Mesmo em um dia de exterior negativo e commodities em baixa, o Ibovespa encerrou o pregão em alta, com balanços do primeiro trimestre impulsionando as ações. Além disso, bancos e Petrobras (PETR4) ajudaram a manter o índice no positivo.
O índice subiu 1,24% nesta quinta-feira (12), aos 105.687 pontos, com R$ 23,2 bilhões em volume negociado. Assim, o balanço do ano passou para alta de 0,83%, enquanto o saldo do índice desde o início de maio é de desvalorização de 2,03%.
O desempenho do Ibovespa destoou de seus pares do exterior. Em Nova York, o Dow Jones teve baixa de 0,33%, o S&P 500 caiu 0,13% e o Nasdaq subiu 0,06%. Na Europa, o índice Euro Stoxx 50 somou perdas de 0,94%.
Os mercados estrangeiros seguem repercutindo os dados de inflação ao consumidor acima do esperado nos Estados Unidos, divulgados ontem. Hoje, os dados de inflação ao produtor vieram em linha com o esperado, a 11% em abril, desacelerando a 0,5%. A percepção, porém, é que os números seguem elevados, o que aumenta a pressão para a elevação das taxas de juros.
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BB puxa ações de bancos
Os bancos subiram em bloco depois do balanço acima das expectativas do Banco do Brasil (BBAS3), ajudando a sustentar a alta do Ibovespa. No fechamento, as ações do BB tinham alta de 2,54%; Itaú (ITUB4), de 1,58%; Bradesco (BBDC4), de 0,64% e Santander (SANB11), exceção, caía 0,4%.
O lucro líquido ajustado do BB apresentou alta de 34,6% no primeiro trimestre de 2022, na comparação com igual período do ano anterior, para R$ 6,6 bilhões, um novo recorde para o banco.
O resultado, de acordo com a instituição, é reflexo do crescimento da carteira de crédito, da expansão da margem financeira bruta e do aumento de 9,4% nas receitas de prestação de serviços, para R$ 7,5 bilhões.
Estatais em foco
Em Brasília, o novo ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, afirmou que irá solicitar o início de estudos para a privatização da Petrobras.
Ainda sobre a estatal, avança no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) um inquérito para analisar se a empresa atrapalha concorrentes que tentam usar sua infraestrutura para transportar diesel e gasolina importados.
As ações ordinárias da petrolífera (PETR3) fecharam em alta de 0,38%, enquanto as preferenciais (PETR4) subiram 0,78%. Os papéis avançaram mesmo com o recuo de 0,06% no petróleo tipo Brent, para US$ 107,45 o barril.
No TCU (Tribunal de Contas da União), o ministro revisor do processo de privatização da Eletrobras, Vital do Rêgo, determinou uma fiscalização adicional depois de identificar uma elevada provisão para contingências no terceiro trimestre do ano passado, que reduziu os lucros e dividendos. O pedido do ministro pode atrasar a operação, uma vez que o julgamento está marcado para daqui a uma semana.
As ações, porém, não se abalaram: o papel ordinário da Eletrobras (ELET3) teve alta de 1,03% e o preferencial (ELET6), de 1,98%.
Balanços mexem com o mercado
As principais altas do Ibovespa nesta quinta-feira (12) eram de ações que reagiam a balanços do primeiro trimestre e de empresas expostas à curva de juros. No fechamento, os destaques de alta eram Qualicorp (QUAL3), Cogna (COGN3) e Méliuz (CASH3), com ganhos de 10,49%, 9,66% e 8,49%, respectivamente.
Para Matheus Spiess, analista da Empiricus, empresas expostas à economia doméstica e de tecnologia se favorecem com um arrefecimento da curva de juros que, segundo ele, vinha sendo pressionada desde quarta-feira (4), quando houve elevação das taxas de juros no Brasil e nos Estados Unidos.
Além disso, Méliuz e Qualicorp divulgaram seus balanços recentemente relativos ao primeiro trimestre e apresentaram resultados negativos. O mercado chama isso de “movimento de repique”, ou seja, uma alta momentânea de uma ação que tem caído com intensidade.
A JBS (JBSS3), por sua vez, subiu 2,21% depois de reportar lucro líquido de R$ 5,1 bilhões, valor 151% maior em comparação a igual período do ano passado. A companhia se aproveitou do fato de produzir e vender em diferentes países, como Estados Unidos e Austrália, para driblar a aceleração da inflação no Brasil e, com isso, conseguir um trimestre com avanço nos indicadores.
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Outra ação que subiu depois do balanço foi a de Ultrapar (UGPA3), que reportou lucro líquido de R$ 461 milhões no primeiro trimestre, crescimento de 236% na comparação anual. O papel teve alta de 5,16%.
Nem todos os balanços, porém, jogavam as ações para o campo positivo. As maiores quedas do Ibovespa foram de Minerva (BEEF3), CSN (CSNA3) e CSN Mineração (CMIN3), com recuos de 7,54%, 5,53% e 3,23%, nesta ordem.
A Minerva registrou lucro líquido de R$ 114,6 milhões no primeiro trimestre, queda de 55,8% na comparação com o mesmo período de 2021, prejudicado pela valorização do real. O Ebitda, por sua vez, foi de R$ 646 milhões, alta de 33,2%.
A CSN (CSNA3) e a CSN Mineração (CMIN3) caíram seguindo o recuo do minério de ferro. Na Bolsa de Dalian, a commodity teve baixa de 1,36%, a US$ 117. A Vale (VALE3) também teve queda importante, de 1%.
Outra ação que reagiu mal ao balanço foi a da Braskem (BRKM5), com queda de 1,32%. A companhia teve lucro líquido de R$ 3,884 bilhões no primeiro trimestre, alta de 56% na comparação com o mesmo período de 2021. O crescimento, porém, foi resultado principalmente de variações no preço de ativos financeiros detidos pela companhia em função da valorização do real no período.
A SLC Agrícola (SLCE3) teve perdas de 1,64%, mesmo após informar ao mercado que teve lucro líquido de R$ 797 milhões no primeiro trimestre, alta de 153% contra o mesmo período do ano passado. De acordo com analistas da Ativa Research, a queda das ações vem após a companhia reduzir as estimativas de produtividade das culturas de algodão e milho.
Apesar da queda, o BTG Pactual divulgou um relatório nesta quinta se mostrando otimista com os papéis. A instituição possui um preço-alvo de R$ 68 ao final de 2022 por acreditar que a SLC possui vários fatores a seu favor – real fraco, preços altos para commodities, forte crescimento na área plantada, preços de terrenos em alta e bons rendimentos de safras.
Bitcoin
O mercado de criptoativos intensificou as perdas nesta quinta e o Bitcoin (BTC) bateu perdeu o suporte dos US$ 30 mil, recuando para o pior nível desde dezembro de 2020.
Por volta das 17h (de Brasília), o BTC registrava queda de 2% nas últimas 24 horas, a US$ 28.521, conforme dados do Mercado Bitcoin disponíveis na plataforma TradeMap.
Na mínima do dia, o principal ativo em capitalização chegou a US$ 26.224, a cotação mais baixa desde 26 de dezembro de 2020, quando foi a US$ 25.397.
O clima negativo é reflexo da fuga de investidores de ativos de risco, mesmo fator que derruba os mercados tradicionais, intensificado no mundo digital pelo colapso da blockchain Terra.
A maré negativa também derrubou as principais altcoins do mercado. No mesmo horário, o Ethereu (ETH) registrava queda de 8,7%, a US$ 1.941, enquanto a Solana (SOL), perdia 8,1%, cotada a US$ 44,43, segundo a CoinDesk.