Bancos devem esticar prazo para Novonor vender fatia na Braskem (BRKM5) e pagar dívida

Prazo para pagamentos de bancos credores pela Novonor, acionista da Braskem, terminou no início deste ano

Foto: Shutterstock/rafapress

Os bancos credores da Novonor (ex-Odebrecht), que têm ações da Braskem (BRKM5) em garantia, devem dar mais prazo para a empresa vender a fatia na petroquímica e pagar as instituições financeiras, segundo apurou a Agência TradeMap com uma pessoa com conhecimento do assunto.

As ações da Braskem foram dadas como garantia aos bancos Santander (SANB11), Banco do Brasil (BBAS3), BNDES, Bradesco (BBDC4) e Itaú Unibanco (ITUB4) em troca de empréstimos que somam atualmente cerca de R$ 14 bilhões, feitos pelas instituições financeiras a empresas do Grupo Odebrecht.

As ações foram cedidas primeiramente a partir da reestruturação da dívida da Atvos, empresa sucroalcooleira do grupo, e dadas em alienação fiduciária para um novo empréstimo à então Odebrecht (atual Novonor) em 2018.

O plano de recuperação judicial da Novonor, aprovado em 2020, prevê o pagamento dos credores por meio da venda de ativos, incluindo a participação de 38,3% que a companhia detém na Braskem.

No fim de novembro do ano passado, a Novonor conseguiu prorrogar por 60 dias a data para pagar os bancos credores, evitando que eles executassem as garantias e vendessem as ações da Braskem.

O prazo se esgotou no início deste ano, mas deve ser estendido por mais 60 dias pelos bancos credores, dando mais tempo para a Novonor negociar a venda da petroquímica, afirmou a fonte com conhecimento do assunto.

A gestora norte-americana Apollo, que apresentou uma proposta em 2022 para a compra de toda a Braskem, continua fazendo o processo de due dilligence na empresa.

No ano passado, a gestora fez uma proposta com um preço equivalente a R$ 47 por ação da Braskem, 124% acima do preço atual da ação ordinária da empresa, que fechou a R$ 20,99 em 23 de fevereiro.

Nesse preço, a Novonor receberia algo próximo a R$ 14,2 bilhões pela sua participação na petroquímica. O valor seria suficiente para pagar os bancos com ações da Braskem em garantia, mas sobraria quase nada para ressarcir outros credores.

A lista de interessados na Braskem também já incluiu candidatos como a holding J&F, que controla a JBS (JBSS3) e o banco Original, a Unipar (UNIP6) e o BTG Pactual (BPAC11) – este último chegou inclusive a fazer uma proposta para comprar a dívida dos bancos que têm ações da petroquímica em garantia.

O ciclo de baixa da indústria petroquímica dificulta a negociação de um preço maior pelas ações da Braskem.

O UBS BB espera uma recuperação gradual do spread – diferença entre o preço de venda do produto e o quanto custa para para fabricá-lo – dos produtos petroquímicos neste ano, mas prevê que eles permaneçam abaixo da média histórica no período de 2024 a 2026, segundo relatório divulgado há pouco mais de uma semana pelo banco.

O UBS BB rebaixou o preço estimado para a ação PNA da empresa de R$ 30 para R$ 26 para o fim deste ano e manteve recomendação neutra para o papel.

Outro ponto que terá que ser definido antes da venda é a participação da Petrobras (PETR4), afirmou a primeira fonte. A estatal detém 36,1% do capital da Braskem e o mercado espera a manifestação da nova gestão da Petrobras sobre o que fará com essa participação.

Novonor ou Americanas: qual o maior risco para os bancos?

Além dos R$ 14 bilhões com garantia em ações da Braskem, os quatro maiores bancos privados (Itaú, Santander, Bradesco e BB) tinham R$ 27,7 bilhões em créditos sem garantia para receber da Novonor, de acordo com a última lista de credores apresentada pelo administrador judicial da empresa, a Alvarez & Marsal, em setembro de 2022.

De acordo com o plano de recuperação judicial da Novonor aprovado em 2020, o pagamento dos credores quirografários, sem garantia, seria feito por meio de títulos que dão o direito à participação em dividendos e venda de ativos do grupo, o que inclui a joia da coroa, que é a participação na Braskem.

Já a dívida desses bancos com a Americanas (AMER3) soma R$ 14,7 bilhões, incluindo a posição de fundos do Itaú, segundo a última lista de credores apresentada pela varejista.

Esses empréstimos à varejista, contudo, por serem referentes principalmente a linhas de curto prazo, de risco sacado para antecipar recebíveis a fornecedores, não contam com garantias.

Além disso, o grupo Americanas não tem um grande ativo como a Braskem para vender e levantar um volume expressivo de recursos para pagar os credores.

Além das lojas de mesmo nome, a Americanas é dona da rede Hortifruti Natural da Terra e adquiriu dez empresas em cerca de dois anos, incluindo redes da marca Uni.co (Imaginarium e Puket) e a Vem Conveniência, uma joint venture com a Vibra (ex-Distribuidora).

Procurados, Braskem e bancos credores não retornaram ao pedido de entrevista até a publicação desta matéria.

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