Ibovespa: cenário de juros altos pesa e faz Totvs (TOTS3) e Magazine Luiza (MGLU3) desabarem

A semana começou para a Bolsa da mesma forma que foi nos últimos pregões. Depois de fechar a semana anterior somando perdas de 1,41%, o Ibovespa volta a operar com cautela, vendo poucas ações em alta. O cenário global de avanço na inflação e desaceleração econômica pelos lockdowns na China pressionam os mercados pelo mundo.

Às 13h15, o principal índice da B3 operava em queda de 0,82% aos 104.277 pontos. Entre os componentes do Ibovespa,  as principais quedas eram de empresas ligadas à economia interna e ao setor de tecnologia.

Na ponta mais negativa estavam Totvs (TOTS3 -6,83%), Petz (PETZ3 -5,82%). Locaweb (LWSA3 -5,40%) e Magazine Luiza (MGLU3 -5,35%).

O declínio ainda é reflexo da decisão do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) da semana passada. Na ocasião, o grupo elevou os juros pela décima vez seguida, em 1 ponto percentual, a 12,75% ao ano. É o maior patamar desde fevereiro de 2017, e o avanço deve continuar.

A alta de juros tem como objetivo frear a inflação no Brasil, mas acaba prejudicando as companhias porque diminui a atividade econômica no país. Para empresas que estão em expansão e precisam de capital e financiamento, os juros elevados são duplamente danosos, porque encarecem os empréstimos e diminuem o apelo destas companhias junto aos investidores, que passam a buscar retornos mais garantidos na renda fixa.

Dados preliminares apontam que em abril os preços subiram 1,73% em relação a março, a maior alta para o mês em 27 anos. Ainda segundo os dados preliminares, no acumulado em 12 meses, a inflação chegou a 12,03% em abril, ante 10,79% registrados até março.

Os juros também estão subindo nos Estados Unidos. Na última quarta-feira (4), o Fed (Federal Reserve, o banco central americano) anunciou um aumento de 0,5o ponto porcentual as taxas, para a faixa de 0,75% a 1,00% ao ano.

O movimento era amplamente esperado pelo mercado há pelo menos um mês, quando ficou evidente que a inflação nos EUA estava longe de perder força.

“Por trás do mau humor de investidores, seguimos encontrando preocupações com o cenário econômico de um lado e pressões inflacionárias e elevação de juros do outro”, comenta a chefe de economia da Rico Investimentos, Rachel de Sá.

Ela ainda ressalta que esse receio de uma potencial recessão nos EUA, conflito na Ucrânia sem perspectivas de acabar e lockdowns ainda vigentes na China acabam ofuscando alguns resultados positivos relativos ao primeiro trimestre do ano por aqui.

Para além das principais quedas, as ações com mais volume negociado na Bolsa, as blue chips, também caíam nesta segunda. Vale (VALE3), que sozinha representa cerca de 15% do Ibovespa, recuava 3,47%, refletindo a desaceleração econômica na China, que é grande exportadora de minério de ferro.

A commodity, inclusive, fechou o pregão da manhã na Bolsa de commodities de Dalian numa baixa de 5,78% na comparação intradia, sendo negociada a 806,50 iuanes, ou US$ 119,92.

A Petrobras (PETR4), que corresponde a 10% do Ibovespa, também recua e ajuda a pressionar a bolsa, desvalorizando 1,72% no mesmo horário e ajudando a pressionar o Ibovespa.

A companhia tomou conta do noticiário nesta segunda após anunciar um aumento de 8,8% no preço médio do diesel para suas distribuidoras. O valor passará de R$ 4,51 para R$ 4,91 por litro. A mudança passa a valer a partir desta terça-feira (10).

Esse é o primeiro reajuste da estatal sob o comando de José Mauro Coelho, que assumiu à presidência em abril, prometendo ao mercado não segurar o preço dos combustíveis.

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Poucas altas no pregão

Dentre as ações que subiam no pregão, BTG Pactual (BPAC11) liderava a lista com uma valorização de 3,01%, seguido por Engie (EGIE3) ganhando 2,42%, Ambev (ABEV3) crescendo 2,06% e Cemig (CMIG3) apontando em 1,96% para cima.

O BTG Pactual reportou seus resultados relativos ao primeiro trimestre deste ano na manhã desta segunda, e apresentou números recordes. O banco teve lucro líquido ajustado de R$ 2,1 bilhões, alta de 72% em relação ao mesmo período anterior e número recorde na história da instituição.

Em nota, o CEO do banco, Roberto Sallouti, destacou que o período serviu para mostrar uma “forte performance independentemente do cenário macro, mesmo em um ambiente desafiador”. A receita total do BTGo subiu 55,6% na mesma base comparativa, e atingiu R$ 4,35 bilhões.

A Ambev divulgou seu balanço do primeiro trimestre de 2022 na quinta-feira (5), e surpreendeu positivamente o mercado com seus números. Analistas esperavam um trimestre desafiador e com quedas nos números, impactados pela inflação.

Apesar disso, a empresa apresentou um balanço melhor que o esperado, ajudada pela volta do consumo de bebidas em bares e restaurantes e aumento do portfólio de embalagens retornáveis no início do ano. O lucro líquido da Ambev teve uma alta de 29,1% no primeiro trimestre de 2022 em relação ao mesmo período do ano anterior, chegando aos R$ 3,52 bilhões.

Em relação à JBS, o setor de frigoríficos vem sendo impactado com a desaceleração da China, que acabou travando as importações e os portos no país e prejudicando a venda de alimentos por lá. A empresa, por exemplo, acumula uma queda de quase 10% desde o início do mês.

Bolsas internacionais

Os mercados globais continuam dando sequência ao movimento de aversão ao risco enquanto investidores avaliam as consequências do aperto monetário do Federal Reserve e o avanço das medidas protetivas contra a Covid-19 na China.

Nos EUA, o mercado aguarda a divulgação dos dados da inflação ao consumidor, que ocorrerá na quarta (11), e pode dar pistas sobre próximos passos da política monetária por lá.

Na Europa, o mercado irá monitorar o Dia da Vitória na Rússia, data que marca a derrota da Alemanha Nazista para a União Soviética na Segunda Guerra Mundial. Alguns esperam que o presidente Vladimir Putin utilize o simbolismo da data para anunciar uma vitória contra a Ucrânia ou anuncie alguma medida para ampliar o conflito.

Veja como performavam os principais índices acionários pelo mundo nesta segunda: