Um ano e meio após enfrentar um embargo às exportações de carne bovina à China, o Brasil novamente foi forçado a suspender as vendas do produto aos chineses devido a um caso do mal da vaca louca.
Daquela vez, a proibição, iniciada em setembro de 2021, durou um pouco mais de três meses. Agora, a expectativa – ao menos dos frigoríficos – é que dure menos tempo.
O caso, identificado em Marabá (PA), foi divulgado pelo Ministério da Agricultura brasileiro na segunda-feira (20) e está sob análise de laboratório de referência no Canadá. O objetivo é determinar se foi uma ocorrência atípica – sem risco de transmissão para outros bovinos e para humanos.
O governo considera ser este o cenário mais provável, semelhante a outras ocorrências dos últimos anos e sem efeito sobre a classificação detida pelo Brasil, de país com risco insignificante para o mal da vaca louca.
A estimativa é que, até o fim de março, o país possa voltar a exportar carne bovina para a China.
A previsão baseia-se em fatores políticos – o presidente Luiz Inácio Lula da Silva terá uma reunião com o líder chinês, Xi Jinping, daqui a cerca de 30 dias – e de mercado – pouca carne disponível para os importadores.
A retomada das exportações neste prazo representaria o embargo mais curto da história para a carne brasileira na China.
Na história recente, houve embargos muito mais longos. A China chegou a barrar a carne brasileira em dezembro de 2012 e só permitir a retomada dos embarques no segundo semestre de 2014.
O obstáculo às vendas é uma notícia inesperada e ruim para os frigoríficos, que vinham enfrentando dificuldades há meses. A Minerva (BEEF3), queridinha do mercado por conseguir contornar o mar revolto do setor de proteínas, foi a primeira a reportar os resultados do quarto trimestre de 2022 e registrou prejuízo no período.
O embargo preocupa o mercado porque, em 2021, por exemplo, o preço médio da arroba do boi gordo recuou 14,4% entre agosto e outubro, meses de bloqueio às vendas de carne para a China, segundo o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada). A retomada dos preços só ocorreu em novembro, pouco antes do fim do embargo.
Agenda da próxima semana
No Brasil, o indicador mais relevante da semana é o resultado do PIB (Produto Interno Bruto) do quarto trimestre, com divulgação prevista para quinta-feira (2).
No terceiro trimestre, a economia do país cresceu 3,6% em relação a um ano antes, uma leve desaceleração em relação ao segundo trimestre, quando o crescimento foi de 3,7%. A expectativa é de nova perda de fôlego no encerramento do ano.
Vale mencionar também a divulgação dos dados do IGP-M de fevereiro, na segunda-feira (27), e da taxa de desemprego de dezembro, na terça (28).
Outro evento que dificilmente terá efeito sobre o mercado, mas pesará no bolso dos investidores é a reoneração dos combustíveis. Os produtos, que estavam isentos da cobrança de PIS e de Cofins, devem perder o benefício fiscal em março.
Entre as empresas que divulgarão balanço na semana, destaque para Gerdau (GGBR4) e Petrobras (PETR4), na quarta-feira, Ambev (ABEV3), na quinta-feira, e os frigoríficos BRF (BRFS3) e Marfrig (MRFG3), na terça e na quarta-feira, respectivamente.
Nos Estados Unidos, o que chamará mais a atenção do mercado são os dados do ISM a respeito da atividade industrial e de serviços, na quarta (1) e na sexta-feira (3), respectivamente.
Em janeiro, os índices apontaram retração em ambos os setores, e a expectativa é que isso continue nos dados referentes a fevereiro - ainda que, no segmento industrial, a perspectiva seja de um resultado levemente melhor que o do mês passado.
Veja os destaques da semana da Agência TradeMap.

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