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Do melhor ao pior: os setores e as ações de destaque para 2022

A contração da política monetária, com o desemprego ainda em alto patamar, é a vilã da economia

Fonte: Pixabay

A economia brasileira em 2022 está em risco. O preço da recessão contida em 2020, abastecida pela Selic na mínima histórica em meio à chegada da pandemia, foi a inflação galopante deste ano e as dúvidas acerca do ano que vem. Setores e ações reagirão de maneiras distintas. 

Em relatório divulgado em outubro, o Itaú (ITUB4) passou a prever uma nova recessão brasileira em 2022. A contração da política monetária, com o desemprego ainda em alto patamar, é a vilã da economia neste momento, segundo a instituição, o que pesa sobre as ações em Bolsa. 

Alguns setores representativos na Bolsa de Valores brasileira têm motivos para se preocupar. As empresas que dependem de uma atividade econômica pujante e desemprego em níveis comportados podem passar por meses desafiadores, sendo destaque do ponto de vista negativo. 

Por outro lado, outros segmentos possuem crescimento contratado para os próximos trimestres. Sejam ligadas a economias externas ou atividades internas com um oceano azul à frente, algumas companhias enxergam 2022 como uma grande oportunidade. 

Economia em segundo plano: as ações de empresas em alta

Agronegócio

Embora o viés seja positivo, o agronegócio passa por incertezas para o ano que vem. A desaceleração econômica, dúvidas quanto ao crescimento chinês e disparada dos custos de produção pressionam os números do segmento.

Mesmo assim, com a previsão de que o Produto Interno Bruto (PIB) do País mal saia do lugar em 2022, o agro ainda crescerá. 

Segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a expectativa é de crescimento em torno de 3% a 5%, com a agropecuária liderando os ganhos, após um avanço de mais de 9% neste ano.

A previsão é de que 2022 também tenha uma safra de grãos recorde de 289 milhões de toneladas, 14% acima do registrado neste ano. De acordo com a CNA, este ano foi marcado por problemas climáticos que não devem se repetir no ano que vem. 

Nesse sentido, JBS (JBSS3) e Raízen (RAIZ4) devem estar entre as beneficiadas pela resiliência do setor, com a tradicional blindagem ante o restante da economia, e o real ainda depreciado.

A Rumo (RAIL3), a maior operadora ferroviária independente do Brasil, também pode surfar a safra de grãos. No acumulado de 2020, o valor total transportado (TKU) atingiu 62,45 bilhões, levemente acima do ano anterior. Neste ano, o crescimento deve ser superior, dando continuidade ao avanço da receita da empresa nos últimos anos. 

Fonte: TradeMap
Fonte: TradeMap

Locadoras de veículos

O setor de locação de veículos é um dos mais promissores para 2022. As companhias tendem a continuar surfando o desempenho favorável na venda de veículos seminovos, com a contínua crise dos semicondutores mundo afora.

As margens da frente de negócios, que tem sido cada vez mais representativa na receita das companhias, têm sido beneficiadas com o aquecimento do mercado secundário em função da disparada dos preços dos veículos zero ao público comum. 

No rent a car (RAC), as empresas podem observar um movimento positivo da volta do turismo local, também elevado pela aversão aos gastos em dólar no exterior. 

Do outro lado, o alto índice de desemprego pode trazer novos motoristas parceiros de e-hailing (compartilhamento de viagens por meio de viagens por aplicativo).

Além disso, o ano reserva a possível conclusão da fusão entre Localiza (RENT3) e Unidas (LCAM3). O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) recomendou remédios ao negócio, para não concentrar o mercado. A Movida (MOVI3) continua no jogo. 

Mineração e siderurgia

Esses setores passaram por fortes altos e baixos em 2021. A montanha-russa relacionada à mineração e siderurgia teve início no começo do ano, com a liquidez global ainda pujante.

A demanda por aço e, consequentemente, por minério de ferro fez com que o preço da commodity disparasse para US$ 220 a tonelada, a máxima histórica, em meados do ano. A queda, porém, também foi drástica. 

Entre o topo, atingido em maio, a R$ 118,72 e o preço atual, as ações da Vale (VALE3) caíram mais de 30% e vão fechar o ano no vermelho. Mas e daqui para frente?

A tendência é que o minério de ferro se estabilize e tenha um ano de mais equilíbrio. As recomendações para as ações da Vale ainda são positivas. 

De acordo com os dados compilados pelo Refinitiv, apresentados na plataforma do TradeMap, das 11 recomendações, sete são de compra. O preço-alvo mediano aponta para R$ 107,74, upside de 35% sobre o patamar atual. 

