Ibovespa bate sétima alta seguida; ações de varejo e tech se destacam

Em um cenário de forte fluxo de capital estrangeiro e bolsas do exterior no positivo, o Ibovespa engatou mais uma alta, a sétima consecutiva, em dia de destaque para as ações dos setores de varejo e tecnologia.

O índice fechou o pregão desta quinta-feira (24) em alta de 1,36%, aos 119.052 pontos, com R$ 23,57 bilhões em volume negociado. Com isso, o saldo do ano passou a ser de avanço de 13,58%, enquanto a valorização desde o início de março é de 5,22%.

As bolsas de valores do exterior também tiveram um dia positivo. Em Nova York, o Nasdaq teve alta de 1,93%, o S&P 500 subiu 1,42% e o Dow Jones avançou 1,02%. Na Europa, o índice Euro Stoxx 50 fechou com perda de 0,15%.

Investimento estrangeiro salva o dia

O forte fluxo de capital externo que sustentou o Ibovespa se apoia no diferencial de juros do Brasil, mesmo com a postura mais agressiva adotada pelo Banco Central e pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) em reuniões recentes.

Na tarde de hoje, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, sinalizou que a taxa básica de juros (Selic) deve chegar ao patamar de 12,75%, afirmando que uma alta adicional do juro em junho não é provável. Os juros futuros se apoiaram nessa mensagem e caíram em toda a curva.

Os juros futuros, que surfaram também na queda do petróleo, impulsionaram as ações dos setores de varejo e tecnologia, enquanto o fluxo externo ajudou a derrubar o dólar. A moeda americana fechou em baixa de 0,25%, cotada a R$ 4,832.

As ações do varejo também foram ajudadas por falas do ministro da Economia, Paulo Guedes, em evento organizado pela Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc). Guedes afirmou que o governo vai reduzir o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) em 33%, mais do que o corte de até 25% anunciado em fevereiro.

Com isso, as maiores altas do Ibovespa no fechamento eram de Banco Inter (BIDI11), Magazine Luiza (MGLU3) e Méliuz (CASH3), com ganhos de 10,12%, 10% e 9,05%, respectivamente.

Mais sanções à Rússia dão fôlego aos mercados

Como já virou costume, o mercado segue de olho nos acontecimentos da guerra na Ucrânia. Hoje, líderes da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), do G-7 e da União Europeia se reuniram para discutir novas estratégias para isolar a Rússia economicamente e reduzir a dependência europeia de fontes de energia russas.

Nesse cenário, o Reino Unido anunciou sanções a mais um grupo de bancos russos e a uma mulher que, segundo o governo inglês, é enteada de Sergei Lavrov, ministro das Relações Exteriores da Rússia.

O Departamento do Tesouro dos EUA também anunciou novas medidas, que têm como alvo empresas russas do setor industrial e de defesa, membros da Câmara de Deputados da Rússia e o CEO do banco russo Sberbank.

Volatilidade das commodities torna cenário para inflação incerto

Depois de forte alta no último pregão em resposta à escalada das tensões, o petróleo tipo Brent fechou em queda de 2,08%, a US$ 115,3, após o presidente da Rússia, Vladimir Putin, pressionar países europeus opositores a comprar o gás natural russo em rublos.

Além disso, os investidores seguem de olho no novo potencial de oferta depois de o conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, afirmar que os EUA e seus aliados fizeram progresso nas negociações com o Irã.

Diante do cenário de volatilidade para o petróleo, o Banco Central afirmou, em seu relatório trimestral de inflação, que a projeção para a inflação é de alta de 7,1% neste ano e de 3,4% para 2022, mas que, se a cotação do petróleo se normalizar, essas projeções caem a 6,3% e 3,1%, respectivamente. Este último cenário é considerado o mais provável pelo BC.

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No documento, ainda, o BC manteve a projeção de alta do PIB (Produto Interno Bruto) de 2022 em 1%, mas ressaltou que a incerteza em torno da expectativa é maior do que a usual por causa da guerra entre Rússia e Ucrânia.

Destaques do pregão

Apesar da queda do petróleo, as ações da Petrobras (PETR4) tiveram alta de 1,15%, um dia depois de o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) estender o prazo para que a Petrobras venda refinarias.

Na visão de analistas da Ativa Investimentos, em comentários ao mercado, a notícia é positiva para a estatal, pois afasta a possibilidade de pagamentos de multas. O fato de o novo calendário ser sigiloso também favorece a empresa, dizem os analistas.

As ações da CCR (CCRO3) subiram 7,48% depois de a Itaúsa (ITSA4) e o grupo Votorantim terem feito uma oferta conjunta de R$ 4,1 bilhões pela fatia de 14,86% que a Andrade Gutierrez possui na companhia – valor quase 5% superior ao preço de fechamento dos papéis na quarta-feira (23).

Na direção contrária, as maiores quedas no fechamento eram de Locaweb (LWSA3), Hapvida (HAPV3) e PetroRio (PRIO3), com perdas de 7,05%, 5,09% e 4,5%, nesta ordem.

A derrapada da Locaweb veio depois de a empresa divulgar os resultados do quarto trimestre de 2021, em que registrou um prejuízo líquido de R$ 7,2 milhões, revertendo o lucro de R$ 9 milhões no igual período do ano anterior.

Tanto no resultado trimestral quanto no anual, quando foram anotadas perdas de R$ 15,7 milhões, os números foram pressionados pelo crescimento das despesas operacionais, que mais que dobraram, ofuscando a expansão da receita.

A queda nas ações da Hapvida também foi reflexo do balanço da companhia, que reportou lucro líquido de R$ 200,2 milhões no quarto trimestre de 2021, crescimento de 112,4% na comparação com o mesmo período de 2020. Apesar da alta no lucro, o Ebitda e as margens da companhia caíram, impactados pela sinistralidade causada pela pandemia e por um aumento de custos.

Uma das únicas quedas do dia, com perdas de 0,3%, a Braskem (BRKM5) anunciou que fará uma parceria com a japonesa Sojitz para produzir, a partir de fontes renováveis, matérias-primas usadas na fabricação de garrafas PET e resinas.

Depois do fechamento, serão divulgados os balanços do quarto trimestre de 2021 de Cogna (COGN3), Sabesp (SBSP3), Ânima (ANIM3) e Enjoei (ENJU3).