Ibovespa segue exterior e fecha em alta, mesmo com queda da Vale (VALE3)

Apesar de a empresa de maior peso no Ibovespa, a Vale (VALE3), ter registrado queda de 2,24% no pregão desta terça-feira (22), o principal índice da Bolsa de valores brasileira seguiu seus pares do exterior e resistiu à pressão, engatando a quinta alta consecutiva.

O Ibovespa fechou a sessão em alta de 0,96%, aos 117.272 pontos. No ano até aqui, o saldo é de avanço de 11,88%, enquanto a valorização desde o início de março é de 3,65%.

A performance positiva do índice foi em linha com as principais Bolsas do exterior. Em Nova York, o Nasdaq teve alta de 1,95%, o S&P 500 avançou 1,19% e o Dow Jones subiu 0,74%. Na Europa, o índice Euro Stoxx 50 teve ganhos de 1,14%.

A alta desta terça-feira (22) ainda reflete, em parte, o interesse dos investidores estrangeiros por ativos do Brasil, segundo o analista Régis Chinchila, da Terra Investimentos.

“A performance do Ibovespa versus o S&P 500 em 2021 causou uma disparidade muito alta”, disse ele, referindo-se ao fato de o índice brasileiro ter caído cerca de 12% no ano passado, indo na direção oposta à do índice americano, que subiu quase 27%.

Sem novidades, guerra segue gerando cautela

O principal tema do noticiário mundial segue sendo a guerra no leste europeu, em meio à falta de avanços nas negociações entre a Rússia e a Ucrânia.

Apesar da sensação de que o conflito está longe do fim, o petróleo inverteu a tendência de ontem, quando subiu com base em notícias de que a União Europeia estaria discutindo impor sanções ao petróleo russo, o que ameaçaria a oferta. Nesta terça, Alemanha e Holanda já se mostraram contrárias à medida, e o Brent fechou com recuo de 0,12%, a US$ 115,48.

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Com isso, a Petrobras (PETR4) teve queda de 0,44%, no dia em que divulgou seus dados de produção para fevereiro. A produção total da petroleira caiu 4,9% no mês, para 2,702 milhões de barris de óleo equivalente diários (boe/d), enquanto a produção de petróleo teve baixa de 5,1%, para 2,087 milhões de barris por dia.

O minério de ferro seguiu a mesma direção e caiu 2,6% na bolsa de Dalian, impactado também pelas medidas de restrição à mobilidade para conter o recente aumento em casos de Covid-19, derrubando as ações das siderúrgicas e mineradoras brasileiras. Entre as quedas, destaque para a Vale, que teve a maior perda entre as empresas do Ibovespa, e a Bradespar (BRAP4), que caiu 1,81%, na segunda posição.

Pressão inflacionária também segue no radar

Apesar das quedas de hoje, os preços das commodities seguem elevados e os temores de uma pressão inflacionária global continuam a ganhar força. Na tarde de ontem, o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), Jerome Powell, prometeu ações duras contra a inflação. Os juros nos Estados Unidos são relevantes para o desempenho do Ibovespa nos próximos meses porque podem diminuir o fluxo de investimento estrangeiro direcionado ao Brasil.

Por aqui, segundo a ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central), o colegiado deve subir a taxa básica (Selic) em mais 1 ponto na próxima reunião, mas está preparado para elevar ainda mais os juros se necessário. “O Comitê reconhece o cenário desafiador para a convergência da inflação para suas metas e reforça que estará pronto para ajustar o tamanho do ciclo de aperto monetário, caso o cenário evolua desfavoravelmente”, afirmou o documento.

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Também para tentar combater a alta dos preços, o governo federal zerou impostos sobre a importação de etanol, sete produtos da cesta básica e bens de capital e informática, o que repercutiu entre especialistas durante o dia, que esperam que as medidas tenham impacto reduzido.

Destaques do pregão

Régis Chinchila, da Terra, ressalta que nesta terça-feira, especificamente, está ocorrendo um movimento de “rotação” nas carteiras. Os investidores estão vendendo ações como as da Vale, que subiram muito recentemente, para embolsar os lucros e comprar ações de consumo, varejistas e construção civil.

“É uma busca por oportunidade em ativos que ainda estão com preços atrativos, com expectativa futura de recuperação, mesmo com ambiente mais apertado no crédito e com inflação impactando o poder de compra”, disse Chinchila.

Nesse contexto, as maiores altas do Ibovespa no fechamento eram de Americanas (AMER3), Eneva (ENEV3) e Banco Inter (BIDI11), com ganhos de 6,67%, 6,65% e 6,18%, respectivamente.

A Eneva (ENEV3) subiu depois de divulgar lucro líquido de R$ 489,4 milhões no quarto trimestre de 2021, queda de 20,7% em relação a igual período de 2020. O aumento nas despesas impediu a empresa de lucrar mais, mas não deteve a redução no endividamento – algo considerado essencial pela companhia para a introdução de uma política de dividendos.

A ação também pode estar se beneficiando de notícias de que a Eneva e a PetroRecôncavo (RECV3) teriam feito uma proposta conjunta para adquirir o campo Bahia-Terra. Os papéis da PetroRecôncavo, que não fazem parte do Ibovespa, dispararam 7,72%.

Os grandes bancos também se destacaram entre as altas, subindo em bloco, ajudando a sustentar a alta do Ibovespa. Itaú (ITUB4) teve alta de 1,37%; Santander (SANB11), de 0,64%; Bradesco (BBDC4), de 1,25%; e Banco do Brasil (BBAS3), de 2,01%.

No sentido oposto, a JBS (JBSS3) caiu 1,81%, na terceira maior baixa do Ibovespa, seguindo a divulgação de lucro líquido de R$ 6,5 bilhões no quarto trimestre, alta de 61% na comparação com o mesmo período de 2020. Apesar dos resultados fortes, as operações domésticas da JBS Brasil e da Seara sofreram com alta de custos das matérias primas, o que pode perdurar pelos próximos trimestres.

O presidente da companhia, Gilberto Tomazoni, afirmou hoje que as exportações de carne bovina, de frango e suína para a Rússia estão interrompidas por “questões logísticas”, mas afirmou que empresa não tem operações na Rússia e na Ucrânia e que tem acompanhado os acontecimentos e como isso pode afetar os negócios da companhia.

Depois do fechamento do mercado, os investidores estarão de olho nos balanços de Copel (CPLE6), Vibra (VBBR3) e Positivo (POSI3).