O mês de junho de 2025 foi marcado por uma complexa combinação de fatores econômicos e políticos globais que influenciaram diretamente o desempenho dos mercados financeiros. No cenário internacional, a política monetária dos principais bancos centrais permaneceu no centro das atenções. O Banco Central Europeu (BCE) reduziu sua taxa de depósitos em 25 pontos-base, para 2,00%, buscando estimular a economia da Zona do Euro em um ambiente de inflação controlada. Já o Federal Reserve (Fed) manteve os juros entre 4,25% e 4,5% ao ano, adotando uma postura cautelosa frente a uma inflação mais resistente. Paralelamente, preocupações com a trajetória da dívida pública dos Estados Unidos, com projeções de atingir níveis históricos, aumentaram a cautela entre investidores.
No campo geopolítico, o conflito entre Israel e Irã, apesar do cessar-fogo, continuou gerando incertezas e trocas de acusações, o que elevou a aversão ao risco. Esse ambiente impactou especialmente ativos como o Ethereum, que mesmo liderando os retornos do mês, apresentou desaceleração em relação a maio. As tensões comerciais também seguiram no radar, com tarifas impostas pelo presidente Donald Trump influenciando os mercados globais.
No Brasil, a política monetária refletiu o foco contínuo no controle da inflação. O IPCA-15, prévia da inflação de junho, foi de 0,26%, ante 0,36% em maio, enquanto o IGP-M apresentou deflação de 1,67%. Em resposta ao cenário inflacionário, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa Selic para 15% ao ano, o maior patamar em quase duas décadas, visando preservar a estabilidade de preços.
Esse cenário, repleto de desafios e oportunidades, moldou o desempenho dos principais investimentos no mês de junho de 2025:
Maiores variações:
- Ethereum (+32,08%)
Mesmo após registrar uma desaceleração em relação ao avanço de 43,93% em maio, o Ethereum liderou o ranking de rentabilidade em junho. A redução no ritmo de valorização pode ser atribuída à persistente aversão ao risco causada pelo conflito entre Israel e Irã. Com o cessar-fogo anunciado, a criptomoeda conseguiu manter certa estabilidade. O desempenho positivo foi impulsionado por atualizações na rede Ethereum, voltadas para aprimorar a segurança e a eficiência das transações, o que gerou um forte sentimento de otimismo entre investidores. Além disso, no dia 16 de junho, a B3 passou a negociar contratos futuros de criptomoedas, incluindo o contrato de Ethereum, identificado pelo código ETR, o que representa um passo importante para a institucionalização dos ativos digitais no Brasil.
- Nasdaq Composite (+16,76%)
O índice Nasdaq Composite, composto por mais de 3.000 empresas listadas na bolsa americana, obteve um desempenho expressivo no mês. Após o impacto inicial negativo provocado pela imposição de tarifas comerciais por Donald Trump, o índice reverteu o movimento e acumulou mais de 15% de alta desde o anúncio em 2 de abril. O principal motor dessa recuperação foi o setor de tecnologia, que respondeu positivamente ao ambiente de expectativa por cortes nos juros americanos, diante de sinais de inflação mais controlada. O movimento evidenciou a resiliência das big techs e a atratividade de empresas com forte perfil de inovação.
- S&P 500 (+10,72%)
O índice S&P 500, que reúne as 500 maiores empresas listadas nas bolsas americanas, também apresentou forte valorização em junho. A alta foi sustentada por resultados corporativos sólidos, com diversas companhias superando as estimativas de lucro. A economia americana mostrou sinais de vigor, com dados positivos de emprego e consumo, o que reforçou o sentimento de confiança do mercado. Além disso, o aumento das apostas em cortes futuros na taxa de juros por parte do Fed contribuiu para fortalecer o otimismo dos investidores.
- Nikkei 225 (+10,53%)
O principal índice da Bolsa de Valores de Tóquio, o Nikkei 225, também se destacou com uma alta significativa. O desempenho foi influenciado por fatores externos, como os recentes acordos comerciais envolvendo os Estados Unidos e a diminuição das tensões geopolíticas com o cessar-fogo no Oriente Médio. Internamente, ações do setor de tecnologia impulsionaram o índice, especialmente após os ganhos recordes da Nvidia em Wall Street, que voltou a ser a empresa mais valiosa do mundo em 25 de junho. O efeito de contágio positivo se refletiu diretamente no mercado japonês.
- MSCI Global (+10,14%)
O MSCI Global, índice que acompanha o desempenho de mercados desenvolvidos e emergentes, registrou uma valorização de 10,14% no mês. O resultado reflete uma recuperação generalizada dos mercados, beneficiada por maior estabilidade política, acordos comerciais relevantes e retomada da confiança em diversas economias. O alívio nas tensões e o otimismo com a condução das políticas econômicas contribuíram para o movimento de alta em vários setores.
Menores variações:
- Ouro (-4,15%)
Tradicionalmente considerado um ativo de proteção, o ouro registrou queda de 4,15% no mês. A valorização das bolsas de valores e o aumento do apetite por risco levaram investidores a migrarem para ativos com maior potencial de retorno. Além disso, o ambiente de juros elevados aumentou a atratividade dos títulos de renda fixa, reduzindo a demanda por ativos defensivos como o ouro.
- Dólar Ptax (-3,60%)
O dólar continuou em trajetória de enfraquecimento em junho, acumulando queda de 3,60%. Entre os principais fatores estão a política econômica do governo Trump, o aumento significativo da dívida pública americana, as expectativas de cortes na taxa de juros pelo Fed e o movimento de realocação cambial de investidores, que têm buscado proteção em outras moedas ou reduzido sua exposição direta ao dólar.
- Euro (-0,04%)
A moeda europeia teve uma leve desvalorização de 0,04% no mês. O corte na taxa de juros pelo BCE para 2% contribuiu para tornar o euro menos atrativo frente a outras moedas de países que mantêm políticas monetárias mais restritivas. A combinação de crescimento modesto na Zona do Euro e expectativas de juros baixos impactou negativamente o desempenho da moeda.
Em resumo, junho de 2025 foi marcado por um ambiente global desafiador, com decisões de política monetária, tensões geopolíticas e incertezas fiscais moldando o comportamento dos mercados. Apesar dos riscos, ativos como Ethereum e índices acionários globais apresentaram forte desempenho, refletindo otimismo em setores específicos e expectativa por estímulos econômicos. Já investimentos mais conservadores e ativos tradicionais de proteção, como ouro e dólar, registraram perdas, evidenciando uma maior inclinação dos investidores ao risco diante do cenário macroeconômico.
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