Fonte: TradeMap
Fonte: TradeMap

A desaceleração da economia chinesa, sobretudo do setor imobiliário, é um risco relevante, mas em situações similares o Banco Popular da China (PBOC, na sigla em inglês) tem se mostrado ativo para o reaquecimento da economia, que geralmente é acompanhado de investimentos em infraestrutura.

Nesse sentido, também fica no radar o novo pacote de investimentos em infraestrutura do governo de Joe Biden, aprovado na ordem de US$ 1 trilhão. 

A alocação do dinheiro para estradas, pontes, transporte público, ferrovias, aeroportos, portos e hidrovias, porém, está prevista para os próximos cinco anos. A Gerdau (GGBR4), com forte operação no território americano, segue de olho.

Dependentes da economia: as empresas e setores com mais desafios

Varejo

O setor de varejo, assim como mostrou nos últimos meses de 2021, também deve passar por desafios ao longo do ano que vem. O setor é altamente pressionado pelo desemprego, inflação e taxa de juros em alta, pesando sobre o poder de compra da população. 

A atual projeção do Relatório Focus é de que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) atinja 5,03% no ano que vem, acima da margem de tolerância da meta estipulada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). 

Saiba mais: IPCA-15 sobe em dezembro e atinge maior patamar desde 2015

Enquanto isso, a taxa de desemprego vigente é de 13,2%, atingindo 13,7 milhões de pessoas. O Brasil tem a quarta maior taxa de desemprego entre a população economicamente ativa, segundo um ranking levantado pela agência de classificação de risco Austin Rating. 

Como se não bastasse, o e-commerce, após o avanço descomunal em 2020, pode continuar desacelerando. 

O Magazine Luiza (MGLU3), por exemplo, viu suas vendas desacelerarem no terceiro trimestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado. O lucro caiu quase 90%, com o crescimento mais lento das vendas no comércio eletrônico. 

Construção civil

O setor de construção civil, um dos mais representativos da economia real na Bolsa, também tem um cenário desafiador. Inclusive, as razões são similares às do varejo.

O segmento é altamente sensível à taxa de juros, desemprego, inadimplência e, sobretudo, à inflação, embora o operacional das empresas ainda se mostre resiliente.

O IMOB, índice de ações com os ativos de maior representatividade no setor imobiliário, cai três vezes mais que o Ibovespa no ano. 

Desempenho do IMOB (verde) e do Ibovespa (amarelo) nos últimos 12 meses

Fonte: TradeMap
Fonte: TradeMap

A piora dos índices de inflação, empurrando a curva de juros para cima, é uma amostra do aumento dos custos das construtoras e incorporadoras, abatendo a confiança do mercado frente às companhias. 

O resultado do terceiro trimestre das empresas foi misto. Os lançamentos continuam fortes, embora a receita líquida das empresas tenha ficado estável ou recuado, assim como a margem bruta. 

A tendência é que 2022 ainda reserve solavancos ao setor, com a concessão de crédito dificultada. 

Saúde

Antes queridinho do mercado, o setor de saúde agora passa por incertezas que entrarão no ano de 2022. 

O otimismo que fez com que novas empresas chegassem à Bolsa no começo de 2021 deu lugar a preocupações relacionadas ao recrudescimento da pandemia, alta dos custos médicos e elevação da taxa de juros, que prejudica as companhias mais alavancadas. 

No terceiro trimestre deste ano, a Rede D’Or (RDOR3), protagonista de um dos maiores IPOs da história do mercado brasileiro, realizado no fim de 2020, decepcionou a maior parte dos investidores com margens apertadas e lucro apenas estável na comparação anual. 

Em Bolsa, as empresas devem continuar batalhando contra a correção de preços, uma vez que os múltiplos ainda permanecem altos. A própria Rede D’Or, por exemplo, atualmente negocia a 52 vezes os lucros dos últimos 12 meses. 

Os investidores também seguem atentos à conclusão da combinação de negócios entre Hapvida (HAPV3) e Intermédica (GNDI3). O Cade aprovou o negócio sem restrições, após considerar o caso “complexo” anteriormente. 

Vale ressaltar que ambas as empresas são verticalizadas, atuando desde o primeiro ao último passo do cliente quando ele demanda algum atendimento. Com isso, adentrando ao cenário de planos de saúde, Hapvida e Intermédica poderão continuar testando a alta da sinistralidade, refletida na cotação das ações

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