da soja, e de investimentos. A elevação veio abaixo do esperado pela maior parte do mercado. O consenso de analistas ouvidos pela Reuters era de um crescimento de 1,2%.

Uso de recursos de IPOs

O ano de 2021 foi histórico para B3 em termos de IPOs, oferta pública inicial de ações. Foram 46 empresas que abriram capital naquele ano, o maior volume desde 2007, quando houve a entrada de 64 novas companhias.​ Os valores movimentados ultrapassaram o patamar de R$ 65 bilhões, 46% superior aos R$ 44,5 bilhões transacionados em 2020, sem considerar a inflação. O que elas fizeram com que esses recursos? Ao término do ano-safra 2021/2022, Raízen (RAIZ4), por exemplo, acumulou investimentos de R$ 7,7 bilhões. No IPO, havia adquirido 6,9 bilhões.

Eleição decidirá carga tributária

A sociedade brasileira terá que escolher, nas eleições presidenciais deste ano, qual o tamanho do Estado que deseja: um que gaste mais, o que é sinônimo de aumento de impostos, ou um que dê maior espaço para o setor privado, sem necessidade de alta da carga tributária. Essa é a avaliação de Bruno Funchal, CEO da Bradesco Asset Management e ex-secretário Especial do Tesouro Nacional, em relação ao atual cenário político.

Fusões e aquisições diminuem

O mercado de fusões e aquisições no Brasil, que viu o número de transações explodir em 2021, experimentou uma desaceleração no início de 2022 e deve reduzir ainda mais o ímpeto de expansão ao longo do restante do ano. De acordo com profissionais que assessoram negócios desse tipo, a conjuntura macroeconômica adversa — com juros em alta, inflação acelerada, baixo crescimento econômico e guerra na Europa — tem alimentado a cautela entre as empresas e reduzido o apetite para negociações.

Em dividendos, Vale repete liderança

A Vale (VALE3) liderou o ranking das dez ações mais recomendadas considerando o critério de pagamento de dividendos. Esse tipo de investimento com vista aos proventos possibilita fluxo de renda recorrente e menor volatilidade. Desse ranking, quatro são companhias de energia elétrica. De acordo com analistas da Santander Corretora, o setor é, historicamente, o mais defensivo da Bolsa. E o segmento de transmissão de energia, o mais defensivo de todos.

Agenda

A quinta-feira (9) será um dia relevante para o mercado. Nesta data, um dos temas que terá lugar no noticiário será o número final da inflação de maio. O IPCA-15, uma prévia do comportamento dos preços, teve alta mensal de 0,59% em maio, desacelerando em relação a abril, mas superando a previsão do mercado. O dado vai pautar a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) sobre os juros, em reunião que acontecerá nos dias 14 e 15 deste mês.

Antes dos dados de inflação no Brasil, mas também na quinta-feira, o Banco Central Europeu decidirá também se subirá a taxa básica de juros da zona do euro. A entidade decidiu no último encontro, em 14 de abril, manter os juros inalterados, mas agora especialistas afirmam que a instituição pode sinalizar que um aumento de juros é iminente.

E, no destaque corporativo, a quinta-feira traz também a precificação da oferta de ações da Eletrobras. Um dia antes do início do período de reserva dos papéis, na quinta-feira (2), bancos correram para reduzir as taxas de administração dos Fundos Mútuos de Privatização – FGTS Eletrobras para atrair clientes ao processo. Por enquanto, a faixa de cobrança prevista está entre zero a 0,40% ao ano.

Confira os destaques da agenda:

Segunda-feira

Às 8h30, o Banco Central faz uma atualização parcial da Pesquisa Focus, projeções de mercado feitas até a sexta-feira (3). Não haverá atualização das séries temporais, informou a autoridade monetária.

Terça-feira

Às 10h, a Anfavea divulga a produção de veículos de maio.

Quarta-feira

Às 6h, a zona do euro publica o PIB do primeiro trimestre.

Quinta-feira

Às 8h45, o Banco Central Europeu decide a nova taxa de juros da zona do euro.

Às 9h, o IBGE informa o IPCA de maio.

Sexta-feira

Às 9h, o IBGE informa a PMC (Pesquisa Mensal de Comércio) de abril.

Às 9h30, o BLS informa o CPI (Índice de Preços ao Consumidor) de maio.

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Nesta quarta-feira (21) o calendário econômico traz atualizações relevantes que podem impactar os mercados. Veja os principais eventos do dia e suas possíveis consequências: Quarta-feira

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