O Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, seguiu o roteiro esperado pelos investidores e anunciou tanto o aumento na taxa de juros americana quanto medidas para começar a recolher o dinheiro que injetou na economia ao longo dos últimos anos, na tentativa de controlar a inflação no país.
Em comunicado, o Fed anunciou um aumento de 0,5o ponto porcentual nos juros americanos, para a faixa de 0,75% a 1,00% ao ano. O movimento era amplamente esperado pelo mercado há pelo menos um mês, quando ficou evidente que a inflação nos EUA estava longe de perder força.
O banco central americano também correspondeu às expectativas da maior parte dos investidores ao anunciar que vai começar em junho a diminuir o próprio balanço a um ritmo de US$ 47,5 bilhões por três meses, e depois vai aumentar gradualmente até atingir US$ 95 bilhões mensais – algo que havia sido antecipado pelo presidente da instituição, Jerome Powell, no início de abril.
Parte do mercado achava que esta redução no balanço começaria mais perto dos US$ 95 bilhões, sem os incrementos graduais.
O balanço do Fed cresceu quase ininterruptamente desde 2008, ano em que eclodiu a crise financeira mundial. Isso porque, desde aquela época, a instituição usa uma estratégia baseada na compra de títulos de dívida para fazer mais dinheiro circular.
O crescimento do balanço do Fed dá uma ideia do volume de estímulo que o banco central americano injetou na economia. Em 2008, eram US$ 914 bilhões em ativos no balanço da instituição. Agora, este volume beira os US$ 9 trilhões.
“Enxugando” dinheiro em circulação
A diminuição do balanço, na prática, significa que o Fed vai começar a “enxugar” este dinheiro extra que está em circulação, e a expectativa é de que isso acabe prejudicando a atividade econômica, que já deu sinais de enfraquecimento nos EUA no primeiro trimestre.
Especialistas, no entanto, apontavam antes do anúncio da decisão de hoje que o Fed provavelmente continuará a aumentar os juros e a reduzir o próprio balanço a despeito da possibilidade de enfraquecer a economia.
“Neste ponto, desacelerar a economia severamente ou empurrá-la para a recessão provavelmente é a única forma de encerrar o processo” de inflação elevada nos EUA, disse o Rabobank em relatório divulgado na última sexta-feira (29).